Com ou sem o Perse, mercado de eventos espera faturar 8,4% mais e criar 45,2 mil vagas em 2025

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Reaquecimento de festivais e grandes feiras ajudará a sustentar crescimento em 2025
(Adriano Vizoni / Folhapress)
  • Fim da desoneração fiscal pode diminuir o ritmo de crescimento do setor, mas não impedirá os avanços deste ano
  • Em março, as vagas do setor de eventos já estavam 71,3% acima do período pré-pandemia
Por Anna Scudeller

[AGÊNCIA DC NEWS]. O setor de eventos espera atingir novo auge até dezembro – com ou sem o Programa Emergencial de Retomada do Setor de Eventos (Perse). A Associação Brasileira de Promotores de Eventos (Abrape) estima crescimento de 8,4% no faturamento, para R$ 141,1 bilhões, e a criação de 45,2 mil postos de trabalho em 2025. Segundo Doreni Caramori Júnior, presidente da Abrape, a afirmação se dá porque o setor está em um momento positivo e com alta empregabilidade. “Em março, [as vagas] do setor de eventos já estavam 71,3% acima do período pré-pandemia”, disse.

Em tese, o Perse acabou no mês de abril, quando o teto de R$ 15 bilhões destinados ao programa teria sido alcançado. Mas uma simples busca no Google mostra que escritórios de advocacia oferecem o serviço para conseguir na Justiça prorrogar o auxílio que era para ser emergencial – e a Justiça já tem dado ganho a algumas empresas. Segundo Caramori Júnior, mesmo com o fim do benefício, não há motivo para desespero, uma vez que o setor seguirá robusto, ainda que precise se adaptar.

Para ele, o que pode ocorrer é uma mudança na velocidade do avanço. “O setor continuará crescendo, fruto dos investimentos feitos no passado, mas talvez em ritmos menores.” Com espaço para crescer e mão de obra para contratar, hoje a principal demanda do setor é por mudanças na legislação, em especial nas regras de contratação de colaboradores. Ao final de 2024, a Abrape estimou que 496 mil pessoas estavam diretamente envolvidas no segmento – entre vagas formais, informais, MEIs e empregadores. Segundo ele, a parcela de invisíveis – os informais – é ainda maior. E isso precisa mudar.

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QUESTÕES TRABALHISTAS – O executivo afirma que a entidade tem “grande interesse” e acompanha de perto as discussões em Brasília que tratam sobre questões trabalhistas, tanto para as relações formais quanto para a prestação de serviços. “Há muito o que aprimorar, mas vale ressaltar que o cenário melhorou após a Reforma Trabalhista com a contratação intermitente”, disse Caramori Júnior. O trabalho intermitente é a modalidade de contrato em que a prestação de serviços não é contínua.

De toda forma, o problema com a contratação permanece, para Ricardo Dias, presidente da Associação Brasileira de Eventos (Abrafesta), entidade que reúne empresários que organizam, em sua maior parte, eventos sociais e festas. Ele afirma que os desafios de se trabalhar com MEI no fornecimento de mão de obra ainda são grandes. Dias afirma que o governo federal impõe travas de contratação, com regras distintas para fornecedores e atravessadores. “É vínculo trabalhista, é vínculo de tudo, é insegurança jurídica geral. E isso aprofunda a informalidade.”

Dias acredita que não será possível atingir o patamar de contratações projetado pela Abrape até o fim do ano. Ele afirma que a leitura é distinta porque as entidades representam diferentes players. Enquanto a Abrape contempla o setor de forma ampliada, Abrafesta teria como a maior parte dos associados micro, pequenas e médias empresas e estas, segundo Dias, “ainda estão se reerguendo do impacto da pandemia”.

Conforme o Radar Econômico Abrape, em março de 2025, o setor de recreação movimentou R$ 11,3 bilhões, o maior valor mensal já registrado na série histórica. No acumulado de janeiro a março, o consumo chegou a R$ 34,2 bilhões, aumento de 3,2% em relação ao mesmo período de 2024. “Agora é hora de manter o ritmo e garantir que esse impacto positivo se multiplique nos próximos anos”, afirmou Caramori Júnior. Ao todo, de acordo com a Abrape, o setor de eventos soma 654,1 mil empresas em operação – o equivalente a 3% dos 22 milhões de CNPJs em atividade no Brasil. Juntas, elas pagam R$ 42,3 bilhões em impostos ao ano, o que representa 1,2% dos R$ 3,6 trilhões pagos em tributos no país em 2024.

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