Cenário de incerteza demanda cautela para a próxima reunião

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Crédito: Bruno Peres/Agência Brasil

São Paulo, 13 de maio de 2025 O Comitê de Política Monetária (Copom) manteve a forma deanálise e resposta que vem conduzindo ao longo do tempo e delineada em sua comunicação para optarpela elevação de 0,50 ponto percentual na taxa Selic. A informação faz parte da ata da reuniãorealizada nos dias 6 e 7 de maio e divulgada há pouco. O documento destacou o cenário deincertezas, que demanda cautela para a próxima reunião.

“Observou que as expectativas seguiam desancoradas, as projeções de inflação elevadas, aatividade econômica seguia resiliente e o mercado de trabalho pressionado”, enumera a ata.

Com relação à próxima reunião, o Comitê avaliou que o cenário de elevada incerteza, aliado aoestágio avançado do ciclo de ajuste e seus impactos acumulados ainda por serem observados, demandacautela adicional na atuação da política monetária e flexibilidade para incorporar os dados queimpactem a dinâmica de inflação.

Segundo a ata, o Comitê se manterá vigilante e a calibragem do aperto monetário apropriadoseguirá guiada pelo objetivo de trazer a inflação à meta no horizonte relevante e dependerá daevolução da dinâmica da inflação, em especial dos componentes mais sensíveis à atividadeeconômica e à política monetária, das projeções de inflação, das expectativas de inflação,do hiato do produto e do balanço de riscos.

O documento destaca que a conjuntura de atividade segue marcada por sinais mistos com relação àdesaceleração de atividade, “mas observa-se uma incipiente moderação de crescimento”. Isso nãodiverge do cenário-base do Comitê, que envolve uma inflexão no período corrente, para, então,reduzir o dinamismo nos trimestres subsequentes. “O Comitê segue avaliando que o cenário-baseprospectivo envolve uma desaceleração da atividade econômica, a qual é parte do processo detransmissão de política monetária e elemento necessário para a convergência da inflação àmeta”.

O Comitê reforça que o arrefecimento da demanda agregada é um elemento essencial do processo dereequilíbrio entre oferta e demanda da economia e convergência da inflação à meta. “Algunsfatores elencados durante a reunião seguem dando confiança ao Comitê de que o processo demoderação de crescimento deve ocorrer, após vários anos de surpreendente dinamismo”.

Segundo a ata, a política monetária significativamente contracionista já tem contribuído eseguirá contribuindo para a moderação de crescimento. O Comitê analisou os diversos canais depolítica monetária e avalia que a política monetária restritiva já tem tido impactos no mercadode crédito, nas sondagens empresariais, no mercado de câmbio, nos balanços das empresas, assimcomo na moderação de alguns indicadores de atividade e de mercado de trabalho. “Tais impactos sãoesperados e requeridos para a convergência da inflação à meta. Dadas as defasagens inerentes aosmecanismos de política monetária, espera-se que tais efeitos se aprofundem nos próximostrimestres”.

Em particular, no crédito, já se observa alguma inflexão em algumas linhas e, no caso de pessoasfísicas, um aumento do comprometimento da renda familiar com o serviço das dívidas pode estarantecipando uma menor demanda por crédito. Ressaltou-se, novamente, que a construção daconfiança necessária para definir o patamar apropriado de restrição monetária ao longo do tempopassa por assegurar que os canais de política monetária estejam desobstruídos e sem elementosmitigadores para sua ação. Para o cumprimento de seu mandato e convergência da inflação à metacom menores custos, a política monetária deve ser capaz de atuar sem impedimentos em todos oscanais.

Dylan Della Pasqua / Safras News

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