Fazenda deve revisar projeção do PIB. Haddad diz que é preciso olhar para o investimento para garantir crescimento com baixa inflação

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Ministro da Fazenda disse que investimentos são necessários para segurar inflação
Crédito: Diogo Zacarias/MF

BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O Ministério da Fazenda deve revisar para cima a projeção para o crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) de 2024 – atualmente em 2,5% -, mas vê risco de a atividade econômica pressionar a inflação e alta de juros como incerteza à frente.

O ministro Fernando Haddad (Fazenda) afirmou nesta terça-feira (3) que o desempenho do PIB no ano deve superar 2,7% e que a equipe econômica pode reestimar receitas para 2025 se a atividade econômica do país continuar mostrando força nos próximos meses.

A projeção mais otimista veio depois que os dados divulgados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) nesta terça mostraram que a atividade econômica cresceu 1,4% no segundo trimestre deste ano no Brasil, na comparação com os três meses iniciais de 2024.

“Nós vamos provavelmente reestimar o PIB para o ano, que deve, pela força com que vem se desenvolvendo, superar 2,7%, 2,8%. Há instituições que já estão projetando um PIB superior a 3%”, afirmou Haddad.

Em nota, a SPE (Secretaria de Política Econômica) disse que a nova projeção deverá ser mais próxima do resultado observado em 2023, quando a economia brasileira registrou alta de 2,9%. As novas estimativas da Fazenda serão divulgadas no próximo boletim macrofiscal, no dia 17 de setembro.

O chefe da equipe econômica destacou a recuperação da indústria e a variação positiva da formação bruta de capital fixo, mas citou o risco de pressão inflacionária.

“Nós temos que olhar muito para o investimento, porque é ele que vai garantir um crescimento com baixa inflação. Se nós não aumentarmos nossa capacidade instalada, vai chegar um momento em que nós vamos ter dificuldade de crescer sem inflação”, disse.

“Com o aumento de investimento, algumas indústrias ainda estão com muita margem para crescer produção, mas isso não diz respeito à economia como um todo. Tem setores que já estão inspirando atenção e os investimentos vão ter que se acelerar para que não haja gargalo na oferta”, acrescentou.

A SPE afirmou também que o ritmo de crescimento deve seguir acentuado, guiado por impulsos vindos do mercado de trabalho aquecido e por melhores condições de crédito a famílias e empresas em relação ao ano anterior.

Mas o órgão ressaltou que as incertezas para o cenário prospectivo estão relacionadas, principalmente, a decisões de política monetária, que podem afetar a recuperação do mercado de crédito.

A alta de juros no próximo encontro do Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central, agendado para os dias 17 e 18, está no radar dos economistas.

O crescimento do PIB foi comemorado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em duas postagens em redes sociais. Na primeira, celebrou o fato de que o índice se soma a outros indicadores que melhoram a qualidade de vida dos brasileiros.

“Mais uma notícia boa para a economia. O PIB cresceu 1,4% no 2º trimestre de 2024, uma alta de 3,3% em relação a um ano atrás. Crescimento que se soma ao aumento dos empregos, o consumo das famílias e melhor qualidade de vida. Sem bravata e mentiras. É isso que importa”, escreveu o presidente no Threads -uma das redes utilizada como alternativa ao X.

Mais tarde, Lula postou um quadro comparativo que mostra que o Brasil teve o segundo maior crescimento da economia no trimestre, apenas atrás do Peru e empatado com a Arábia Saudita. Atribuiu esse índice ao “trabalho”, apesar de muitos ressaltarem que se trata de sorte.

“O Brasil é medalha de prata no crescimento do PIB no mundo. Muito trabalho. Mas você já ouviu falar que é sorte, né?”

O crescimento do PIB no segundo trimestre de 2024 foi superior às estimativas mais atualizadas da equipe econômica para o crescimento desse trimestre (1,1%).

“Os resultados observados para o PIB mostraram que o ritmo de atividade seguiu em expansão no segundo trimestre de 2024, impulsionado pela recuperação da indústria de transformação e construção e pelo avanço dos serviços”, disse o órgão.

Segundo avaliação da SPE, pela ótica da demanda, a expansão foi impulsionada por maior crescimento do consumo das famílias, do governo e dos investimentos. Observou também que os impactos negativos das chuvas no Rio Grande do Sul na atividade econômica do país foram parcialmente mitigados pelas ações de apoio às famílias, empresas e governos locais.

“A expansão esperada para setores mais cíclicos e para a absorção doméstica devem direcionar o crescimento, sendo parcialmente contrabalanceadas por expectativas de recuo da atividade agropecuária, desaceleração da produção extrativa e pela menor contribuição do setor externo”, afirmou.

*Com Redação DC NEWS