JERUSALÉM, ISRAEL (FOLHAPRESS) – O Irã iniciou um ataque contra Israel no começo da noite desta terça-feira (1º), horas após os Estados Unidos alertarem que a ofensiva era iminente. Ao menos cem mísseis foram lançados contra o Estado judeu em resposta aos ataques contra o Hezbollah no sul do Líbano, segundo a imprensa local.
Do portão de Jaffa, na Cidade Velha, a reportagem presenciou várias explosões no céu de Jerusalém, algo não muito comum ao longo da guerra. Meia hora depois, novos estrondos foram ouvidos, e pessoas correram pelas ruas. São de mísseis interceptados pelo sistema de defesa antiaérea de Israel, o Domo de Ferro.
Há relatos semelhantes em várias partes do país. Explosões foram ouvidas também no vale do Rio Jordão, e jornalistas da agência de notícias Reuters viram mísseis sendo interceptados no espaço aéreo da vizinha Jordânia. Mais cedo, o Exército havia anunciado que qualquer ataque do Irã provavelmente seria generalizado e instruiu os moradores a se abrigarem em salas seguras em caso de ataque.
Logo após os lançamentos, a Guarda Revolucionária iraniana afirmou que dará uma resposta “mais esmagadora e arrasadora” caso Israel responda ao ataque. “Se o regime sionista reagir às operações iranianas, enfrentará ataques devastadores”, afirmou o Exército de elite do Irã em um comunicado divulgado pela agência de notícias Fars.
O presidente dos EUA, Joe Biden, falou sobre o assunto na rede social X após uma reunião realizada com a vice-presidente e candidata democrata, Kamala Harris, e a equipe de segurança nacional da Casa Branca. “Discutimos como os EUA estão preparados para ajudar Israel a se defender contra esses ataques e proteger funcionários americanos na região”, afirmou.
Em abril, Teerã revidou a um ataque israelense contra a embaixada iraniana em Damasco lançando pela primeira vez na história uma ação militar contra o Estado judeu. Só que os 330 projéteis que voaram rumo a Tel Aviv e outros pontos foram quase todos abatidos.
“Já lidamos com isso no passado”, disse porta-voz principal das Forças de Defesa de Israel, almirante Daniel Hagari. O ataque pode envolver mísseis balísticos, que viajam muitas vezes acima da velocidade do som, para dificultar sua interceptação: eles chegam aos alvos em pouco mais de dez minutos. Na ação de abril, foram empregados mais drones e modelos de cruzeiros, todos subsônicos.
A dissuasão pela presenças de dois grupos de porta-aviões dos EUA e vários outros reforços no Oriente Médio tem sido central para que Israel aja de forma quase livre em sua campanha militar atual.
Ela é um desdobramento do ataque do Hamas a Israel há quase um ano. Além da guerra em Gaza, que era governada desde 2007 pelos terroristas palestinos, Israel voltou suas baterias nas duas últimas semanas contra os libaneses.
Matou seu líder, Hassan Nasrallah, e dezenas de outros comandantes. Na noite de segunda (30), iniciou incursões terrestres visando limpar o terreno do sul do Líbano da presença do Hezbollah perto de suas fronteiras, o que forçou 60 mil pessoas para fora de casa neste ano.
As Forças de Defesa de Israel, comentando as reportagens sobre o assunto, disseram não ter identificado ainda ameaças objetivas. Já o premiê Binyamin Netanyahu havia divulgado mais cedo que a situação no país é delicada e que os moradores deveriam obedecer as orientações do comando de defesa doméstica.
Nesta terça, ele incluiu Tel Aviv e Jerusalém no rol de cidade com restrições parciais de reunião e com o veto a trabalho presencial em locais sem abrigos próximos.
Para o Irã, um ataque enseja riscos grandes, como o de ver uma retaliação maciça, particularmente voltada às instalações de seu programa nuclear na sua tréplica de abril, Israel demonstrou com um ataque inócuo ter capacidade de atingir a região que concentra laboratórios e instalações atômicas.
Por outro lado, deixar um aliado exposto aos elementos em momento de crise reduz a influência do Irã na região, o que presumivelmente está elevando a pressão da linha-dura do regime por alguma ação, mesmo que sem buscar uma escalada total.
Outra opção na mesa é uma coordenação com os houthis do Iêmen, grupo rebelde também bancado pelo Irã que tem lançado ataques pontuais ao Estado judeu.