São Paulo, 6 de março de 2025 – A estatal mexicana Pemex está em negociações com potenciaiscompradores na Ásia, incluindo a China, e na Europa, em busca de mercados alternativos para seupetróleo após o presidente dos EUA, Donald Trump, impor tarifas sobre as importações. Um altofuncionário do governo mexicano, que falou sob condição de anonimato à agência Reuters,confirmou que a empresa está explorando novas oportunidades comerciais fora dos EUA. Trumpimplementou tarifas de 25% sobre produtos do México e Canadá, com exceção do petróleocanadense, que recebeu uma taxa menor de 10%.
No ano passado, a Pemex exportou 806 mil barris por dia (bpd) de petróleo, dos quais 57% forampara os EUA. Em janeiro, as exportações caíram 44% em relação ao ano anterior, atingindo532,404 mil bpd, o menor nível em décadas. Embora o México já envie parte de seu petróleo paraEuropa e Ásia, especialmente para India e Coreia do Sul, os EUA continuam sendo o principal destinodas exportações de petróleo pesado Maya, o carro-chefe da Pemex.
O funcionário do governo destacou que há “apetite” pelo petróleo mexicano em mercados comoEuropa, India e Ásia, onde há demanda por petróleo pesado. Ele também mencionou que compradoreschineses demonstraram “muito interesse” nas conversas iniciais. Fontes da PMI ComercioInternacional, braço comercial da Pemex, confirmaram que China, India, Coreia do Sul e até Japãosão mercados adequados para o petróleo mexicano, apesar dos custos mais altos de transporte. Umdos traders destacou que apenas a Ásia tem capacidade para processar o volume que deixará de serenviado aos EUA, devido ao tipo de refinarias presentes na região.
A Pemex descartou oferecer descontos para clientes dos EUA, apesar das tarifas. O funcionáriodo governo afirmou que, após a expiração dos contratos atuais com compradores americanos nestemês, os carregamentos provavelmente serão redirecionados para Ásia e Europa. Fontes da PMItambém confirmaram que não há planos de aplicar descontos para tornar as exportações maiscompetitivas.
O México é um grande produtor de petróleo, mas a produção de seus campos mais antigos,principalmente no Golfo do México, caiu para o nível mais baixo em mais de quatro décadas. Osistema de refino doméstico, já debilitado, e o atraso na inauguração da nova refinaria Olmeca,com capacidade de 340 mil bpd no porto de Dos Bocas, forçaram o país a exportar petróleo brutoenquanto importa gasolina e diesel, principalmente dos EUA. Sem investimentos significativos emexploração e produção, o México pode até precisar importar petróleo no futuro para alimentarsua capacidade de refino expandida, uma reversão que antes parecia impensável.
Vanessa Zampronho / Safras News
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