Datena se propõe a cumprir metas de Bruno Covas e promete poucas novidades

Uma image de notas de 20 reais
Do total de candidaturas registradas nas capitais, apenas 40 serão lideradas por mulheres, o que equivale a 20,8% dos candidatos às prefeituras
Crédito: Alejandro Zambrana/Secom/TSE

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O candidato a prefeito de São Paulo José Luiz Datena (PSDB) apresentou o seu plano de governo a dois dias do encerramento do prazo. No documento de 42 páginas entregue na semana passada, o comunicador se refere a si mesmo em primeira pessoa, cita o ex-prefeito tucano Bruno Covas em cinco ocasiões e não se compromete com prazos e estimativa de dados orçamentários em suas propostas.

A elaboração e publicação do plano é uma exigência da Justiça Eleitoral, que não impõe regras para formato ou conteúdo.

O partido só lançou em maio deste ano a pré-candidatura de Datena. Até então, ele tinha um acordo para ser o vice-prefeito na chapa de Tabata Amaral (PSB).

O apresentador de TV admitiu que teve poucos contatos com os responsáveis pelo programa de governo e que a condução do documento ficou sob responsabilidade do seu vice, o ex-senador José Aníbal, presidente municipal do PSDB.

“A nossa campanha começou tardia. Eu tive contato duas vezes com esses técnicos que estão fechando o plano de governo”, afirmou Datena em entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura, na semana passada.

No plano, ele promete poucas novidades e garante que tem a “obrigação inicial de honrar os compromissos públicos assumidos pelo prefeito Bruno Covas e que, infelizmente, o atual prefeito só cumpriu a metade”.

No Programa de Metas, estabelecido para o quadriênio de 2021 a 2024, a gestão do prefeito Ricardo Nunes (MDB), que foi eleito vice de Covas em 2020, cumpriu apenas 32 das 86 metas. Entre os compromissos de Datena com esse documento, está a meta de entregar 12 CEUs (Centros Educacionais Unificados).

A gestão Nunes havia entregado apenas quatro. Datena diz apenas que vai “concluir os CEUs prometidos”.

Ao longo do documento, também há imprecisões sobre como ele viabilizará os seus programas. No capítulo de sustentabilidade, por exemplo, o tucano propõe ampliar a cobertura vegetal da cidade, “com programa intensivo e permanente de plantio de árvores nativas, e criar novos parques, como o Santo Amaro”.

O documento é raso, inclusive, com a segurança pública, uma das bandeiras do comunicador na campanha. A principal novidade é o investimento na GCM (Guarda Civil Metropolitana).

O tucano promete fortalecer e conceder poder de polícia à categoria, ampliando “fortemente o efetivo atual”, sem dizer quantos novos profissionais pretende contratar, e fala em adquirir “mais armas letais, não letais e aumento da frota”, além de equipar todo o efetivo com câmeras corporais.

A companhia, hoje, detém um efetivo de 7.304 agentes, com a remuneração inicial de R$ 4.022,93.

Outro compromisso é o de “expandir” a Operação Delegada, criada para que oficiais reforcem o policiamento durante suas folgas. A medida, segundo o tucano, terá como alvo principal os crimes de roubo, furto e receptação de aparelhos celulares e o “combate à pirataria, ao contrabando, à sonegação fiscal e a outras manifestações de desordem urbana”.

O candidato tampouco aborda números. Ele não diz quanto vai ser seu orçamento ao longo dos quatro anos e quanto dele será investido às propostas.

Com relação ao tráfico de drogas, Datena anunciou tolerância zero e a missão de “impedir que a droga chegue às dezenas de cracolândias”.

Para esse desafio histórico em São Paulo, o candidato diz apenas que vai “buscar soluções em parceria tanto com o governo estadual, na repressão, investigação e punição, quanto com o governo federal –este com a obrigação de atuar muito mais intensamente para impedir que drogas e armas continuem a adentrar nossas fronteiras e a servir à criminalidade”.

Como forma de mitigar à violência contra a mulher e ao feminicídio, na cidade que registrou uma média de 4.000 atendimentos por mês em 2023, o plano afirma que deverá ampliar a Patrulha Guardiã Maria da Penha, que tem como dever a proteção e acolhimento das vítimas de violência doméstica.

Por último, ainda como reforço para segurança pública, Datena vai aumentar o monitoramento por câmeras com reconhecimento facial e “iluminação pública” adequada. Mas não há nenhum detalhamento para as duas propostas.

Na área da saúde, o tucano traz como novidades a extensão do expediente das Unidade Básica de Saúde em mais duas horas, até as 21h. Ele promete também ampliar o número desses estabelecimentos que funcionam 24 horas, garantindo pelo menos uma por subprefeitura, sem detalhar, no entanto, se isso seria feito com contratação ou o orçamento previsto para tal. “Doença não tem hora”, afirma o candidato tucano.

O plano também traz como propostas a marcação de consultas de forma online, pelo celular, e a implementação do programa Remédio em Casa, mas sem detalhar qual público terá acesso ao serviço.

As propostas para educação também carecem de clareza. Datena diz que vai ampliar o número de alunos estudando em tempo integral, “hoje limitado a 7%”. No entanto, o candidato não informa qual o seu percentual desejado ou de que maneira pretende alcançar tal objetivo.

Ele afirma que, caso eleito, haverá rondas realizadas pela GCM nos arredores de toda unidade escolar do município.

Outro plano na diretriz do tucano é aumentar em duas horas o funcionamento de creches, mas o apresentador não aprofunda como colocaria a proposta em prática.

O mesmo ocorre com a intenção de garantir a alfabetização de crianças até 9 anos, cuja solução, de acordo com o documento, é colocar dois professores em sala de aula nos primeiros anos do ensino fundamental.

Na área de habitação, cujo déficit é de quase 370 mil domicílios, a solução apontada no plano é o programa Territórios do Emprego. Nesse modelo, as empresas que construírem casas populares na periferia terão incentivo fiscal, mas desde que parte do quadro de funcionários seja composto por moradores daquela região.

Em entrevistas e debates, Datena vem repetindo que o percentual de mão de obra local seja de 20%. O número, porém, não consta no plano de governo.

Datena também lançou o compromisso de não criar nenhum imposto ou taxa. “Vou trocar imposto por empregos: imposto menor para quem gerar trabalho, principalmente na periferia”, diz o candidato.