SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Começamos a semana falando do que ninguém gosta: o preço da gasolina aumentou, e você deve estar inteirado do porquê. Também aqui: tarifas de Trump devem atingir o Brasil, o fim da lua de mel entre o governo e o mercado imobiliário e um trem mais bala que o trem-bala e outras notícias do mercado para começar esta segunda-feira (10).
A GASOLINA FICOU MAIS CARA. VOCÊ PERCEBEU?
Se você anda de carro, deve ter percebido que o preço da gasolina aumentou. Se você não anda, ainda sim, é importante que saiba disso.
Por que? A alíquota do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços) aumentou.
Desde 2022, o ICMS sobre os combustíveis é calculado em reais por litro com uma alíquota única nacional revisada anualmente.
↳ Esse não é um aumento protocolado pela Petrobras.
↳ Ele se somou ao reajuste do preço do diesel, anunciado pela estatal em janeiro.
O problema…é que o aumento foi maior do que o esperado.
Segundo a ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis), a alta foi de R$ 0,15 por litro, R$ 0,05 a mais do que o aumento do imposto estadual.
O preço médio do combustível no país chegou a R$ 6,35, maior valor desde o início do governo Lula em valores corrigidos pela inflação.
🚨Contratempo. O reajuste, em si, era esperado. Ele pode interferir na popularidade da gestão atual, que já enfrenta seus percalços.
A alta do combustível vai impactar o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), principal medida da inflação no país que já anda pressionada pela carestia dos alimentos.
A gasolina mais cara aumenta os valores de quase tudo, uma vez que o país é dependente do transporte rodoviário.
E a meta? Fica em perigo. Qualquer alta de preços dificulta o trabalho do Banco Central em manter a inflação dentro do alvo estabelecido: 3%, com um piso de 1,5% e um teto de 4,5%.
Para segurar os preços, uma das soluções prováveis é aumentar a taxa básica de juros.
Mas…ainda estamos em fevereiro. É um pouco cedo para saber como a inflação terminará o ano. Cenas dos próximos capítulos.
DE TRUMP PARA O ‘BRAZIL”
A tal da guerra comercial (que já falamos algumas vezes aqui) está só começando. E, pelo o que Donald Trump disse que anunciará hoje, ela atingirá o Brasil.
O presidente dos EUA promete tarifas de 25% sobre todas as importações de aço e alumínio para o país.
Por que isso importa? Produtos semi-acabados de aço estão entre as principais exportações do Brasil aos EUA, ao lado de petróleo bruto, produtos semi-acabados de ferro e aeronaves.
US$ 2,9 bilhões foi o valor das vendas de aço brasileiros em 2024.
Repeteco. Em 2018, no primeiro mandato de Trump, o país aplicou a tarifa de 25% sobre o aço importado. Dois anos depois, reduziu a cota de importação de aço semi-acabado do Brasil. Em 2022, sob Joe Biden, as medidas restritivas foram revogadas.
Enquanto isso…a China responde às medidas americanas de alta nas tarifas. Na manhã de ontem, Pequim anunciou novas taxas que devem atingir cerca de US$ 14 bilhões (R$ 81,2 bilhões) em mercadorias americanas.
💭 Retomando. Donald Trump prometeu, prometeu, prometeu, até que cumpriu. Ele havia dito em sua campanha que taxaria em até 50% a importação de produtos chineses quando assumisse o governo.
Em 1º de fevereiro, anunciou a imposição de tarifas de 10% aos chineses e 25% aos canadenses e mexicanos. Conseguiu acordos para recuar (ao menos por um mês) das taxas dos vizinhos.
Os chineses aceitaram o desafio e devolveram o que o republicano chamou de “primeiro tiro” em uma nova ofensiva comercial.
O que é novidade? A imposição de tarifas de 10% a 15% sobre produtos específicos: gás natural liquefeito (GNL), carvão, petróleo bruto, equipamentos agrícolas e alguns produtos automotivos.
No momento em que você está lendo isto, elas já entraram em vigor.
↳ As restrições impostas pelos EUA na semana passada são mais abrangentes: todas as importações chinesas estão sujeitas às taxas de 10%.
A escolha por taxar produtos específicos é vista pelo mercado internacional como uma abertura para negociações com os americanos.
FIM DA LUA DE MEL
Já falamos um pouco sobre inflação hoje, agora tratamos de outro aspecto dela que pode complicar (mais) o cenário econômico.
A alta da inflação pode levar a uma alta nos juros, que é o mercado espera para este ano.
Selic alta, crédito caro: isso diminui o apetite da população de entrar em financiamentos e contrair dívidas de longo prazo.
A taxa básica de juros pode terminar o ano em 15,00%, segundo estimativas. Hoje, está em 13,25%.
Quem está feliz? Certamente não é o mercado imobiliário. O setor que tem alta dependência da disponibilidade das pessoas em entrar em financiamentos.
↳ O sentimento contraria o que predominou nos primeiros dois anos da terceira gestão Lula, quando o programa Minha Casa, Minha Vida ajudou a aquecer os empreendimentos.
Tem solução? Para os especialistas ouvidos pela Folha, sim.
🏠 Em primeiro lugar, as empresas querem que o Banco Central reduza a fatia que recolhe dos depósitos de poupança de 20% para 15%.
A poupança é o principal fundo usado no financiamento habitacional em imóveis que custam mais de R$ 350 mil.
Diminuindo o que pagam para o BC, as construtoras teriam mais grana disponível para terminar as obras começadas.
🏘️Outra ideia é reduzir o prazo de emissão da LCI (Letra de Créditos Imobiliários) de nove para três meses.
Isso poderia atrair mais capital para os papéis, que hoje são isentos do imposto de renda.
🏙️ Finalmente, as companhias imobiliárias não têm bons olhos para o saque-aniversário do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço), que serve como um garantidor de crédito pessoal a taxas mais baixas.
Quem faz o saque tem o saldo restante do fundo bloqueado até que a dívida seja paga.
Isso impede que as pessoas usem esse dinheiro para abater parte do financiamento de um imóvel, por exemplo.
Seria bom para elas se o governo complicasse o processo de obtenção do saque ou acabasse com o recurso de uma vez.
MAIS RÁPIDO QUE O TREM-BALA
No Brasil não há linhas de trem-bala. Na China, a geringonça ficou normal. Tão normal que os pesquisadores já procuram algo mais rápido para substituí-la.
🚅 O atual. A maior parte dos trens de alta velocidade hoje chega a 300 km/h. Algumas locomotivas que usam a tecnologia maglev já bateram os 600 km/h essas, não estão em operação comercial.
↳ Maglev é um sistema que usa o eletromagnetismo para fazer os trens andarem em alta velocidade. Há eletroímãs sob o trem, atraídos pelos trilhos metálicos. Assim, os trens flutuam (muito pouquinho) acima do chão e encontram menos atrito.
O único comboio desses acessível ao público é o de Xangai, uma das maiores cidades chinesas. Ele faz em sete minutos e alguns segundos o trajeto de 30 quilômetros entre o Aeroporto Internacional de Pudong da Estação Longyang Road, em Pudong.
Os planos para o futuro. Cientistas chineses querem chegar aos 1000 km/h, perto da velocidade de um avião comercial. O trem voador pode ser trazido à realidade por duas tecnologias:
Em vez de usar baixas temperaturas, como acontece hoje, haveria a aplicação de supercondutores de altas temperaturas, o que ajuda a reduzir o custo da operação;
Seria acrescentada uma tecnologia de tubulações a vácuo, que permite velocidades mais altas em um ambiente de pressão extremamente baixa.
↳ Com o tempo e o desenvolvimento das descobertas, pesquisadores acreditam que os novos trens possam chegar aos 4.000 km/h. Seria como percorrer a distância entre o Rio de Janeiro e Salvador em 30 minutos.
⏳O tempo corre. Apesar da empolgação, os testes estão em estágios muito, muito iniciais, de acordo com David Feng, que acompanhou a ascensão ferroviária da China nas últimas décadas.
Para ele, os ultra trens devem entrar em circulação em ao menos dez anos, e com velocidade limitada.
Pesquisadores defendem que o sistema pode ajudar na crise climática global: a possibilidade de fazer longos trajetos em menos tempo poderia substituir a necessidade de voos, que emitem gases estufa em grande quantidade.
Por outro lado, a invenção é cara e seus limites ainda são desconhecidos. A ver.
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