São Paulo, 29 de janeiro de 2025 – O Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano)decidiu manter as taxas de juros na faixa de 4,25%-4,5%, justificando a decisão com base em umaeconomia robusta, mercado de trabalho sólido e inflação persistente. “A linguagem do comunicadosugere um viés hawkish, indicando que cortes adicionais só ocorrerão com um enfraquecimento clarodos dados econômicos. O Fed removeu a menção de que a inflação estava progredindo em direçãoà meta de 2%, destacando que ela permanece ‘elevada’. O presidente Jerome Powell minimizou amudança, mas reforçou que o Fed não tem pressa para ajustar sua política”, afirmam osespecialistas do ING James Knightley, Padhraic Garvey e Chris Turner.
O presidente Donald Trump tem pressionado por cortes imediatos nas taxas de juros, argumentandoque a queda nos preços do petróleo justifica a medida. “No entanto, o Fed, liderado por JeromePowell, parece resistir a essa pressão, agindo de acordo com seu mandato de estabilidadeeconômica”, continuam. As projeções do Fed indicam dois cortes de juros em 2025, mas a políticaexpansionista de Trump, com cortes de impostos e tarifas, pode ser inflacionária, levando o Fed aadotar uma postura cautelosa.
A previsão inicial de três cortes de juros em 2025 foi revisada para dois, com um terceiropossível no início de 2026. “A incerteza em torno das políticas de Trump, como tarifas econtroles de imigração, amplia o leque de possíveis cenários. A inflação deve moderar nospróximos meses, mas as ameaças de tarifas comerciais podem mudar rapidamente o cenárioeconômico, mantendo o Fed em alerta”, advertem.
A inflação, embora menos severa, ainda é uma preocupação para o Fed, com a taxa básicapermanecendo acima do nível neutro. O mercado de títulos do Tesouro reagiu negativamente aocomunicado do Fed, mas a expectativa é que o Programa de Redução de Balanço (QT) termine emmeados de 2025, evitando uma contração excessiva da liquidez. O Fed evitou destacar o fim do QT,focando mais na inflação persistente.
Os analistas afirmam que o comunicado do Fed deu um leve impulso ao dólar, mas os ganhos foramlimitados e efêmeros. “O mercado de câmbio está mais atento às ameaças de tarifas comerciais deTrump contra Canadá, México e China, que podem impactar significativamente as taxas de câmbio.Tarifas, e não diferenciais de taxas de juros, são agora o principal motor do mercado de câmbio,com o dólar se beneficiando da incerteza comercial”, concluem.
Vanessa Zampronho / Safras News
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