São Paulo, 5 de fevereiro de 2025 – A Nissan está prestes a abandonar as negociações defusão com a Honda, segundo duas fontes ouvidas pela agência Reuters. O impasse coloca em dúvida acriação de uma aliança de US$ 60 bilhões, que formaria a terceira maior montadora do mundo, epode deixar a Nissan sozinha em seu plano de reestruturação. As discussões entre as duas empresasjaponesas foram complicadas por divergências crescentes, especialmente após a Honda propor que aNissan se tornasse sua subsidiária, algo que a Nissan rejeitou por considerar uma mudança emrelação à ideia inicial de uma fusão entre iguais.
A Honda, cujo valor de mercado é cerca de cinco vezes maior que o da Nissan (7,92 trilhões deienes contra 1,44 trilhão de ienes), demonstrou preocupação com o progresso da rival em seu planode recuperação. Enquanto as ações da Nissan caíram mais de 4% na Bolsa de Tóquio após rumoresde que a empresa desistiria das negociações, as ações da Honda subiram mais de 8%, refletindo oalívio dos investidores. Ambas as empresas afirmaram que o relatório do jornal Nikkei não foibaseado em informações oficiais e que esperam definir o rumo das negociações até meados defevereiro.
A Renault, parceira de longa data da Nissan e detentora de 36% de suas ações, declarou quedefenderia “vigorosamente” os interesses do grupo e de seus acionistas. A montadora francesa jáhavia se mostrado aberta, em princípio, à fusão entre as japonesas. No entanto, o possívelfracasso das negociações levanta dúvidas sobre a capacidade da Nissan de superar sua crise atualsem ajuda externa, especialmente em meio a um plano de reestruturação que prevê cortes de 9 milempregos e redução de 20% da capacidade global de produção.
A fusão entre Honda e Nissan, anunciada em dezembro, visava criar a terceira maior montadora domundo em vendas, fortalecendo as empresas diante da crescente concorrência de fabricantes chinesesde veículos elétricos, como a BYD, e de possíveis tarifas impostas pelo governo dos EUA. Noentanto, a Nissan enfrenta desafios adicionais devido à sua exposição a tarifas entre EUA eMéxico e ao impacto da transição para veículos elétricos, agravado pela crise gerada após aprisão de seu ex-presidente, Carlos Ghosn, em 2018.
O controle parece ter sido um ponto central de discordância entre as duas empresas. Analistassugerem que a Honda pode ter desistido da fusão por não conseguir garantir o controle desejado.Inicialmente, as empresas planejavam definir o rumo da integração até o final de janeiro, mas oprazo foi estendido para meados de fevereiro. Além disso, a Mitsubishi Motors, parceira menor daNissan, também considerou participar da fusão, mas fontes indicam que pode não seguir adiante como acordo.
Vanessa Zampronho / Safras News
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