SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Aviação brasileira sobe em ranking, apoia de Mercadante a corte de gastos e outros destaques do mercado nesta terça-feira (29).
**VOOS EM ALTA, AÉREAS EM CRISE**
O Brasil subiu uma posição e agora é o quarto maior mercado de voos domésticos do mundo, representando 1,2% do total global. Os dados são da Iata (Associação Internacional de Transportes Aéreos).
A aviação comercial brasileira teve o melhor mês de setembro da história, segundo o Ministério de Portos e Aeroportos.
Foram quase 10 milhões de passageiros, volume 5,7% maior ao do mesmo período de 2023. Os domésticos bateram o recorde para o mês: 7,9 milhões de pessoas.
OS MAIORES MERCADOS DE AVIAÇÃO DOMÉSTICA
(Em % do total global)
1. Estados Unidos: 15%
2. China: 11%
3. Índia: 1,8%
4. Brasil: 1,2%
5. Japão: 1,1%
_Fonte: Iata_
EM RECUPERAÇÃO
Os números reforçam a retomada do mercado doméstico após a pandemia.
A demanda em 2024 está quase alcançando a registrada no mesmo período em 2019, quando foram transportados 93,8 milhões de passageiros, segundo a Abear (Associação Brasileira das Empresas Aéreas).
Especialistas apontam o aumento do interesse por destinos menos explorados dentro do Brasil.
O estado do Pará liderou o crescimento, com aumento de 17% na oferta de assentos, conforme relatório da ForwardKeys.
Outro fator decisivo foi a melhoria dos aeroportos. Segundo a Abear, a capacidade aumentou 6% em relação ao pré-pandemia.
MAIS OBRAS A CAMINHO
A Folha de S.Paulo revelou recentemente que o governo federal planeja conceder 51 aeroportos regionais no início de 2025.
A estratégia é atrair empresas que já administram grandes terminais.
Sim, mas As três principais companhias aéreas seguem com desafios financeiros. Azul, Latam e Gol estão pressionadas por dívidas acumuladas durante a pandemia.
O governo federal e a Câmara dos Deputados autorizaram recentemente o uso de até R$ 4 bilhões do Fundo Nacional de Aviação Civil (Fnac) para empréstimos às empresas.
A Latam entrou em recuperação judicial em 2020 e saiu em 2022. A Gol iniciou seu processo nos Estados Unidos este ano, e tem dívidas estimadas em US$ 8,3 bilhões (R$ 47,4 bilhões).
CENÁRIO MAIS POSITIVO
É o da Azul, que conseguiu nesta segunda (28) um financiamento de até US$ 500 milhões (R$ 2,85 bilhões) com seus credores.
A captação era amplamente esperada para evitar a recuperação judicial. Ela levou as ações da companhia a dispararem 14% na Bolsa, depois de fortes quedas na última semana.
O CEO da Azul, John Rodgerson, disse à Folha de S.Paulo que o financiamento irá fortalecer o caixa e facilitar uma possível fusão com a Gol.
Desde o início da recuperação judicial da concorrente, a Azul mostra interesse na fusão. A junção ajudaria a viabilizar o futuro dos negócios.
Há riscos, porém, de concentração, já que cada uma tem 30% do mercado, atrás da Latam, com 40%. O próprio Cade aponta que as passagens podem subir.
**MERCADANTE FAZ CORO A TEBET E HADDAD**
Um dos fundadores do Partido dos Trabalhadores, Aloizio Mercadante defendeu nesta segunda-feira (28) a agenda de revisão de gastos dos ministros Fernando Haddad (Fazenda) e Simone Tebet (Planejamento).
O presidente do BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social) disse que o Brasil precisa cortar gastos para reverter as expectativas negativas.
A incerteza com o futuro das contas públicas nos últimos meses é apontada como um dos motivos para alta do dólar, dos juros e das previsões de inflação acima do teto da meta.
À ESPERA
Tebet e Haddad revelaram nas últimas semanas que têm diversas opções na mesa, para então o presidente Lula decidir qual gasto será ajustado.
Agentes do mercado financeiro tratam esta semana como decisiva. Segundo a ministra, o governo pretende divulgar o pacote depois do segundo turno das eleições municipais, que aconteceu neste domingo (27).
Entre as opções estão mudanças no seguro-desemprego, no BPC, no crescimento automático das despesas de saúde e educação.
Alterações na correção do salário mínimo estariam “interditadas” por Lula, nas palavras de Tebet.
COM ESPERANÇA
Mercadante também disse que o governo tem condições de atingir o grau de investimento neste mandato.
No início do mês, a agência de classificação de risco Moody’s elevou a nota de crédito do Brasil, deixando o país a um degrau do patamar, que atesta a segurança para se investir nos países.
**PRECONCEITO NUCLEAR**
O presidente da Eletronuclear, estatal que administra as usinas Angra 1 e 2, tem feito uma enfática defesa da conclusão de Angra 3.
Em entrevista à repórter Alexa Salomão, Raul Leite afirma que o custo da retomada é razoável e que há preconceito com a energia nuclear no Brasil.
EM NÚMEROS
Estudos oficiais, que devem embasar uma decisão do governo ainda este ano, estimam custo de R$ 23 bilhões. Desistir da obra exigiria quase isso: R$ 21 bilhões.
A construção de Angra 3 começou nos anos 80, foi interrompida e retomada em 2009. Em 2015, parou mais uma vez.
Com o custo bilionário, a tarifa aos consumidores pode ficar em R$ 653 o megawatt-hora, quase o dobro do preço cobrado na produção de Angra 1 e 2.
A Eletronuclear alega que é mais barato que o preço praticado por muitas térmicas. Segundo o presidente da estatal, o custo se justifica porque a geração nuclear é estável, sem oscilações ao longo do ano ou do dia.
Na seca dos últimos meses, a geração baixa nas hidrelétricas e a intermitência das fontes eólica e solar colocou o governo em alerta, alimentando discussões sobre investimentos na geração de energia.
SEGURANÇA
Quanto ao risco de acidentes, que já atingiram países como os Estados Unidos, o Japão e a antiga União Soviética, Leite argumenta que nenhum material contaminado jamais saiu das usinas e que a radiação local é mais baixa que num avião.
A SAÍDA DA ELETROBRAS
Privatizada na gestão Bolsonaro, a gigante Eletrobras quer abrir mão das ações que detém na Eletronuclear num acordo com o governo Lula.
A companhia acredita que poderia ser melhor avaliada por investidores se não tivesse uma fatia da estatal.
Na entrevista à Folha de S.Paulo, Raul Leite afirma que a Eletronuclear não pode deixar a sociedade sem cumprir com suas obrigações, como aportes financeiros na obra de Angra 3.
A Eletrobras tem 35,9% das ações da empresa, enquanto a União tem 64,1%.
INTERESSE DO GOVERNO
Se conseguir entregar as ações, a Eletrobras deve retribuir ao Palácio do Planalto com a redistribuição das cadeiras no seu Conselho.
Crítico da privatização, o governo Lula tenta obter mais voz nas decisões da companhia de energia.
**O QUE MAIS VOCÊ PRECISA SABER**
UNIÃO EUROPEIA
VW vai demitir milhares e fechar ao menos 3 fábricas na Alemanha. Conselho de funcionários diz que empresa, em crise, vai encolher por toda a Europa e cortar salários.
MERCADO
Leilão da Rota do Zebu, em MG, recebe duas propostas de estreantes no setor. Banco BTG e fundo de investimentos Kinea disputam gestão de contrato que prevê R$ 8,5 bilhões em investimentos e manutenção.