Empresário transforma Playcenter em parques temáticos

Uma image de notas de 20 reais

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Alexandre Costa, 53, acorda e vai dormir pensando em chocolate. Seja na solidez financeira que o doce representa na sua vida e nas de seus cerca de 22 mil funcionários, seja na paixão lúdica de suas fantasias infantis.

Dono de três fábricas, cerca de 4.600 lojas, dois resorts no interior paulista, uma fazenda de cacau em Linhares (ES) e do recém-adquirido grupo Playcenter, ele vê cada vez mais seu fascínio por chocolate extrapolar o simples ato de comer um bombom. Entre seus planos mais recentes está o de construir um parque temático de R$ 2 bilhões em Itu, no interior de São Paulo.

De sua cabeça saíram hotéis com paredes enfeitadas de chocolate, SPA com massagem de manteiga de cacau, drinks de cacau à beira da piscina e uma volta na montanha-russa “Chocomonstros”, que exala cheiro de chocolate durante todo o trajeto.

Como se vê, chocolate é quase uma obsessão para Alê -tanto que, na hora de escolher o nome para sua banda de rock (sim, ele também tem uma banda)-, não pensou duas vezes: Cacau Groove. Verdade que ainda que há um link comercial com a sua empresa também, que ele não é bobo nem nada.

Self made man que começou sua trajetória trabalhando em um posto de gasolina, Costa é o guitarrista do grupo especializado em covers (bastante Legião Urbana no repertório) e diz que este é mais um sonho realizado. “Quero me imortalizar através da minha obra”, afirma, sem modéstia.

Desinibido, volta e meia aparece no programa de gastronomia Masterchef (Band), dando seus pitacos sobre os pratos preparados por candidatos a cozinheiro. Em vídeo recente publicado no Tiktok, Alê conta à sua própria versão infantil que ele hoje tem três fábricas, fala de sua história, se apresenta ao público mais jovem. Pode soar ridículo, mas o empresário é até um bom ator.

Fundador e CEO da maior rede de franquias do Brasil, ele já foi comparado a Willy Wonka, o excêntrico industrial chocolateiro criado nos anos 1960 pelo escritor britânico Roald Dahl, que no cinema já foi vivido por Gene Wilder, Johnny Depp e, mais recentemente, Timothée Chalamet.

Os longas fizeram muitas crianças sonharem com o bilhete dourado sob a embalagem de uma barra do doce, um passaporte para o mundo de sua fantástica fábrica, onde corriam rios de chocolate e comia-se chicletes que nunca perdiam o sabor, entre outras fantasias.

Ele não se incomoda com a comparação. Pelo contrário. Chega a vestir-se à la Willy Wonka, com trajes escuros de veludo e cartola. “A diferença entre a gente é que eu vivo essa história de verdade”, diz.

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PERGUNTA – Como tudo começou?

ALEXANDRE COSTA – Comecei aos 14, trabalhando em um posto de gasolina. Aos 17, peguei um negócio que minha mãe tinha começado mas não levou à frente. Cometi o erro de vender dois mil ovos de Páscoa que o fabricante não tinha para entregar. Peguei US$ 500 emprestado do meu tio e dei um jeito de fabricar com uma senhora. Deu certo, paguei todo mundo, fiquei com US$ 500 e investi. A vida foi super generosa.

P – E seu lado influenciador?

AC – Pensa em fazer TV? Já me chamaram, mas não tenho agenda. E a internet, quem começou com isso foram minhas filhas. Para mim é uma ferramenta que uso para passar meus valores. As pessoas precisam sonhar e ver pessoas que sonharam e que deram certo.

P – E aqueles US$ 500 viraram quanto? Qual seu patrimônio hoje?

AC – Não falo sobre isso, acho até deselegante em um país como o nosso. Mas certamente é muito maior do que eu mereci. Mas em termos de faturamento, só esse ano a indústria vai faturar R$ 4 bilhões, e o varejo, R$ 7 bilhões.

P – Como você vê o momento atual da indústria de chocolates no Brasil?

AC – A qualidade dos chocolates mais acessíveis, de supermercado, está cada vez pior, não? Tem um problema mundial que é a alta do preço do cacau. O cacau foi de US$ 3 mil [a tonelada] para US$ 12 mil. Agora já baixou um pouco, tá em US$ 8 mil, ainda assim é quase o triplo do preço. O chocolate ao leite de supermercado chega a 55% de açúcar, o meu tem 32%. Tenho um propósito. E não é o dinheiro.

P Porque você comprou o grupo Playcenter?

AC – Comprei porque somos Cacau Show: tem a dimensão cacau e a dimensão show. É mais que vender chocolate, é emocionar as pessoas, criar conexões, memórias afetivas. Comprei nove parques indoors e estou expandindo. O sonho é um dia poder ter um parque outdoor.

P – Os parques são todos temáticos. Chocolate para todos os lados. Alguma inspiração em Willy Wonka?

AC – Os parques e hotéis são temáticos sim, é tudo achocolatado. Temos algumas semelhanças. Sou apaixonado por chocolate e ele também. Ele tem essa magia, fantasia. Mas a diferença entre a gente é que ele é personagem de uma história e eu estou vivendo a história.