SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O dólar recuava e a Bolsa avançava nesta terça-feira (10) com os investidores avaliando os dados de desaceleração da inflação e maior otimismo pela tramitação do pacote fiscal no Congresso.
Às 11h43, a moeda dos EUA estava em queda de 0,73%, cotada a R$ 6,037. Já a Bolsa subia 0,88%, aos 128.341 pontos, tendo disparado acima de 1% pela manhã.
O contrato futuro do índice com vencimento mais curto, em 18 de novembro, avançava 0,62%.
Na frente de dados, as atenções dos investidores estavam voltadas para a divulgação de novos números sobre a inflação ao consumidor no país.
A inflação oficial do Brasil, medida pelo IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), desacelerou a 0,39% em novembro, após alta de 0,56% em outubro, segundo divulgado nesta manhã pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Em 12 meses, o IPCA teve avanço de 4,87%, ante 4,76% em outubro. O índice ficou acima do teto da meta de inflação perseguida pelo BC (Banco Central) de 3% e uma margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo.
“Os números de hoje definitivamente não oferecem nenhum refresco para o Banco Central, e devem reforçar a leitura de uma ação mais incisiva da autoridade monetária para estancar a deterioração do quadro inflacionário”, pontuou em relatório.
Segundo analistas, apesar de ficar praticamente dentro do esperado, o resultado mostra um cenário de descontrole inflacionário no país, que já vinha sendo mostrado com a crescente desancoragem das expectativas de inflação do mercado.
Dessa forma, a consequência deve ser uma aceleração no ritmo de aperto monetário pelo Copom, que anuncia sua última decisão de juros do ano nesta quarta-feira (11).
“Esse dado do IPCA e a sua composição particularmente ruim devem reforçar as expectativas de que o Copom vai adotar uma postura mais rígida na decisão de amanhã”, disse Leonel Mattos, analista de Inteligência de Mercado da StoneX.
“Embora o resultado cheio tenha ficado em linha com as expectativas do mercado, a composição da inflação do IPCA continua piorando, com diversas medidas de núcleo registrando inflação acumulada nos maiores valores em algum tempo”, destacou o economista-chefe da Azimut Brasil WM, Gino Olivares.
Operadores colocam 76% de chance de uma alta de 1 ponto percentual na Selic, atualmente em 11,25%, na quarta-feira, contra 24% de probabilidade de um aumento de 0,75 ponto.
No contexto político, investidores continuavam atentos às negociações em Brasília sobre medidas fiscais anunciadas em novembro.
A notícia de que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se reuniu com o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), e o presidente do Senado, Rodrigo Pachego (PSD-MG), para resolver uma impasse sobre as emendas parlamentares, afastou os temores de que as medidas de contenção de gastos possam ficar travadas no Congresso até o próximo ano.
Nesta segunda, o ministro Flávio Dino, do STF (Supremo Tribunal Federal), havia rejeitado um recurso da AGU (Advocacia-Geral da União) do governo do presidente Lula (PT) que pedia mudanças na decisão do tribunal sobre as emendas parlamentares.
Com a manutenção das regras e restrições, havia o risco dos parlamentares retaliarem o governo na pauta do corte de gastos.
A notícia foi mal recebida pelo mercado. O dólar renovou seu recorde histórico nominal e terminou o pregão desta segunda (9) com oscilação positiva de 0,09%, cotado a R$ 6,081.
O noticiário sobre a cirurgia feita por Lula para drenar um hematoma no crânio também era monitorado. Mais cedo, os médicos que tratam o presidente afirmaram que ele está estável e com a função neurológica preservada. A previsão, “se tudo correr bem”, é que Lula retorne a Brasília no início da próxima semana.
Na visão do gestor de renda variável Tiago Cunha, da Ace Capital, não há qualquer mudança sobre o cenário econômico atual pela condição de saúde do presidente Lula, uma vez que são decisões de governo e não pessoais, mesmo que obviamente o presidente participe.
“Especulações sobre as condições de saúde interferirem na decisão do presidente em concorrer à reeleição em 2026 me parecem extremamente prematuras”, disse.