SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A dois dias das eleições, o candidato a prefeito Pablo Marçal (PRTB) fez um importante aceno aos eleitores bolsonaristas e afirmou ser a favor do impeachment do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, aderindo à principal bandeira da direita no momento.
Marçal afirmou já ter sido vítima de Moraes. “Nesses últimos dois anos, eu fiquei na minha, mas foi o Alexandre de Moraes que cancelou a minha candidatura para presidente da República em 2022”, disse em entrevista ao canal digital Revista Timeline, apresentado pelo bolsonarista Allan dos Santos.
O posicionamento, segundo o candidato, se deu ao final da campanha para evitar qualquer ação judicial que impedisse sua candidatura. “Não poderia ter feito isso antes estando em um partido de pouca expressão, agora não tem mais o que fazer”, disse. “Fiz questão de segurar essa informação o tempo inteiro para entregá-la nas suas mãos no último momento.”
Sua opinião sobre o assunto foi cobrada de diversas formas durante a campanha, sobretudo pelo pastor Silas Malafaia, aliado de Jair Bolsonaro (PL), e um dos principais críticos de Marçal. O ex-presidente declarou apoio a Ricardo Nunes (MDB), que também disputa o eleitorado de direita.
Pela primeira vez desde a durante o debate da TV Cultura, no dia 15 de setembro, Marçal cumpriu sua agenda de campanha sem usar gesso na mão direita, atingida pela cadeirada de José Luiz Datena (PSDB).
Ao ser questionado sobre a necessidade da imobilização, Marçal afirmou que precisou ficar engessado por quatro semanas para recuperar a lesão na base do polegar. O Hospital Sírio-Libanês, onde ele ficou internado, descartou fraturas, assim como o parecer do médico legista do Instituto Médico Legal (IML) que fez o exame de corpo delito.
Mais cedo, Marçal fez uma caminhada pelo Brás, na região central de São Paulo, e ironizou a candidata Tabata Amaral (PSB).
“A doutora Tabata de Harvard falou que eu podia tirar, eu tive que tirar”, disse ele.
No debate da Globo, Tabata criticou Marçal, dizendo que ele usava um “gesso cenográfico”. “A gente não sabe quem ganhou o debate, mas quem perdeu, certeza que foi o Ricardo Nunes. Ele é um cara fraco”, afirmou.
O autodenominado ex-coach disse ter aprovado o debate da Globo, mas afirmou que Guilherme Boulos (PSOL) deveria ter recebido uma advertência ao mostrar às câmeras uma folha com o resultado de seu exame toxicológico. Sem apresentar provas, Marçal disse que o exame apresentado pelo adversário é falso.
Desde o início da campanha, Marçal acusa o concorrente do PSOL de usar cocaína. Uma reportagem da Folha revelou que Marçal usava uma pessoa com o mesmo nome de Boulos para sustentar a acusação. Antes de caminhar pelo comércio local, o candidato prometeu flexibilizar o tombamento de imóveis no centro, para atrair turismo e gastronomia. Também afirmou que vai acabar, em definitivo, com a cracolândia.
Na chegada do influenciador ao Brás, apoiadores protagonizaram um empurra-empurra em um shopping center da região, na tentativa de ter uma fotografia com o candidato.
Pouco antes de iniciar a caminhada, Marçal afirmou que ninguém poderá tirar a liderança do ex-presidente. “Bolsonaro é Bolsonaro. Ele é um mito. O primeiro cara de direita que se sentou na cadeira de presidente da República. A direita do Brasil nunca esteve tão forte. Isso é tentativa de esquerda de fazer divisão”, disse ele.
“A direita vai a partir de agora entrar num processo de exponencialização com novos líderes. Eu estou aqui porque o Bolsonaro provou que tem como. Bolsonaro é o movimento, ninguém tira isso dele. Diferente da esquerda, a direita não tem dono.”