SÃO PAULO, SP, E BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – Com a aproximação da transição na presidência do Banco Central, Roberto Campos Neto se diz confiante com o primeiro teste de autonomia do órgão, que passou a valer em 2021.
“Tenho falado com alguns senadores da importância da sabatina, com uma transição suave. Nesses próximos meses trabalharei junto com o Gabriel [Galípolo] fazendo a transição, e isso demonstra o grau de maturidade da autonomia”, disse o atual presidente do BC nesta quinta-feira (26), em entrevista a jornalistas para comentar o relatório trimestral de inflação de setembro.
Galípolo foi indicado por Lula para suceder Campos Neto a partir de 1º de janeiro de 2025. Entre sua sabatina no Senado, em 8 de outubro, e o início do mandato, ele irá trabalhar com o atual presidente.
“É maravilhoso ter dois presidentes”, afirmou Campos Neto.
Atualmente, Galípolo é o diretor de política monetária da instituição, cargo que também terá um novo ocupante no próximo ano.
O próximo presidente terá a missão de angariar a confiança do mercado financeiro, que teme um BC leniente no combate à inflação em 2025, quando o Copom (Comitê de Política Monetário) terá maioria dos integrantes indicados pelo presidente Lula.
Neste mês, Galípolo tem percorrido os gabinetes dos parlamentares, no tradicional “beija-mão” do Senado, em busca de apoio para aprovação de seu nome.
Conforme a Folha reportou, senadores elogiam Galípolo nos bastidores e lembram que ele já foi sabatinado pela Casa em julho de 2023, quando foi indicado por Lula para a diretoria de política monetária.
Segundo um dos parlamentares, Galípolo respondeu que as decisões do BC são embasadas em argumentos técnicos, com pouca margem para influência política, quando foi questionado sobre o receio de intervenção do presidente Lula na autoridade monetária e na taxa básica de juros.
Aos 42 anos, Galípolo foi um dos conselheiros de Lula na campanha presidencial de 2022 e atuou como número dois do ministro Fernando Haddad (Fazenda). Desde que assumiu o posto no BC, ele manteve canal direto com o chefe do Executivo.