Como uma playlist colocou sanidade de Trump em foco na reta final da eleição

Uma image de notas de 20 reais

WASHINGTON, EUA (FOLHAPRESS) – Donald Trump resolveu transformar uma sessão de perguntas e respostas com eleitores em uma festa na segunda-feira (14). Por quase 40 minutos, ele ficou no palco, às vezes dançando, às vezes só parado, enquanto todos ouviam uma playlist que foi de “Ave Maria” ao musical “Cats”.

Entretenimento é uma marca do apelo político do empresário, mas improvisar uma balada a três semanas da eleição em Oaks, na Pensilvânia, o estado mais importante da corrida, parece ter extrapolado os amplos limites em que seu comportamento é visto como natural.

O evento transcorria normalmente, até que uma pessoa na plateia precisou de atendimento médico. Trump interrompeu o evento, mas, pouco depois de retomá-lo, outro apoiador passou mal.

“Vamos parar com as perguntas. Vamos apenas ouvir música. Quem diabos quer ouvir perguntas?”, disse Trump. Na eclética playlist que se seguiu, “YMCA” (Village People), já marca registrada de comícios do empresário, “Hallelujah” (Rufus Wainwright) , “Nothing Compares 2 U” (Sinéad O’Connor) e “November Rain” (Guns N’ Roses), entre outras.

Enquanto isso, apoiadores do ex-presidente filmavam ele no palco. Alguns dançavam, e eventualmente cantavam junto algumas músicas. O clima geral era de um certo estranhamento com a situação, com as pessoas sem entender se era para ir embora ou não, segundo jornalistas que estavam no local.

Não ajudava o visível constrangimento da governadora da Dakota do Sul, Kristi Noem, conhecida por ter torpedeado sua carreira ao contar em um livro que matou o próprio cachorro. Ela era a moderadora da noite.

Uma enxurrada de reportagens destacou a peculiaridade do ocorrido. Nas redes sociais, opositores do ex-presidente compartilharam vídeos para argumentar que ele está senil.

Um desses perfis foi o da própria Kamala Harris. “Espero que ele esteja bem”, escreveu a democrata.

A página de sua campanha, Kamala HQ, foi além: “Trump parece perdido, confuso e paralisado no palco enquanto várias músicas tocam por mais de 30 minutos e o público deixa o local cedo”.

“Tive um Town Hall na Pensilvânia ontem [segunda] à noite. Foi incrível! A sessão de perguntas e respostas estava quase terminando quando as pessoas começaram a desmaiar de tanta empolgação e calor”, disse o empresário em sua rede social, a Truth. “Começamos a tocar música enquanto esperávamos e simplesmente continuamos. Tão diferente, mas acabou sendo uma ótima noite!”

A atenção gerada pela festa em Oaks veio a calhar para a vice-presidente, em um momento em que a campanha investe em uma linha de ataque familiar a Trump: atacar sua aptidão física e mental para exercer o cargo.

No sábado, Kamala, que completa 60 anos no próximo domingo (20) divulgou seu histórico médico e informações de saúde, usando o gesto para pressionar Trump, 78, a fazer o mesmo. “É óbvio que a equipe dele, pelo menos, não quer que o povo americano veja tudo sobre quem ele é e se ele realmente está apto para exercer o cargo de presidente dos Estados Unidos”, disse a democrata.

Além disso, um grupo intitulado Médicos com Harris, vinculado à campanha, divulgou uma carta com 238 assinaturas de profissionais de saúde afirmando que o republicano está “exibindo características alarmantes de declínio de acuidade”.

Apesar de criticarem a estratégia usada contra Joe Biden, 81, democratas sempre tentaram replicá-la para acusar o republicano de senilidade, reclamando que eles não recebiam o mesmo destaque dado aos tropeços do presidente.

Com a entrada de Kamala na corrida, a questão da idade acabou perdendo preponderância. Até agora.

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