PagBank divulga lucro líquido recorde de R$ 542 milhões no trimestre e ações desabam 14,4% em um dia. Entenda por quê

Uma image de notas de 20 reais
Em julho de 2024, o ticket médio dos empréstimos chegou a R$ 7 mil
Crédito: Daniel Dan/Reprodução
  • TPV (quantidade total de transações de pagamento processadas pela instituição) tem crescimento anual de 34%
  • Analista da CM Capital diz que queda das ações está relacionada à realização de lucros após período de valorização significativa
Por Bruna Galati

O PagBank (PAGS34), banco digital e empresa de meios de pagamento, divulgou seus resultados financeiros do segundo trimestre de 2024 na terça-feira (20). O lucro líquido de R$ 542 milhões é o maior da história da instituição e foi 30,5% superior ao mesmo período do ano passado. No semestre, a performance foi anda mais robusta: alta de 31,8%, para R$ 1,1 bilhão. Na adquirência, o TPV (quantidade total de transações de pagamento processadas pela instituição) também foi recorde e alcançou R$ 124,4 bilhões, crescimento anual de 34%. “Temos quase 32 milhões de clientes. E os números consolidam o PagBank como um banco sólido”, afirmou o CEO da instituição, Alexandre Magnani. Ainda assim, o mercado fez sua própria leitura, num misto de horizonte menos lucrativo e realização de lucro, levando os papéis da empresa a registrar uma queda de 14,4% em apenas um dia – na quarta-feira (21).

E o que leva resultados recordes a uma queda desse porte? Alguns motivos. De acordo com Alex Carvalho, analista da CM Capital, a queda das ações do PagBank está relacionada, em parte, à realização de lucros. Após um período de valorização significativa. Em um ano, o preço subiu 75% – apenas este ano, 30%. Desde o início de agosto até o dia 20, alta de 12%. Embolsar porcentuais em dois dígitos altos é parte da dinâmica que fez investidores saírem. Além disso, apesar de os números de faturamento serem sólidos, o relatório da empresa revela movimentações que preocupam os investidores, como maior exposição em vendas e marketing. “Isso gera apreensão no mercado, que está mais cauteloso em relação aos próximos resultados”, afirmou Carvalho, lembrando também que o EBT (Lucro Antes dos Impostos) veio abaixo das projeções do mercado.

Analistas do CitiBank ouvidos pela agência Reuters afirmaram que “a empresa continua a ganhar participação de mercado rapidamente, mas está avançando para segmentos menos lucrativos, levantando preocupações sobre tendências de rentabilidade.” A Reuters também cita o time de analistas do Goldman Sachs. Em relatório, eles reconhecem os bons resultados do PagBank, mas fazem ressalvas: “Os custos e despesas foram modestamente maiores do que o esperado”. Artur Schunck, CFO do PagBank, disse que a instituição tem conseguido equilibrar crescimento com rentabilidade. “O crescimento da receita acelerou nos últimos trimestres e nossos investimentos na expansão dos times comerciais, de ações de marketing e na melhoria no atendimento ao cliente sem comprometer o crescimento dos lucros, dão fôlego para revisarmos para cima nosso guidance de TPV e de lucro líquido recorrente”, afirmou.

Escolhas do Editor

DIGITAL – A boa performance dos resultados se mostra também no segmento de banco digital. O PagBank registrou crescimento de 52% no segundo trimestre de 2024, em comparação com o mesmo período do ano anterior, alcançando R$ 76,4 bilhões. Esse desempenho foi impulsionado por um volume recorde de depósitos, que atingiu R$ 34,2 bilhões – alta de 87% em relação ao ano passado e 12% em relação ao trimestre anterior. A carteira de crédito cresceu 11% na base anual, totalizando R$ 2,9 bilhões. A empresa informou que o crescimento foi impulsionado por produtos de baixo risco e alto engajamento, como crédito consignado, cartão de crédito e antecipação do saque-aniversário do FGTS, além da retomada da concessão de outras linhas de crédito. Em agosto, a companhia recebeu a classificação máxima AAA.br da Moody’s. O CEO Magnani afirmou que o rating “reflete a forte capacidade do PagBank de cumprir suas obrigações financeiras.”

Com o fechamento do primeiro semestre de 2024, a empresa revisou para cima suas projeções de crescimento tanto para o TPV quanto para o lucro líquido recorrente. Agora, a expectativa é de que o TPV avance entre 22% e 28% neste ano, superando com folga o intervalo de 12% a 16% previsto anteriormente. Número que alguns analistas classificam como bastante otimista. Em relação ao lucro líquido recorrente, a companhia também ajustou suas metas, esperando agora crescimento entre 19% e 25%, acima da faixa de 16% a 22% divulgada no início do ano. Alex Carvalho, da CM Capital, acredita que o preço dos papéis tenha nova inflexão de alta. “As expectativas para a continuidade do movimento de reversão e recuperação, que começou no final de 2023 e se estendeu por 2024, são ainda mais positivas”, disse. “A projeção é de alta para o ativo, com o preço-alvo estimado em R$ 21 até o final de 2024.” Um excelente potencial de +53%.

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