São Paulo, 24 de novembro de 2025 – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou, neste domingo(23), que o acordo de livre comércio entre o Mercosul e a União Europeia (UE) será assinado em 20de dezembro. As informações são da Agência Brasil.
Neste semestre, o Brasil está na presidência do bloco sul-americano e Lula colocou como prioridadea finalização do acordo com os europeus.
É um acordo que envolve praticamente 722 milhões de habitantes e US$ 22 trilhões de ProdutoInterno Bruto (PIB). É uma coisa extremamente importante, possivelmente seja o maior acordocomercial do mundo. E aí, depois que assinar o acordo, vai ter ainda muita tarefa para a gentepoder começar a usufruir das benesses desse acordo, mas vai ser assinado, acrescentou.
Lula concedeu entrevista à imprensa em Joanesburgo, na África do Sul, onde participou da Cúpulade Líderes do G20 grupos das maiores economias do mundo.
A União Europeia e o bloco formado pela Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai completaram asnegociações sobre o acordo em dezembro passado, cerca de 25 anos após o início dasconversações. Serão firmados dois textos: o primeiro de natureza econômica-comercial, que é devigência provisória, e um acordo completo.
Em setembro, eles foram submetidos formalmente pela Comissão Europeia ao Parlamento Europeu e aosestados-membros do bloco europeu. O Parlamento Europeu precisa aprovar com votos favoráveis de 50%dos deputados mais um, o que pode ter resistências de países como a França, que questionam termosdo acordo.
Além disso, pelo menos 15 dos 27 países precisam ratificar o texto, representando pelo menos 65 população total da União Europeia, o que pode levar vários anos. Quando o acordo completoentrar em vigor, ele substituirá o acordo comercial provisório.
Os países do Mercosul precisam fazer o mesmo e submeter o documento final aos seus parlamentares,mas a entrada em vigor é individual, ou seja, não é preciso esperar a aprovação dos parlamentosdos quatro estados-membros.
Protecionismo
A França, o maior produtor de carne bovina da EU, classificou o acordo como “inaceitável” dizendoque não leva em consideração exigências ambientais na produção agrícola e industrial. Opresidente Lula rebateu, afirmando que a França é protecionista sobre seus interesses agrícolas.
Agricultores europeus já protestaram várias vezes, dizendo que o acordo levaria a importaçõesbaratas de commodities sul-americanas, principalmente carne bovina, que não atendem aos padrões desegurança alimentar e ecológicos da UE. A Comissão Europeia negou que esse seja o caso.
O Brasil defende que qualquer regulamento sobre salvaguardas que seja adotado internamente pelaUnião Europeia esteja em plena conformidade com o espírito e os termos pactuados no acordo.
A comissão e os proponentes, como a Alemanha e a Espanha, afirmam que o acordo oferece uma maneirade compensar a perda de comércio devido às tarifas impostas por Donald Trump e de reduzir adependência da China, principalmente em relação a minerais essenciais.
Os defensores do acordo na União Europeia veem o Mercosul como um mercado crescente para carros,máquinas e produtos químicos europeus e uma fonte confiável de minerais essenciais para suatransição verde, como o lítio metálico para baterias, do qual a Europa agora depende da China.Eles também apontam para os benefícios agrícolas, já que o acordo ofereceria maior acesso etarifas mais baixas para queijos, presunto e vinho da UE.
Agenda
Durante a entrevista à imprensa, Lula esclareceu ainda que a assinatura do acordo deve ocorrer emBrasília, quando haverá a Cúpula de Líderes do Mercosul, em 20 de dezembro, em Foz do Iguaçu.
Segundo ele, nesta data, o presidente do Paraguai não poderá estar presente, então a reunião dealto nível deve ser realizada no início de janeiro, em Foz do Iguaçu (PR), na região datríplice fronteira entre Brasil, Paraguai e Argentina.
Possivelmente a gente marque a reunião do Mercosul para o começo de janeiro e assine [o acordo] nodia 20 de dezembro, disse.
Com informações da agência de notícias Reuters