Bons ventos internacionais

Uma image de notas de 20 reais

São Paulo, 6 de maio de 2025 – O mês de abril foi excelente para ativos de risco brasileiros,fazendo com que os fundos geridos tivessem forte resultado.

O ruído gerado pela guerra comercial americana vem fazendo estragos no mercado financeiro dosEstados Unidos e o que por muitos anos foi um porto seguro para investidores, hoje cria-se dúvidase é apenas um ruído cíclico ou mudança estrutural nos fluxos globais de capital.

O Brasil encontra-se no grupo de países que acabaram sendo beneficiados, uma vez que o foco dastarifas americanas são Ásia e Europa. Apesar dos graves problemas domésticos (fiscais),acreditamos que o mercado começa a olhar as eleições presidenciais de 2026, com a possibilidadede mudança para um governo mais fiscalista e pró-mercado. O próximo ano é bastante importantepara os ativos domésticos e acreditamos que a marcação a mercado já começou.

O Brasil continua com valuation atrativo e uma curva de juros bem precificada, que tende a iniciarsua redução a partir do ano que vem. Toda vez que o movimento de redução de juros ocorreu, osativos domésticos tiveram forte valorização.

O cenário atual condiz com um dólar que perde força em nível mundial, petróleo em queda,puxando os preços de energia para baixo, e commodities (agrícolas e minerais) em baixa. Todasestas variáveis proporcionam uma pressão inflacionária menor, ajudando o Banco Central a conduzirsua política monetária e possibilitando uma redução de juros em breve.

Ainda temos que colocar na equação uma China que continuará a estimular sua economia, buscandoalternativas para depender menos da economia americana e um possível parceiro comercial é oBrasil, principalmente no segmento agrícola.

Todos os tópicos acima são positivos para o Brasil, ficando apenas o fiscal para uma soluçãofutura. Mais uma vez, o Brasil perde a oportunidade de ser um importante foco de investimento, o quepoderia trazer uma enxurrada de dólares, mas isto ficará para o próximo governo.

Os bons ventos vindos do exterior são suficientes para justificar uma apreciação dos ativosbrasileiros, como vimos neste mês. Acreditamos que este movimento é apenas o começo de ummovimento maior, que se consolidará nos próximos anos.

Ambiente Macroeconômico

Internacional

O governo dos Estados Unidos detalhou as tarifas de importação, com um resultado mais duro do queo esperado pelo mercado. O impacto das tarifas foi sentido em todos os ativos financeiros e aincerteza continua no dia de hoje. Acreditamos que haverá recuo, porém não voltaremos ao modeloanterior, sendo necessário ajustes no sistema comercial internacional. O Brasil acabou sendobeneficiado com valores menores do que países asiáticos e europeus.

O mercado de trabalho dos Estados Unidos adicionou 177 mil vagas em abril, sendo um resultado maisalto do que o esperado. A taxa de desemprego se manteve em 4,2%. O número mostra que a economiaamericana continua forte, mesmo após a adoção das tarifas comerciais. Caso as tarifas semantenham no atual patamar, deveremos ver lenta desaceleração do PIB e do mercado de trabalho, maseste não é nosso cenário base e sim de que negociações serão realizadas ao longo dos próximosmeses, normalizando o comércio global.

O PIB americano recuou 0,3% no trimestre e foi o primeiro resultado negativo desde 2022. O resultadomostra uma volatilidade excessiva, que deverá melhorar apenas quando as negociações entre osEstados Unidos e seus parceiros comerciais estejam encerradas. O Fed deverá manter o compasso deespera, até que este tenha uma visão mais clara sobre inflação e emprego.

Nacional

O IPCA-15 registrou alta de 0,43% em abril, levemente acima das estimativas de mercado. O grupo detrasnportes foi o principal redutor de inflação no mês. Já alimentação foi o principal vilão,mas acreditamos que este item será beneficiado daqui em diante pela redução do petróleo ecommodities agrícolas.

A criação de vagas formais foi de 71,6 mil, tendo forte desaceleração com relação ao mêsanterior. O resultado foi bem pior do que o estimado pelo mercado, com destaques negativos nocomércio e agricultura.

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A coluna Palavra do Gestor é publicada mensalmente pela Agência CMA e escrita por Raphael Juan,sócio-fundador da BBT Asset Management, responsável pela gestão de portfólios e corresponsávelpela área de gestão de risco e trading.

Para contato com a BBT Asset: Tel: 3052 0621Email: raphael.juan@bbtasset.com.br

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