[AGÊNCIA DC NEWS]. Apesar da crescente em investimentos no e-commerce, a venda direta segue com grande vazão. Segundo dados da Federação Mundial das Associações de Vendas Diretas (WFDSA) veiculados em parceria com a Associação Brasileira de Empresas de Vendas Diretas (Abevd), o Brasil continua na sétima colocação no ranking global de faturamento em vendas diretas e na primeira posição na América Latina, com total equivalente a US$ 8 bilhões – o líder global são os Estados Unidos, com US$ 36,6 bilhões – em 2023. No mercado nacional, de acordo com a Abevd, Cosméticos & Cuidados Pessoais é o setor que lidera com folga o segmento, respondendo por 43% do total, seguido de longe por Roupas & Acessórios (18%) e Saúde & Nutrição (10%).
Apesar do vigor, o mercado global caiu desde 2021, mas já voltou a estar levemente acima do nível pré-pandemia (2019). Para Adriana Colloca, presidente-executiva da Abevd desde 2018, os avanços dos canais digitais não são uma ameaça, mas sim a ampliação da experiência das vendas diretas, que conseguuem se modernizar sem perder a essência reforçando a relevância do omnichannel. “A venda direta evolui com a sociedade e o comportamento, por isso o e-commerce vem somar”, disse.
Segundo a associação, quatro a cada cinco revendedores utilizam aplicativos de mensagens e 71,3% usam redes sociais para atender o consumidor final. Quanto a gênero, as mulheres lideram, representando 60% dos 3,5 milhões dos trabalhadores envolvidos com venda direta no país. Outro ponto relevante é que se trata de um universo jovem, já que 49,5% têm entre 18 e 29 anos. A seguir, entrevista de Adriana Colloca à Agência DC NEWS.
AGÊNCIA DC NEWS – Mesmo com o e-commerce em alta, as vendas diretas ainda têm grande impacto. Por quê?
Adriana Colloca – A venda direta se mantém relevante pois é uma venda por recomendação, por influência. E isso, apesar de antigo, está mais na moda que nunca. Envolve confiança e proximidade que estabelece com o cliente, algo difícil de replicar apenas no e-commerce. Atualmente, as pessoas valorizam muito as indicações e recomendações pessoais e o contato direto com o produto. Além disso, ela oferece flexibilidade tanto para quem compra quanto para o empreendedor, que pode adaptar rotina, horários e preços. É uma combinação que atrai e fideliza o público.
AGÊNCIA DC NEWS – De toda forma, o avanço do e-commerce traz algumas mudanças. Quais?
Adriana Colloca – O e-commerce trouxe novas possibilidades, principalmente pela digitalização dos processos. Hoje, o revendedor consegue usar redes sociais e aplicativos para divulgar produtos, criar um vínculo mais ágil e acessível com os clientes e até aumentar a sua rede de relacionamento e contatos. A venda direta evolui com a sociedade e o comportamento [das pessoas]. O e-commerce vem somar como mais uma ferramenta. Esse avanço das possibilidades complementa o modelo de venda direta, tornando-a mais prática e conectada, o que fortalece a experiência de compra.
AGÊNCIA DC NEWS – O que gera ainda mais oportunidades com o avanço do omnichannel…
Adriana Colloca – Sem dúvida. A venda direta se integra perfeitamente com estratégias omnichannel, combinando o valor do relacionamento pessoal com a conveniência dos canais digitais. Tradicionalmente, a venda direta se baseava no contato presencial entre o revendedor e o cliente, mas com a inclusão de canais digitais, essa experiência se modernizou sem perder a essência. A combinação dos canais permite uma experiência mais completa e personalizada para cada consumidor.
AGÊNCIA DC NEWS – Como está o cenário global e no que o Brasil se diferencia?
Adriana Colloca – A venda direta cresce de forma global, mas cada mercado tem suas características. No caso brasileiro, acreditamos que a tendência é que atividades ligadas ao empreendedorismo tendem a crescer muito, considerando que existem cada vez menos oportunidades de trabalho com carteira assinada. Além disso, há o desejo de flexibilidade no trabalho, principalmente entre jovens, que estão em busca de um modelo que se adequa ao seu estilo de vida. No Brasil, a cultura empreendedora e o valor atribuído ao atendimento próximo são fatores determinantes. Com a possibilidade de fazer venda direta de forma digital, sem limites geográficos, o modelo vem muito ao encontro dos desejos dos jovens, como uma possibilidade de empreender com custo baixo e praticamente sem risco.