ARACAJU, SE (FOLHAPRESS) – A Justiça Eleitoral determinou nesta quinta (29) que a Record conceda um direito de resposta a Guilherme Boulos (PSOL-SP) dentro do programa Balanço Geral por causa de uma acusação feita pelo autointitulado coach Pablo Marçal (PRTB-SP) durante uma entrevista.
Na última sexta (23), Marçal afirmou a Reinaldo Gottino, apresentador do programa, que Boulos era usuário de cocaína. “O candidato afirmou, por meio do gesto de levar a mão ao nariz e aspirar, que este é a único fato que define seu adversário político”, diz a ação.
A Folha de S.Paulo teve acesso a sentença do caso, que foi julgada pela juíza eleitoral Claudia Barrichello. Em sua defesa, Marçal alegou nos autos que ele estava tapando as narinas por causa de um odor que acometia os estúdios da emissora.
A juíza, no entanto, discordou veementemente da tese de Marçal. Na sua interpretação, houve clara ofensa pessoal de Pablo Marçal a Boulos, mesmo que de forma indireta.
“Certamente o gesto não tem nenhuma referência a odor desagradável e qualquer pessoa que assiste o vídeo imediatamente o relaciona ao uso de substância entorpecente (cocaína) pelo candidato Guilherme Boulos. A tese de defesa é criativa, mas não convence”, disse ela na sentença.
A Justiça Eleitoral deu até 48 horas para a Record exibir o direito de resposta favorável à Guilherme Boulos, após o recebimento da mídia que conta com a resposta.
Como informou a Folha na última quarta (28), Pablo Marçal diz que Guilherme Boulos é usuário de cocaína por causa de um homem de mesmo nome, que responde pela ação. O homônimo se chama Guilherme Bardauil Boulos, um empresário que hoje, coincidentemente, disputa uma vaga na Câmara Municipal de São Paulo pelo Solidariedade. O candidato a prefeitura é registrado como Guilherme Castro Boulos.
É a primeira vez nesta campanha eleitoral que uma emissora sofre com sanções judiciais por causa de falas polêmicas de Pablo Marçal, que teve suas páginas no Instagram suspensas no fim de semana.
Emissoras de televisão têm convidado Marçal para entrevistas, mas existe insegurança nos bastidores justamente por causa de punições que podem acontecer da Justiça contra emissoras por suas falas.
Procurado pela Folha de S.Paulo, Pablo Marçal não respondeu aos contatos. A Record não comenta casos judiciais.