Boulos chama de absurdo hino com linguagem neutra em evento de sua campanha

Uma image de notas de 20 reais
Do total de candidaturas registradas nas capitais, apenas 40 serão lideradas por mulheres, o que equivale a 20,8% dos candidatos às prefeituras
Crédito: Alejandro Zambrana/Secom/TSE

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O candidato Guilherme Boulos (PSOL) disse nesta quarta-feira (28) que a alteração de trecho da letra do Hino Nacional para incluir linguagem neutra durante um comício de sua campanha foi “um absurdo” e voltou a responsabilizar a produtora contratada pelo episódio, que municiou adversários seus.

“Não foi, logicamente, uma decisão da minha campanha, aquele absurdo que foi feito com o Hino Nacional”, afirmou o candidato a jornalistas na saída de um evento na região central da cidade.

“Aquilo foi uma produtora, uma empresa produtora contratada da nossa campanha, que por sua vez contratou uma cantora e que teve aquele episódio. A nossa campanha se pronunciou de maneira clara e essa empresa produtora não vai mais trabalhar nos próximos eventos da campanha”, completou.

A campanha de Boulos apagou das redes sociais ligadas ao candidato um vídeo com a transmissão do comício, no sábado (24), com o trecho em que a intérprete Yurungai cantou “des filhes deste solo és mãe gentil, pátria amada, Brasil”, em vez de “dos filhos deste solo”, como diz a letra original.

O assunto repercutiu nas redes sociais, e o uso da linguagem neutra (bandeira inclusiva defendida por parte da militância LGBTQIA+ por abolir marcadores de gênero) foi criticado por internautas.

A atividade em que ocorreu o episódio com a cantora foi realizada no bairro do Campo Limpo, zona sul da capital paulista, e contou com a presença do presidente Lula (PT), além de ministros da gestão petista e de Marta Suplicy (PT), candidata a vice-prefeita na chapa do deputado federal.

A campanha de Boulos já tinha emitido nota em que atribuía a responsabilidade à empresa que organizou o ato. “A campanha, em momento algum, solicitou ou autorizou alteração na letra do Hino Nacional interpretado na abertura do comício”, disse, em nota, nesta segunda-feira (27).

“A produtora, organizadora do evento, foi responsável pela contratação de todos os profissionais que trabalharam para a realização da atividade, incluindo a seleção e o convite à intérprete que cantou o Hino Nacional”, afirmou.

A candidata à prefeitura pelo Novo, Marina Helena, foi uma das que criticaram Boulos, afirmando que a modificação na letra foi um “desrespeito e destruição de nossos símbolos nacionais”.

A assessoria de Marina afirmou nesta quarta que ela assinou uma representação contra Lula e Boulos enviada à PGR (Procuradoria-Geral da República) para que o assunto investigado.

O documento cita a lei nº 5.700/1971, sobre os símbolos nacionais, que determina que o Hino Nacional seja executado integralmente. O pedido feito à PGR é de “investigação e responsabilização dos envolvidos por contravenção penal, conforme previsto na legislação”.

Outros adversários do candidato apoiado por Lula, como os deputados federais Kim Kataguiri (União Brasil-SP), Nikolas Ferreira (PL-MG) e Eduardo Bolsonaro (PL-SP), também repudiaram a iniciativa.

A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, que dirige a seção feminina do PL, usou o caso para atacar Boulos e Lula em suas redes sociais. “Que insanidade mental é essa??? Meeeeu Deus!”, escreveu, ao compartilhar notícia sobre o tema.

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