As expectativas para a Black Friday de 2024 estão elevadas. De acordo com um estudo da Neotrust Confi, empresa especializada em soluções de inteligência para o varejo online, o faturamento no comércio eletrônico brasileiro durante o período promocional – de quinta-feira (28 de novembro) a domingo (1 de dezembro) – pode atingir R$ 9,3 bilhões, alta de 9,1% sobre o ano passado. Em 2023, o faturamento totalizou R$ 8,5 bilhões em todas as categorias de produtos.
Francisco Donato, superintendente-executivo da Mosaico, empresa detentora da marca Buscapé, destacou que os consumidores estão cada vez mais atentos às promoções e antecipando suas pesquisas de preços para evitar ofertas enganosas. “Um dos principais aspectos a serem aprimorados nas campanhas de Black Friday é a transparência nos descontos”, afirmou. “O varejista erra na transparência e isso deve ser amadurecido.” Donato também compartilhou, em entrevista à DC NEWS, alguns pontos cruciais que as varejistas precisam aperfeiçoar para aumentar as vendas durante esse período, como estratégias de comunicação e confiança nas ofertas. Confira a entrevista.
DCN – Como você vê o impacto da Black Friday nas outras datas comerciais no Brasil?
Donato – A Black Friday se consolidou como uma das datas mais importantes do calendário comercial brasileiro, e isso tem impacto direto sobre Dia das Mães, Dia dos Namorados e até o Natal. E muitos consumidores preferem postergar compras importantes, esperando os grandes descontos e ofertas de novembro.
DCN – O que os varejistas podem fazer em relação a isso?
Donato – Para as empresas, é fundamental entender essa mudança no comportamento de compra e planejar suas estratégias de marketing com foco em ofertas mais segmentadas e antecipadas. Algumas marcas têm investido no conceito de Black November [não concentrar as ações apenas na Black Friday], estendendo as promoções ao longo de todo o mês, o que ajuda a suavizar o impacto em outras datas e a manter o interesse dos consumidores.
DCN – Como o comportamento do consumidor mudou ao longo do tempo em relação à Black Friday?
Donato – Eles estão cada vez mais atentos às promoções, com uma antecipação maior nas pesquisas de preços e produtos. Dados do Buscapé mostram que muitos consumidores cada vez mais iniciam o monitoramento de preços com meses de antecedência, utilizando as ferramentas do assistente de compras, como alertas de preço e histórico de preços, para garantir as melhores condições.
DCN – O que o varejista pode fazer em relação a esses novos hábitos?
Donato – Um dos principais pontos a serem amadurecidos nas campanhas de Black Friday é a transparência nos descontos. O varejista que não faz isso erra. Muitos consumidores ficam desconfiados devido à prática comum de aumentar os preços nas semanas que antecedem a Black Friday, apenas para oferecer um ‘desconto’ no dia. Essa estratégia prejudica a credibilidade da marca e gera desconfiança.
DCN – Além de preço, outro ponto deve ser destacado?
Donato – Algumas campanhas falham ao não oferecer uma experiência completa para o consumidor, focando apenas no preço e negligenciando a jornada de compra, que inclui desde a comunicação clara até a entrega dos produtos.
DCN – E o que costuma funcionar?
Donato – Essencialmente, o que costuma funcionar é fazer o básico bem-feito.
DCN – E qual é esse básico bem-feito?
Donato – Isso inclui transparência nos descontos, evitando ‘falsos descontos’ e oferecendo histórico de preços para ganhar a confiança do consumidor. E pensar o conceito de Black November ajuda a manter o interesse e a mitigar questões logísticas.
DCN – Quais produtos devem se destacar?
Donato – Smartphones, continuem como foco. Linha branca e demais eletrônicos, como notebooks e tablets, também estão no radar dos consumidores. E a categoria de ar-condicionado por causa do clima.
DCN – Produtos de maior preço são os principais alvos dos consumidores?
Donato – Em geral, os itens que apresentam maior procura e monitoramento são produtos de maior preço, mas não descartamos também o aumento da procura por demais categorias, principalmente beleza e moda.
DCN – O que mais tem afetado os preços dos produtos?
Donato – Certamente, questões logísticas e as variações cambiais afetam o preço de diversas categorias de produto, o que nem sempre permite que as condições ofertadas sejam realmente vantajosas quando se compara com outros períodos do ano.
DCN – O que o varejista pode fazer?
Donato – É importante que o varejo aposte em ofertas personalizadas e contextualizadas, visando conquistar a atenção do público e maximizar as vendas durante esse período. Os consumidores estão se tornando mais seletivos, buscando produtos que ofereçam valor real. Por isso promoções transparentes e descontos significativos são tão essenciais para atrair os clientes.
DCN – O que o Buscapé considera ser o maior desafio para as varejistas durante a Black Friday?
Donato – A gestão da demanda e do estoque. Com a expectativa natural de aumento de vendas, garantir que haja estoque suficiente para atender aos consumidores é crucial. Além disso, a logística, incluindo entrega rápida e eficiente, também é uma preocupação, especialmente com o aumento das compras online.
DCN – Fraudes preocupam?
Donato – Sim. A necessidade de proteger dados dos consumidores e evitar fraudes se torna ainda mais crítica, considerando o aumento das transações online e o atual cenário em que os golpes digitais estão cada vez mais frequentes.
DCN – Em termos de segurança e confiabilidade, quais ações o Buscapé tem toma para a Black Friday?
Donato – Temos um rigoroso processo de avaliação das lojas parceiras, além de disponibilizar ferramentas que permitem aos consumidores verificar o histórico de preços e acessar avaliações detalhadas de outros compradores. Mantemos uma lista de lojas com boa reputação e recomendamos que os consumidores verifiquem a confiabilidade das lojas através de plataformas como Reclame Aqui e Procon, garantindo uma experiência de compra segura e sem surpresas negativas.