Inadimplência das empresas volta a subir e chega a 11,5% com alta da Selic, aponta Índice IMD da Multiplike

Uma image de notas de 20 reais
Volnei Eyng, CEO da Multiplike
Divulgação
  • Faixa de dívidas com mais de 360 dias de atraso registra maior variação, passando de 19,1 % em agosto para 20,4% em setembro
  • “O índice de inadimplência costuma seguir de perto as variações da taxa Selic”, afirma o CEO da empresa
Por Bruna Galati

O índice de inadimplência das empresas (acima de 90 dias) apresentou aumento após três meses de queda e atingir em junho (10,27%) o menor porcentual desde julho de 2022. No mês de setembro, fechou em 11,52%, ante 10,82% de agosto. O dado é do Índice Multiplike de Desenvolvedores (IMD), da Multiplike, empresa que oferece soluções em crédito estruturado para negócios com faturamento mínimo de R$ 12 milhões por ano. A faixa de dívidas com mais de 360 dias de atraso registrou a maior variação, passando de 19,05% em agosto para 20,37% em setembro. Da mesma forma, a inadimplência de prazos curtos, até 30 dias, subiu de 39,18% para 39,75%. Segundo o CEO da empresa, Volnei Eyng, esse crescimento é resultado do aumento da taxa Selic – na quarta-feira (6), subiu mais 0,5 ponto, de 10,75% para 11,25%. “O índice de inadimplência costuma seguir de perto as variações da taxa Selic”, afirmou Eyng.

No período em que a Selic se manteve estável, a taxa de inadimplência também estabilizou em torno de 10,82%, mas agora com o novo ciclo de alta da taxa de juros, a inadimplência já apresenta aumento. De acordo com Eyng, esse cenário leva a uma espécie de pirâmide financeira perigosa para as empresas. Em especial aquelas que operam próximas ao ponto de equilíbrio financeiro ou que possuem alto nível de endividamento.  

Segundo o CEO, a inadimplência de curto prazo, especialmente no setor de agronegócio, tem aumentado de forma expressiva devido à instabilidade dos preços das commodities nos últimos dois anos. Essa tendência se intensificou em 2023 com a guerra entre Rússia e Ucrânia, que elevou o custo dos insumos. Em 2024, a situação foi agravada pela seca e pela persistência de preços baixos, pressionando ainda mais o setor e tornando o cumprimento das obrigações financeiras um desafio.

Escolhas do Editor

Para ele, o cenário de inadimplência deve permanecer desafiador, principalmente com a taxa Selic subindo. Eyng alerta que as empresas que já operam com endividamento elevado serão as primeiras a sentir os impactos do aumento dos juros. “As dívidas de longo prazo se tornam mais difíceis de recuperar em um cenário de juros altos”, afirmou. “Muitas empresas que viam uma chance de recuperação acabam desistindo quando os custos financeiros aumentam.”  O Índice Multiplike de Desenvolvedores (IMD), da Multiplike, tem uma base comparativa de janeiro de 2022 até setembro de 2024 e é atualizado mensalmente.

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