RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – Dados da pesquisa Datafolha mostram que o prefeito Eduardo Paes (PSD) mantém um viés de alta em suas intenções de voto para a reeleição a partir do avanço sobre eleitores petistas e evangélicos, somado à manutenção de um “núcleo de apoio” entre bolsonaristas.
Os resultados vão ao encontro da principal preocupação temática do prefeito, que vem dedicando especial atenção ao eleitorado evangélico. As intenções de voto neste grupo (55%) se aproximaram ainda mais do patamar de todos os entrevistados (59%).
A estratégia de campanha de Paes vem, segundo indicam os dados, dificultando o avanço do deputado Alexandre Ramagem (PL) sobre os eleitores de Jair Bolsonaro (PL), principal fiador de sua candidatura. O ex-presidente o apoia, mas ainda não fez nenhuma agenda pública com ele desde o início da campanha.
A estratificação dos dados do Datafolha não permite falar em crescimento ou queda na maioria dos grupos, já que a margem de erro se amplia com o fatiamento da amostra. Mas a tendência indicada pelas oscilações nas três pesquisas já realizadas dá sinais sobre os avanços dos candidatos.
O movimento que mais chama atenção é o resultado entre os eleitores evangélicos, geralmente associados ao bolsonarismo.
Paes saiu de 46% no início de julho para 49% no fim de agosto e, agora, aparece com 55%. Ramagem, por sua vez, manteve patamar semelhante nas três pesquisas: 9%, 11% e 12%. A margem de erro nesse grupo foi de 8 pontos em julho e 6 em agosto e setembro.
Contratada pela Folha e pela TV Globo, a pesquisa do Datafolha, registrada no TSE sob o número RJ-07390/2024, ouviu 1.106 eleitores de terça-feira (3) até esta quarta-feira (4). O intervalo de confiança é de 95%.
O principal movimento de Paes no setor foi firmar aliança com o deputado federal Otoni de Paula (MDB). O bolsonarista se tornou coordenador de campanha do prefeito entre evangélicos e vem participando de constantes agendas com o candidato à reeleição.
Paes também conseguiu apoio de lideranças da Igreja Universal, o que impediu Ramagem de ter a deputada estadual Tia Ju (Repubulicanos), vinculada à denominação, como vice de sua chapa.
Na semana passada, uma sequência de publicações em redes sociais refletiu a vantagem de Paes sobre este eleitorado em relação a Ramagem, apesar da associação ao bolsonarismo.
O prefeito participou de um culto e recebeu bênção do pastor Josué Valandro Jr., da Igreja Batista Atitude, frequentada pela ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro. No mesmo dia em que a imagem foi divulgada, Ramagem foi participar de uma cerimônia no mesmo local.
As movimentações do prefeito permitem também a manutenção, a um mês do primeiro turno, do mesmo patamar de apoio entre adeptos de Bolsonaro, mesmo com avanço de Ramagem.
Entre os que se declaram bolsonaristaa, a intenção de voto em Paes oscilou de 42% em julho para 43% no fim de agosto e, agora, é de 40%. Já no grupo de entrevistados que informou ter votado no ex-presidente em 2022, o prefeito teve a seguinte sequência: 43%, 44% e 45%.
Ramagem registra avanços significativos nesses dois grupos. Entre bolsonaristas, saiu de 17% em julho para 31% dois meses depois. Entre os que votaram em Bolsonaro, foi de 18% para 29%.
O avanço de Paes também tem cores petistas, segundo os dados, apesar da “distância segura” que o prefeito tem mantido do presidente Lula. Paes tem exibido na campanha parcerias com o governo federal, mas ressaltado ter diferenças com o aliado petista.
Paes tinha no início de julho 65% das intenções de voto entre os entrevistados que se declaravam petistas. O percentual foi para 71% no fim de agosto e, agora, está em 74%. Movimento semelhante se deu entre aqueles que votaram no presidente Lula em 2022: saindo de 67% em julho, para 71% em agosto e, agora 73%.
O resultado indica que tem sido infrutífera a tentativa do deputado Tarcísio Motta (PSOL) de reivindicar maior proximidade com as bandeiras progressistas para atrair petistas da cidade. Ele tem a intenção de voto de 12% dos entrevistados que votaram em Lula em 2022 tinha 15% há dois meses.