São Paulo, 6 de março de 2025 – A presidente do Banco Central Europeu (BCE), ChristineLagarde, destacou os impactos das tensões comerciais na economia da zona do euro. Ela apontou que aameaça do ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de impor tarifas à região resultou emuma redução nas exportações e um menor interesse por investimentos.
Durante a coletiva de imprensa após a decisão do BCE de cortar as três principais taxas dejuros em 0,25 ponto percentual (pp), Lagarde apelou aos governos da União Europeia (UE) parafortalecerem a competitividade do bloco, a fim de mitigar essas pressões econômicas.
A presidente também se mostrou otimista em relação ao processo de desinflação, afirmandoque ele está bem encaminhado. Segundo ela, com isso, a política monetária do BCE se tornousignificativamente menos restritiva. Ao comentar a revisão para cima da perspectiva de inflaçãopara 2025, que passou para 2,3%, Lagarde atribuiu a mudança principalmente à “dinâmica mais fortedos preços da energia”.
Em relação ao crescimento econômico, Lagarde observou que os riscos permanecem voltados parao lado negativo, devido a fatores como as tensões comerciais, as preocupações geopolíticas e umaperto monetário mais demorado do que o previsto. No entanto, ela apontou que o consumo domésticoe o investimento podem impulsionar o crescimento, com o alívio nas taxas de juros e a queda nainflação. Ela também mencionou que o aumento dos gastos com defesa e infraestrutura pode ser umfator relevante para a aceleração do crescimento.
Em termos de inflação, Lagarde explicou que as fricções comerciais estão contribuindo paraa depreciação do euro, o que, por sua vez, eleva os custos de importação. No entanto, aredução nas exportações da zona do euro devido às tarifas, assim como o “redirecionamento deexportações de países com excesso de capacidade”, podem gerar uma pressão deflacionária. Elatambém destacou que os gastos em defesa e infraestrutura podem exercer uma pressão inflacionáriadevido ao aumento da demanda agregada.
Quando questionada repetidamente sobre se as taxas de juros continuariam a cair, Lagardeenfatizou que o BCE não segue um caminho predeterminado. “O cenário no momento está nublado comincertezas”, afirmou. “Teremos que ser extremamente vigilantes. Teremos que ser ágeis. Se os dadosindicarem que a postura monetária mais apropriada é um corte, será um corte. Se não for cortar,então será uma pausa.”
Lagarde também observou que a postura monetária do BCE está sendo ajustada com base nasinformações econômicas mais recentes, mas que o banco central permanecerá atento às condiçõesdo mercado e flexível para responder conforme necessário
Larissa Bernardes- larissa.bernardes@cma.com.br (Safras news)
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