Senador diz que FBI vai atrás de democratas que fugiram do Texas para barrar votação

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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O senador americano John Cornyn, do Partido Republicano, afirmou nesta quinta-feira (7) que o FBI aceitou seu pedido para encontrar parlamentares democratas do Texas que deixaram o estado com o objetivo de impedir a votação de um novo mapa eleitoral.

Os republicanos tentam redesenhar os distritos eleitorais no estado do sul dos Estados Unidos para obter até cinco cadeiras na Câmara dos Representantes no pleito de 2026. Com o objetivo de obstruir e impedir a votação, dezenas de congressistas estaduais democratas fugiram para outros estados no domingo (3) –se tivessem ficado no Texas, a lei permitiria que a polícia estadual os prendesse e os trouxesse à força para a sede do Legislativo local.

“O diretor Kash Patel autorizou o FBI a ajudar a localizar os deputados democratas foragidos”, disse Cornyn, que disputa a reeleição ao Senado em meio a uma acirrada primária contra o procurador-geral do Texas, Ken Paxton.

O FBI não se manifestou sobre o assunto. O acionamento de agentes federais pode criar um impasse entre o governo de Donald Trump e os líderes de estados onde os democratas ausentes buscaram refúgio, como Illinois.

De qualquer maneira, abandonar o quórum não é um crime que permita às autoridades solicitar extradição dos parlamentares de um estado a outro dos EUA. O governador de Illinois, o democrata J. B. Pritzker, criticou Cornyn e disse que não há base legal para prisões. “Receberei o FBI no estado, mas não haverá detenções. Esses deputados não estão violando nenhuma lei federal”, afirmou. Ele disse também que o republicano faz “muito teatro político.”

Vários dos democratas texanos que estão em Illinois afirmaram ao jornal americano The New York Times que, até a manhã desta quinta, nenhum agente do FBI havia sido visto no hotel onde os legisladores estão hospedados, em St. Charles, a cerca de 40 quilômetros de Chicago.

O paradeiro dos legisladores texanos é amplamente conhecido, mas, pelo menos por ora, eles se consideravam protegidos contra qualquer prisão, já que estavam fora da jurisdição das autoridades do Texas.

O governador do Texas, o republicano Greg Abbott, ameaçou no início desta semana prender qualquer democrata que estivesse participando do esforço para impedir a proposta de redesenhar os distritos eleitoral.

Mais de 50 democratas do Legislativo do Texas participaram da manobra política, o que impediu os republicanos de alcançarem o quórum necessário para votar a medida, que tem apoio do presidente Donald Trump.

Na terça-feira (5), Cornyn enviou uma carta a Patel pedindo que o FBI ajudasse as autoridades locais do Texas a localizar os democratas ausentes.

Os republicanos detêm uma maioria de 219 a 212 na Câmara dos EUA, com três cadeiras ocupadas por democratas vagas após mortes e uma cadeira republicana vaga após a renúncia de um membro. Uma maioria republicana mais forte na Câmara permitiria ao presidente Trump avançar ainda mais em sua agenda.

Diferentemente do Brasil, onde eleitores em cada estado votam sem divisão geográfica interna para eleger deputados federais, membros da Câmara dos EUA são escolhidos para representar distritos específicos. Os limites territoriais desses distritos são definidos pelo legislativo de cada estado com o objetivo, em teoria, de dividir a unidade da federação em blocos com o mesmo número de eleitores.

A prática de redesenhar os mapas distritais a fim de criar maiorias artificiais e ajudar a eleger deputados que, do contrário, não venceriam a disputa é conhecida pelo termo em inglês “gerrymandering”.

Apesar de questões éticas, o gerrymandering é comum nos EUA, e ele acontece porque, no sistema bipartidário americano, eleitores raramente mudam de voto ao longo dos anos -sendo possível ao partido no poder identificar onde moram seus apoiadores e, dessa forma, diluir os eleitores do rival enquanto concentra os seus.

Os estados são obrigados a realizar o processo de redesenho dos distritos a cada dez anos, com base no Censo dos EUA, mas o mapa atual do Texas foi aprovado há apenas quatro anos pela legislatura de maioria republicana.

Líderes de estados governados por democratas como Califórnia levantaram recentemente a possibilidade de redesenhar seus próprios mapas distritais para aumentar o número de cadeiras democratas no Congresso dos EUA, em resposta à pressão de Abbott no Texas.

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