A alta volatilidade cambial e a previsão de permanência ou mesmo de acirramento da instabilidade até, ao menos, meados de 2025 estão impulsionando as empresas brasileiras a buscarem proteção para as operações internacionais. O movimento pode ser constatado nos volumes expressivos de contratos de hedge cambial e de NDF (Non-deliverable forward) fechados no Ouribank no primeiro semestre deste ano.
O banco registrou crescimento próximo de 100% nas operações com NDF e de 20% com travas cambiais comparativamente a igual período de 2023, diz Izzy Politi, diretor comercial do Ouribank. “A previsão é manter esse ritmo de expansão até o final de 2024 diante do cenário adverso no Brasil e no exterior”, diz Politi.
INSTABILIDADE – Para o executivo, a instabilidade global, com eleições e possiblidade de recessão nos Estados Unidos aliada ao aumento da inflação em mercados importantes, além das guerras em curso, explicam parte das variações bruscas, especialmente da cotação do dólar ente o real, verificadas ao longo de 2024. No cenário interno, a pressão principal sobre o câmbio é oriunda das incertezas fiscais, ele acredita.
Politi diz, entretanto, que os números resultam também de informações disseminadas pelo banco sobre a importância da proteção cambial para transações de importadores, exportadores e outros tipos de negócios realizados em moeda estrangeira, como a aquisição de empresas e imóveis. “Companhias maiores já fazem uso de instrumentos de proteção cambial rotineiramente, mas são poucas as de médio e pequeno portes, do chamado middle market, que conhecem esses mecanismos de redução de impactos da volatilidade do câmbio nos negócios. A estratégia do banco de ampliar essa divulgação tem feito com que essas empresas percebam como esses mecanismos evitam prejuízos, além de proporcionar planejamento e previsibilidade de caixa”, afirmou.
TRAVAS – Saulo Moreira de Carvalho, superintendente comercial do banco, disse que as travas de câmbio permitem fixar a taxa em vigor na data do fechamento de negócios que terão liquidação futura, sejam eles de exportação de produtos e serviços, importações e aquisição de bens. São mais indicadas para transações com datas pré-estabelecidas para recebimentos ou pagamentos de obrigações.
DERIVATIVOS – Já as operações com NDF, ou proteção cambial por meio de derivativos, são indicadas para transações em que as datas de recebimento ou pagamentos são incertas no momento do seu fechamento, pois são contratos mais flexíveis, permitindo mudanças de rota do decorrer do prazo, disse Carvalho.
Ambos os instrumentos são indicados para negócios recorrentes em moeda estrangeira, especialmente em momentos de grandes turbulências globais ou locais. “Atendem também a transações pontuais de importação e exportação, além de outras, como aquisição de empresas no exterior ou no Brasil, se for um investidor estrangeiro, e de pessoas físicas que desejam fixar uma cotação para a compra de imóvel ou o pagamento de um curso, por exemplo”, afirmou.