Uma pesquisa do Itaú Empresas em parceria com o Instituto Locomotiva coloca luz nos desafios enfrentados pelos empreendedores de pequenas e médias empresas (PMEs) no Brasil. A pesquisa, que ouviu mil donos de negócios situados em diferentes regiões do país, mostra que 98% desses empreendedores são responsáveis por decisões estratégicas em pelo menos cinco áreas dentro de sua operação. Além disso, 96% acumulam a execução de tarefas em uma média de quatro setores diferentes de seu negócio e 84% dizem que sentem dificuldades para crescer e inovar.
Para Carlos Eduardo Peyser, diretor do Itaú Empresas, o acúmulo de responsabilidades afeta diretamente a capacidade de crescimento das empresas. “Muitos empreendedores ainda não se sentem prontos para crescer ou não têm os ferramentais necessários.” A falta de confiança em outro profissional para fazer o trabalho é mais um problema, segundo Peyser. De acordo com a pesquisa, um terço dos entrevistados afirmou ser o único responsável pelas operações, o que reflete um cenário de solidão na tomada de decisões e gestão do negócio.
Renato Meirelles, presidente do Instituto Locomotiva, disse que esse acúmulo de funções impacta não apenas o desempenho empresarial, mas também a saúde e a qualidade de vida dos empreendedores. “Quem cuida apenas do operacional perde tempo que poderia ser usado para impulsionar o crescimento do negócio”. O estudo apontou ainda que os empreendedores de PMEs enfrentam desafios como cenário externo e competitivo.
MAIS DADOS – Do total de entrevistados, 84% apresentam dificuldade de aumentar o faturamento e fazer a empresa crescer; 82% afirmam que são impactados pelas crises econômicas; além disso, 79% não vão bem com a gestão financeira; 78% se deparam com problemas com a concorrência; 75% para controlar despesas e cortar custos; e 68% disseram que têm dificuldade de lançar novos produtos e serviços. Além da sobrecarga interna, 74% dos líderes das PMEs acreditam que a região onde suas empresas estão localizadas recebe menos incentivos e apoio para se desenvolver em comparação a outras no país; os empreendedores do Nordeste têm esse sentimento mais presente, relatado por 87% dos entrevistados.
Para o presidente do Instituto Locomotiva, a pesquisa apresenta a visão de uma camada de empresários que se sentem solitários e esquecidos. “O potencial desse segmento deveria ser olhado com mais intencionalidade.” A visão de futuro divide os empreendedores. Dos entrevistados, 60% têm a expectativa de crescer nos próximos 12 meses, enquanto 38% pretendem permanecer do mesmo tamanho e 2% acreditam que sua empresa será reduzida.
O Instituto Locomotiva entrevistou mil empreendedores que empregam, em média, 15 pessoas e têm 79% de seus negócios com mais de cinco anos de existência. O estudo abrangeu empresas de diversos setores, como comércio e varejo, indústria, serviços e agropecuária. A divulgação do estudo aconteceu em dezembro de 2024.