Bolsa se recupera e fecha em leve alta digerindo mudanças do IOF; na semana cai mais de 1%

Uma image de notas de 20 reais

Crédito: Bruno Peres/Agência Brasil

Corrige a máxima de pontuação do dia

São Paulo, 23 de maio de 2025 – Após o estresse em torno do aumento do Imposto sobreOperações Financeiras (IOF) e recuo do governo, a Bolsa conseguiu fechar em leve alta, na máximado dia-137.824,29 pontos- com o mercado digerindo todo esse movimento das medidas do governo. Nointerdiário atingiu a mínima de 134.997,30 pontos. Na semana, o Ibovespa caiu 1,29%

Mais cedo, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou mudanças nas operações deinvestimentos de fundos nacionais no exterior de 3,5% para alíquota zero.Segundo o ministro, as taxas foram equalizadas. “Valia a pena fazer a mudança para evitarespeculações, afirmou o ministro.

O principal índice da B3 subiu 0,40%, aos 137.824,29 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento emjunho subiu %1,84, aos 138.905 pontos. O giro financeiro foi de R$ 20,7 bilhões. Em Nova York, osíndices fecharam em queda.

Felipe SantAnna, especialista em mercado financeiro do grupo Axia Investing, explicou que “o mercadofuturo sobe [+de 1,5%] muito mais que o [mercado] à vista, porque ontem ele também caiu fortedepois do fechamento das ações. É um movimento de ajuste em plena sexta-feira. O recuo do governoé visto como instabilidade e incerteza, acredito que a gente precifique isso na segunda-feira”.

Christian Iarussi, especialista em investimentos e sócio da The Hill Capital, disse que o Ibovespachegou a perder os 135 mil pontos na sessão de hoje diante das incertezas domésticas, repercutindoo aumento do IOF.

“O Ibovespa chegou a perder os 135 mil pontos pela manhã. Apesar da recuperação a tarde, com oIbovespa voltando a trabalhar acima dos 137 mil pontos, a tendência da semana segue negativa, comuma desvalorização acumulada em torno de 1,5%. A leitura do mercado é clara: o Brasil seguebarato para o investidor estrangeiro, mas a imprevisibilidade fiscal e política cobra um preço”.

Pedro Ros, CEO da Referência Capital, comentou que “a revogação parcial do aumento do IOFdemonstra que o governo sentiu a pressão dos mercados e buscou minimizar danos à credibilidadefiscal. A taxação de 3,5% sobre aplicações de fundos no exterior afetaria diretamente acompetitividade dos veículos de investimento brasileiros. Ainda que as demais alíquotas tenhamsido mantidas, o recuo parcial sinaliza um governo mais sensível à reação do capitalinstitucional. No entanto, a medida inicial já acendeu o alerta: aumentar carga tributária semplanejamento pode gerar fuga de capitais, instabilidade cambial e menor atratividade do Brasil comodestino de investimento”.

Rafael Weber, analista da RJI-Gestão e Investimentos, disse que a bolsa melhora com a expectativade que o governo recue mais nas medidas do IOF.

“Não acredito que voltem atrás em tudo, mas devem mexer, principalmente, no crédito para asempresas. Ficou todo mundo assustado. Aumentar o IOF de 1,1% para 3,5% é muito. O spread que sepaga sobre a taxa de juros dessas empresas é alta e a dívida cresce”.

Weber ressaltou que as medidas do governo foi “um pacote de maldades muito grande. A surpresa foinegativa da majoração do IOF porque o próprio ministro [Fernando Haddad] disse em janeiro quenão mexeria no IOF e, ainda, veio em um patamar muito acima em um momento que a gente precisa dedólar. Estamos com um diferencial de juros não tão alto como no passado, mas as treasuries estãoem níveis elevados se comparado com períodos anteriores, o que preocupa”.

Em relação à contenção de gastos anunciada ontem de R$ 31 bilhões para o cumprimento da metafiscal, Weber acredita ter sido tímida. “A gente está precisando de [corte] de R$ 100 bilhões[corte] e estamos falando de R$30 bilhões”.

Mais cedo, Ubirajara Silva, gestor de renda disse que a tarifa do Trump reflete nos mercados,voltamos à discussão anterior do mês passado. Isso vai impactar no crescimento, bolsas caem epetróleo recua. O que preocupa muito é o nível dos juros longos no exterior- as treasuries de 30anos estão acima de 5%, o Japão na máxima histórica. Isso vai trazer problema em breve.

O gestor de renda variável disse que o recuo do governo [em relação ao IOF] “foi positivo naparte de fundos”, mas acredita que deverá vir outra medida porque “precisam arrecadar, e alémdisso aumentar a popularidade do Lula para tentar ganhar as eleições do ano que vem, não temoutra saída”.

Silva explicou que ontem depois que a notícia saiu, “o mercado à vista já estava fechado, e aliquidez dos derivativos é bem menor nesse período, a reação foi um pouco amplificada por contada liquidez. Acho que vai ter saída de dinheiro. Não vejo ponto positivo para a bolsa porque o IOFimpacta no varejo, como antecipação de recebíveis. O mercado pode melhorar um pouco, mas ohorizonte é um pouco tenebroso no longo prazo. Somado a isso, o Trump aumentou a tarifa para aUnião Europeia em 50%”.

oraia Budaibes – soraia.budaibes@cma.com.br (Safras News)

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