São Paulo: 3,6 milhões não foram às urnas, anularam ou votaram em branco. Analista vê "apatia democrática"
Nunes ganhou com 59% dos votos e ampla coalizão partidária
Crédito: Fernando Frazão/Agência Brasil
Soma de abstenções, votos em nulos e em branco supera o total de Ricardo Nunes, que ganhou a disputa na capital
De 18 cidades com segundo turno no estado, 13 tiveram mais de 30% de abstenção, que foi a "segunda colocada" na capital paulista
Por Vitor NuzziCompartilhe:
O segundo turno das eleições paulistanas, no domingo (27), mostrou recorde de abstenções, que chegaram a 31,54% do total. Foram mais de 2,9 milhões de eleitores que não compareceram, número maior, inclusive, que a votação de Guilherme Boulos (Psol, 2,3 milhões). Isoladamente, representaria a oitava maior cidade brasileira. Somados aos votos em branco (234,3 mil) e nulos (430,7 mil), mais de 42% do eleitorado não votou em nenhum dos candidatos. Assim, a soma de abstenções, nulos e em branco atinge 3,6 milhões. Acima do recebido pelo candidato vitorioso, Ricardo Nunes (MDB), que teve quase 3,4 milhões, 59,35% dos válidos.
Na cidade de São Paulo, a taxa de abstenção ficou um pouco acima da média estadual (31,42%). De acordo com o Tribunal Regional Eleitoral (TRE), de 15,6 milhões de aptos no segundo turno, 10,7 milhões foram efetivamente votar nos 18 municípios onde foi realizado segundo turno. Apenas na capital, votaram quase 6,4 milhões, de um um total de 9,3 milhões de eleitores. Das 18 cidades com segundo turno em São Paulo, 13 tiveram mais de 30% de abstenção. Em Ribeirão Preto, um dos maiores municípios do interior, com quase 700 mil habitantes, a taxa chegou a 37,64%. Quase 180 mil eleitores não foram votar – número que supera o total de votos do primeiro colocado (Ricardo Silva, 131,4 mil) ou do segundo (Marco Aurélio, 130,7 mil). O município com menor abstenção foi Limeira (26,31%).
Para VanDyck Silveira, CEO da Humaitá Digital e analista econômico e político no BM&C News, o dado é relevante e exige atenção. “Isso aponta para um possível desinteresse na política como um todo ou para uma resignação em relações às opções apresentadas”, afirmou, em texto publicado no Linkedin. “Tal fenômeno indica certo desapontamento e talvez até uma crise de confiança na política institucional, algo que precisa ser abordado com seriedade para evitar o aumento da apatia democrática no futuro.”
Em relação ao resultado das eleições na maior cidade do país, ele identifica “um movimento claro em direção ao centro-direita”. Assim, conclui, o eleitorado paulistano (e brasileiro, por extensão) “está cada vez mais avesso aos extremos, tanto à esquerda quanto à direita”. O que, segundo ele, também demonstra preferência por certo estilo administrativo: “Essa escolha reflete uma busca por estabilidade, gestão responsável e políticas menos ideológicas”. Os resultados mostram ainda que todas as candidaturas vitoriosas fizeram coligações, algumas bem amplas. Caso de São Paulo, com 12 legendas. Confira abaixo: