São Paulo, 19 de maio de 2025 – O presidente do Federal Reserve (Fed, o banco centralnorte-americano) de Atlanta, Raphael Bostic, afirmou nesta segunda-feira que atualmente vê espaçopara apenas um corte de juros neste ano, em contraste com as projeções oficiais do banco centraldos Estados Unidos, que indicavam dois cortes em 2025. A fala foi dada durante entrevista à CNBC.
“Estou me inclinando mais para um corte este ano, porque acho que vai levar tempo”, disseBostic, ao destacar que o cenário econômico atual exige paciência diante de pressõesinflacionárias persistentes. “Vai demorar um pouco mais para resolver isso”, completou.
As declarações refletem uma mudança de percepção dentro do Fed. Em março, o banco centralprojetava dois cortes de 0,25 ponto percentual, mas desde então os dados inflacionários vieramacima do esperado, o que tem elevado a cautela de alguns dirigentes.
Apesar de não ter poder de voto este ano no Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na siglaem inglês), responsável pela definição da taxa básica de juros nos EUA, Bostic participa dasdiscussões e suas declarações são acompanhadas de perto pelos mercados.
O dirigente destacou ainda que sua maior preocupação no momento é com a inflação,especialmente em razão das expectativas de alta de preços por parte dos consumidores. “Estou muitopreocupado com a inflação, principalmente porque estamos vendo as expectativas se moverem de formaproblemática. Isso tornará nosso trabalho mais difícil”, afirmou.
Parte da preocupação vem do ambiente geopolítico e tarifário. Na última semana, umapesquisa revelou que os consumidores norte-americanos temem que as tarifas impostas pelo governoelevem a inflação. Desde a posse do presidente Donald Trump, em 2017, o cenário tarifário temoscilado. Em abril, os EUA anunciaram tarifas sobre quase todos os parceiros comerciais, seguidaspor uma trégua de 90 dias que manteve as tarifas em 10% para a maioria dos países. Com a China,também foi firmada uma pausa temporária.
Para Bostic, mesmo as tarifas reduzidas ainda são “definitivamente significativaseconomicamente”.
Larissa Bernardes- larissa.bernardes@cma.com.br (Safras news)
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