Pablo Marçal responde a Bolsonaro e diz que não irá retroceder

Uma image de notas de 20 reais
Do total de candidaturas registradas nas capitais, apenas 40 serão lideradas por mulheres, o que equivale a 20,8% dos candidatos às prefeituras
Crédito: Alejandro Zambrana/Secom/TSE

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Após ter sido chamado de mentiroso por Jair Bolsonaro (PL), Pablo Marçal respondeu ao ex-presidente nesta terça-feira (20) e disse que não irá retroceder em sua campanha à Prefeitura de São Paulo. “Me perdoe”, disse o autodenominado ex-coach em vídeo divulgado em suas redes sociais.

“Meu respeito a você, mas o povo de São Paulo não vai prestar continência nem pra vagabundo de Boulos nem pro banana do Nunes que é um comunista com seu secretariado nojento. Me desculpe”, afirmou.

“Eu não vou me retroceder. Me perdoe”, disse depois o influenciador e empresário.

Marçal afirmou ainda que seguiu todos os conselhos de Bolsonaro e que o ex-presidente disse a ele diversas vezes: “Só não atrapalhar que vai cair no seu colo”.

No final de semana, depois da crise entre o bolsonarismo e Ricardo Nunes (MDB), o ex-presidente afirmou à CNN que o candidato Marçal é mentiroso e deu uma série de declarações em que se realinha com a campanha emedebista e reitera o apoio à reeleição do prefeito.

Bolsonaro afirmou à CNN no sábado (17) que é mentira a declaração de Marçal de que nunca foi pedir apoio ao ex-presidente. Em junho, os dois estiveram juntos em Brasília, mas o influenciador deixou o encontro afirmando que não chegou a pedir apoio, apenas conselhos —versão que o ex-presidente rebateu.

Também no fim de semana, segundo a colunista Raquel Landim, do UOL, Bolsonaro enviou um vídeo a sua lista de transmissão no WhatsApp em que critica Marçal.

“Certas coisas você não precisa experimentar para saber que é um produto estragado. Meu candidato em São Paulo é Ricardo Nunes”, diz a mensagem. Ele também compartilhou um vídeo em que Marçal afirma que Bolsonaro e Lula (PT) são “farinha do mesmo saco”.

Nesta segunda-feira (19), o candidato a vice de Nunes, Ricardo Mello Araújo (PL), que foi indicado por Bolsonaro para a chapa, publicou um vídeo em suas redes sociais em que o ex-presidente também declara apoio a Nunes “para que não haja dúvida”.

As declarações marcam uma mudança de tom do ex-presidente, que havia elogiado Marçal na quinta-feira (15) e deixado explícita a sua contrariedade com Nunes, apesar do compromisso partidário de apoiá-lo.

Em entrevista à Rádio 96 FM, de Natal, Bolsonaro havia elogiado o que chamou de “figura nova do Pablo Marçal”. “Fala muito bem, uma pessoa inteligente, tem suas virtudes. Não tem experiência, mas faz parte.”

Ele disse ainda que Nunes não é seu “candidato dos sonhos”, mas que assumiu o compromisso de ajudá-lo.

Segundo uma pessoa próxima de Bolsonaro, caciques partidários pressionaram o ex-presidente a corrigir o discurso e anunciar, mais uma vez, que está com o prefeito. O pedido teria partido do presidente do PL, Valdemar Costa Neto, do presidente do PP, Ciro Nogueira, e do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos).

Tarcísio já manifestou a aliados, diversas vezes, preocupação com o crescimento do influenciador. Ele foi peça-chave no processo de aceitação de Mello Araújo como vice de Nunes, defendendo que a indicação seria importante para amarrar o ex-presidente com o prefeito e estancar a onda Marçal.

O entorno de Bolsonaro está incomodado com Nunes porque, mesmo depois de ter aceitado o ex-Rota na vice, o prefeito vinha evitando explorar a imagem do ex-presidente em sua campanha. O emedebista segue numa corda bamba: precisa do eleitorado de Bolsonaro, mas teme herdar a rejeição do aliado e perder votos do campo moderado.

Nunes não empolga os aliados do ex-presidente por ser visto como alguém que evita o confronto e que não é verdadeiramente alinhado às pautas do grupo.

Enquanto o prefeito patina entre os bolsonaristas, o autodenominado ex-coach avança neste eleitorado, como mostrou o último Datafolha, do início de agosto. Ele conquistou, até agora, 29% das preferências entre os que escolheram o ex-presidente em 2022, ante 22% no levantamento anterior, de julho.

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