São Paulo, 28 de janeiro de 2025 – Em meio às notícias especulativas sobre as reuniões entre apresidente da Petrobras, Magda Chambriard, e seu acionista controlador, o governo federal,representado pelo presidente Lula e seus ministros, os analistas comentam sobre a possibilidade deanúncios de reajustes no preços da Petrobras, que se encontram abaixo da paridade de importação(PPI) em -7% e -17% na gasolina e do diesel nos polos da companhia, segundo o acompanhamento diárioda Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom), nesta terça-feira. Apolítica do PPI foi oficialmente extinta em maio de 2023 pelo ex-presidente da estatal, Jean PaulPrates.
Além disso, a companhia também informou hoje (28) o alcance da meta de produção em 2024 dentrodo ultimo plano estratégico, de 2,7 milhões de barris por dia.
Em comentário sobre a notícia da Folha de S. Paulo de que a Petrobras deverá reajustar o preçodo diesel nas próximas semanas e que a gasolina não sofrerá alta, informação que supostamenteteria sido dada pela chefe da petroleira, ao presidente Lula, nesta segunda (27), segundo relatossobre a reunião ocorrida no Palácio do Planalto, o Santander avalia o aumento potencial nospreços do diesel como positivo para a companhia. Segundo a análise, o aumento “restaura alucratividade do seu segmento de refino” e “melhora a confiança dos investidores na Petrobras, bemcomo a percepção dos procedimentos de governança da empresa e sua estratégia comercial/políticade preços de combustível.”
“Com base nos preços atuais, acreditamos que a Petrobras poderia aumentar os preços do diesel em4% para recuperar seu crack spread para um nível mais próximo da média histórica (US$ 18/bblatualmente vs. USGC em US$ 25/bbl e média histórica de US$ 22/bbl). Em nossa visão, issoreduziria significativamente o desconto atual para os preços de paridade de importação (PPI) nodiesel, que atualmente está em 13% (vs. 20% há uma semana e ~5% em 2024, de acordo com nossoscálculos). Quanto à gasolina, vemos a Petrobras vendendo atualmente no mercado doméstico com umdesconto de 10% em relação ao PPI (vs. ~12% há uma semana e ~8% em 2024), com um crack spreadpositivo de ~US$ 5/bbl (vs. USGC em ~US$ 6/bbl e média histórica em US$ 10/bbl)”, escrevem RodrigoAlmeida e Eduardo Muniz.
O Santander reitera a classificação de compra para a Petrobras, a sua principal escolha do bancoespanhol da América Latina, diante do FCF e da resiliência de dividendos da empresa que sedestacam em seu universo de cobertura e na expectativa de que uma rodada de aumentos nos preços doscombustíveis atuará como um importante impulsionador positivo para as ações antes dos resultadosdo 4T24. O Santander prevê um redimento de dividendos de 13% para 2025, assumindo Brent de US$70/bbl para, com um potencial de 15-17% ao considerar ~US$ 75-80/bbl.
Para a Genial Investimentos, o mercado deve reagir bem ao anúncio do reajuste, ainda que nãooficial. “Desde 2023, a Petrobras tem reajustado poucas vezes o preço dos combustíveis. Com oinício do ano e alterações significativas no preço do barril, o mercado provavelmente jáaguardava algum reajuste, colocando também em conta um delay para a sua realização.Historicamente, o preço dos combustíveis tem sido reajustado pela Petrobras quando estãopróximos a uma defasagem de ~20%. Resta agora esperar o nível de reajuste a ser anunciado e o seutiming. Quanto ao alcance da meta de produção em 2024, esperamos reações neutras, dado que omercado provavelmente já precificava essa produção”, comentam os analistas, que temrecomendação “manter” para a ação preferencial da Petrobras (PETR4), com preço-alvo de R$48,00.
O BTG Pactual atualiza os cálculos de faixas de preço de combustíveis para a Petrobras, queaponta que os preços do diesel e da gasolina estão atualmente 11% e 8% abaixo do PPI,respectivamente, contra 18% e 12% na semana passada, e vê a estratégia comercial da empresa sendoimpulsionada por tendências de média móvel em vez de simplesmente preços spot. “Olhando para umamédia móvel de 12 meses, os preços da gasolina estão acima de seu custo de oportunidade (preçosde exportação – PPE), enquanto os preços do diesel estão pairando perto da extremidade superiorda faixa (paridade de importação – PPI)”, diz a análise do BTG.
Em relação à reunião entre a CEO da Petrobras e o presidente Lula, o BTG comenta que, embora apauta específica seja desconhecida, é razoável inferir que ela pode estar relacionada àspressões que os recentes aumentos do preço do petróleo colocaram sobre os preços doscombustíveis e a potencial necessidade de ajustes em algum momento. “Em última análise,acreditamos que, embora não haja urgência, a Petrobras ajustará os preços se houver qualquerrisco de escassez de oferta e/ou se os preços permanecerem significativamente descontados por umperíodo prolongado”, comentam os analistas Luiz Carvalho, Pedro Soares, Henrique Pérez, DanielGuardiola, Juan José Muñoz e Alvaro Leyva, em relatório a clientes.
O BTG cita que a Petrobras continua sendo a sua principal escolha no setor, apoiada por umaavaliação descontada em relação aos pares, crescimento de produção contratado, lucratividademelhorada e um rendimento de dividendos atraente de 12-18%. Além disso, os riscos de fusões eaquisições agressivas ou impacto de capital significativamente maior parecem limitados,reforçando ainda mais a sua perspectiva positiva sobre as ações da Petrobras.
Em relação à decisão da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP),anunciada ontem (27) pela Petrobras, de unificar os campos de Berbigão e Sururu em um únicocluster, que contrasta com a interpretação da Petrobras de que a área compreende seis camposdistintos, os analistas ressaltam que os campos no Brasil produzindo mais de 30 kb por dia estãosujeitos a um imposto de Participação Especial adicional e, assim, essa unificação pode aumentaras obrigações fiscais da Petrobras. “Embora o impacto financeiro exato permaneça sob avaliação,ele pode resultar em provisões para desembolsos futuros. Dito isso, não prevemos uma reaçãonegativa nas ações da Petrobras, pois é improvável que o impacto afete a capacidade da empresade sustentar seus pagamentos de dividendos até 2025 e depois”, opinam.
Em relação à notícia do “Valor” de que Lula discute investimentos da Petrobras em momento queestatal defende reajuste de diesel, segundo fontes, a corretora Ativa pontua que, no que tange aoreajuste no diesel, segundo a Abicom, existe uma defasagem que ronda os 20% no produto que o Brasilimporta cerca de 1/4 do que consome. “Assim, classificamos a execução de um repasse como prudentee veríamos o movimento como positivo para as ações de Petrobras (PETR4/PETR3).”
A Ativa acredita que o repasse, se realmente ocorrer, será comedido e não englobará a defasagematual total. “Ao efetuar o repasse, a companhia sinalizaria aos participantes do mercado seucompromisso com a atual política de preços, bem como com a funcionalidade do mercado. Lembramosque a falta de funcionalidade que permita uma participação saudável de importadores neste mercadopoderia fazer o problema extrapolar o tema inflação e causar problemas ainda maiores ao país,como a escassez de produtos, sobretudo em regiões mais afastadas”, comenta a Ativa.
Do ponto de vista da governança corporativa, a Ativa acrescenta ainda que a execução da políticade preços da companhia é de competência de sua diretoria executiva. “Já havíamos comentado quevíamos de forma negativa a ocorrência de reunião do governo com o conselho no próximo dia 29 deforma a pressionar este a não reajustar os preços de derivados no país. A ocorrência de reuniãoentre o presidente do país e a CEO da companhia mostra que o tema extrapola as rédeas dadiretoria, o que por si só, contribui para justificar o deságio que o papel roda perante os pares,sobretudo os ocidentais”, complementa.
Em relação ao anúncio de que a Petrobras cumpriu inteiramente sua meta de produção em 2024, aAtiva acredita que este ponto não trará implicações ao papel, uma vez que o mercado já esperavaeste resultado. “Achamos ainda que, em 2025, com a companhia adicionando novos ativos produtivos ecom o Ibama atuando de forma mais dinâmica na concessão de anuências e licenças, a meta poderáser batida com ainda mais conforto”, finaliza.
A Ativa tem recomendação “neutra” para PETR4, com preço-alvo de R$ 44,00.
O Itaú BBA comenta que a discussão sobre um potencial ajuste de preço tem sido o tema principalem suas interações com investidores e que, se a notícia for confirmada, acredita que a açãopode reagir positivamente.
Por volta de 12h49 (horário de Brasília), as ações da Petrobras (PETR3; PETR4) operavam em baixade 1,2% e 0,4%, a R$ 40,5 e R$ 37,03.
Cynara Escobar – cynara.escobar@cma.com.br (Safras News)
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