SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O candidato do Podemos à Prefeitura de São Bernardo do Campo (SP), Marcelo Lima, afirmou em sabatina Folha/UOL que não foi escolhido como sucessor do atual prefeito, Orlando Morando (PSDB), por não serem da mesma família.
“Eu posso não concordar, mas eu tenho que respeitar. Eu acredito que fui leal. Eu tenho experiência, mas o problema é que sou o Marcelo Lima, e não Marcelo Morando, eu não sou da família dele e não tenho como ser. Então se esse foi o quesito definitivo na escolha dele, não tinha como ser o Marcelo”, disse na sabatina, exibida nesta quinta-feira (29).
Morando apoia a própria sobrinha, Flávia Morando (União Brasil), na disputa. Lima foi vice-prefeito do tucano nos dois mandatos que exerceu, renunciando em 2023 para assumir uma vaga de deputado federal. No mesmo ano, teve o mandato cassado por infidelidade partidária, ao migrar do PSB para o Podemos. Paulinho da Força (Solidariedade) acabou assumindo a vaga.
Apesar de ter sido preterido, ele elogia a gestão da qual participou. “O governo andou muito. Participei ativamente, entregamos muita mobilidade urbana para São Bernardo. Entregamos um hospital de urgência na pandemia, fizemos praças e parques.”
Questionado sobre as acusações de corrupção que enfrentou na Justiça, Lima se defendeu dizendo que os contratos eram da gestão anterior. O hoje candidato foi denunciado criminalmente pelo Ministério Público em 2021 no âmbito da Operação Lix, que investigava fraudes em licitações e contratos em secretaria então chefiada por ele. A Justiça à época ordenou sua saída do cargo de secretário.
“São Bernardo tinha uma PPP [Parceria Público Privada] feita pela gestão do PT. Eles fizeram uma PPP de 30 anos na coleta de lixo e era impossível pagar o valor dessa parceria. Nós tivemos que romper. De R$ 18 milhões por mês que se pagava no serviço, eu economizei a metade, contratei por R$ 10 milhões o mesmo serviço. Muitas vezes ao fazer o que é correto na gestão você paga o preço porque acaba desagradando o outro lado. Mas sou ficha limpa, a denúncia foi arquivada.”
O ex-deputado afirmou que não terá problemas em uma possível relação com o presidente Lula (PT), caso seja eleito. “Estou querendo deixar de lado partidos políticos, a partir de 1º de janeiro irei dialogar com Tarcísio [de Freitas, governador], com Lula. Para mim, a cidade está acima de qualquer partido e ideologia. Tenho certeza que o presidente é um democrata e vai respeitar a escolha do povo de São Bernardo do Campo ao eleger o próximo prefeito.”
Sobre a saúde no município, o ex-vice-prefeito reconhece problemas, mas não os relaciona à gestão de Morando. “É um problema caótico, eu tenho a humildade de falar que as pessoas estão aguardando até três anos num atendimento médico. O problema é que a cidade ficou com um equipamento bom estruturalmente e as pessoas das cidades vizinhas acabam vindo para São Bernardo. Queremos priorizar o atendimento de quem vive na cidade com um cartão moderno, com tecnologia e fiscalização, como em São Caetano do Sul.”
O candidato propôs também realizar um “corujão da saúde” nos primeiros seis meses de governo para zerar a fila de exames na cidade. Ele inclui na proposta também cirurgias eletivas e até atendimentos agendados, que poderiam ser realizados de madrugada.
Sobre as cracolândias existentes na cidade, Lima propôs parcerias com entidades não governamentais. “Vamos fazer convênios com igrejas e terceiro setor. Vou investir muito para fazer parcerias, ao invés de criar clínicas, construção, novas obras. Vamos investir em convênios com aqueles que já estão fazendo esse trabalho, apoiando com assistência social e médicos.”
Marcelo Lima é formado em gestão pública. Ele foi vereador em São Bernardo do Campo de 2009 a 2016 e vice-prefeito de 2017 até 2023, eleito e reeleito na chapa de Orlando Morando. Em 2022, foi eleito deputado federal pelo PSB.
A sabatina foi conduzida por Priscila Camazano, com participação dos repórteres Rafael Neves, do UOL, e Artur Rodrigues, repórter de política da Folha.
Na segunda-feira (29), Folha de S.Paulo e UOL exibiram a sabatina com Luiz Fernando Teixeira (PT), e na sexta-feira (30), será exibida a entrevista com Alex Manente (Cidadania). Também são candidatos Flávia Morando (União Brasil) e Cláudio Donizete (PSTU).
O ciclo de sabatinas promovido por Folha e UOL foi iniciado em junho e vai contemplar ao todo 18 cidades.