[AGÊNCIA DC NEWS]. O Consulado da Mulher, ONG que existe há 22 anos, voltada à autonomia feminina por meio do empreendedorismo, divulgou, em novembro passado, a pesquisa Nano Empreendedorismo Feminino: Desafios e Motivações, que revelou que 89% das mulheres administram sozinhas os seus negócios. O fato de atuarem sem ajuda interfere na forma de avaliarem o próprio trabalho, segundo a ONG: 24,5% não se enxergam como empreendedoras. Nas empresas das quais são proprietárias apenas 8% têm um ou dois funcionários – a realidade de quem tem mais de três funcionários é de apenas 3%.
O relatório destacou também que somente 7% dos negócios geram mais de R$ 5 mil mensais (o restante está na casa dos mil até R$ 4,9 mil). Outro dado guarda relação com a formalização: 16% das empreendedoras têm os negócios regularizados com CNPJ — a principal razão apresentada (60%) para a não formalização é a falta de recursos financeiros. “É essencial falarmos apoiarmos essas mulheres para que conquistem seu espaço no mercado formalmente”, afirmou Adriana Carvalho, diretora executiva do Consulado da Mulher. Ela disse ainda que conciliar tarefas domésticas com o empreendedorismo é desafiador, e para essas mulheres que têm negócios pequenos, que muitas vezes dependem exclusivamente delas, é ainda mais difícil.
A organização, que tem a Whirlpool — dona das marcas Brastemp, Consul e KitchenAid — como principal apoiadora, inferiu que quase metade (48,5%) dessas mulheres está na ativa como empreendedora entre um e três anos. A vontade de empreender é grande, disse a ONG, porém os percalços são muitos: 47,8% dedicam aproximadamente 35 horas semanais ao cuidado do lar — a título de comparação, a carga horária de uma jornada de trabalho CLT é de 44 horas semanais.
Quanto à capacitação dessas profissionais, de acordo com a pesquisa, 80% das nanoempreendedoras consultadas já participaram de algum tipo de treinamento, e 85% consideram isso essencial. A ONG Consulado da Mulher, que já beneficiou 40 mil mulheres ao longo de sua história de mais de duas décadas, consultou, para esta pesquisa, mais 700 mulheres de 22 estados brasileiros. Do total, 51% são moradoras do Sudeste, seguido por 27% do Norte e 15% do Nordeste. A região Sul representa 6% da amostra, enquanto o Centro-Oeste, 1%.