São Paulo, 22 de julho de 2025 – Os índices futuros americano abriram em instabilidade e as bolsaseuropeias em queda. O mercado fica de olho, nesta terça-feira, ao discurso do presidente do FederalReserve (Fed, banco central dos EUA), Jerome Powell, durante evento em Washington. As críticas dopresidente dos Estados Unidos, Donald Trump, a Powell têm se intensificado nos últimos dias. Opresidente pressionou o chair do Fed a reduzir os juros e, recentemente, atacou os custos da reformada sede da instituição em Washington – um projeto de US$ 2,5 bilhões que ultrapassou oorçamento. Trump sugeriu haver fraude no processo e indicou que isso poderia justificar a remoçãode Powell do cargo.
O secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Scott Bessent, afirmou ontem que o Fed precisa serexaminado como instituição e avaliado quanto à sua eficácia. Ele evitou comentar uma reportagemque sugeria que ele teria aconselhado Trump a não demitir Powell, afirmando que essa seria umadecisão exclusiva do presidente. No entanto, destacou a necessidade de revisar o papel e odesempenho da autoridade monetária. “Acredito que o que precisamos fazer é examinar toda ainstituição do Federal Reserve e se ela teve sucesso”, disse. Segundo o secretário, há exageronas preocupações sobre os impactos das tarifas sobre a inflação. “Há muito alarmismo sobretarifas, mas vimos pouco ou nenhum efeito inflacionário até agora”, afirmou. Bessent deve abordaro tema nesta noite, em um discurso no Fed, durante uma conferência regulatória.
Para o presidente do Fed Chicago, Austan Goolsbee, os juros do banco poderão ser reduzidos a partirdo ano que vem. Em entrevista ao podcast diário do Daily Wire, Goolsbee afirmou estar “um poucocauteloso” diante dos sinais de que as tarifas têm elevado a inflação de bens, de acordo com oíndice de preços ao consumidor de junho. Apesar dessa preocupação, o dirigente avaliou que oquadro econômico geral segue positivo. Segundo Goolsbee, as mudanças recentes nas políticaseconômicas têm gerado incertezas, mas não o suficiente para afastar o Fed do objetivo de trazer ainflação de volta à meta de 2%. “Ainda vejo cenário para eventuais cortes de juros daqui a cercade um ano, caso as tendências atuais se mantenham”, declarou o presidente do Fed regional.
Ainda nos EUA, os investidores ficam atento à temporada de balanços com os resultados do segundotrimestre. Nesta semana saem os números da LVMH, Equinor, Anglo American, Roche, Nestlé,TotalEnergies, Volkswagen, Verizon, Lockheed Martin, Coca-Cola, General Motors, Alphabet, Tesla, GEVernova, AT&T, IBM, Intel e DOW.
Por aqui, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que a guerra tarifária entre o Brasil e osEstados Unidos vai começar quando ele responder o presidente norte-americano, Donald Trump. Eleafirmou que, além dos ministros que trabalham pela resolução da questão, “os empresáriosprecisam conversar com as suas contrapartes nos Estados Unidos, por que quem vai sofrer com issosão os próprio empresários”.
O presidente também mencionou a falta de conhecimento de Trump em relação ao superávitcomercial. “Ou seja, o Brasil tem um déficit de US$ 400 bilhões em 15 anos. Ele tem que levar issoem conta. E tem que levar em conta que a nossa relação é muito forte, muito diplomática.” Lulatambém rebateu as críticas de que é ‘radical’ e disse que teve boas relações com osex-presidentes anteriores a Donald Trump, Bill Clinton, George W. Bush e Joe Biden. “Se ele quiser,a nossa relação será a melhor possível. Acontece que dois chefes de Estado precisam conversar.Não acho errado ele defender os interesses dos Estados Unidos, mas eu também defendo os interessesdo Brasil.”
Ontem, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, descartou retaliações automáticas aos EUA, masdisse que o governo está se preparando para diferentes cenários. “Temos planos de contingênciapara qualquer decisão que venha a ser tomada pelo presidente Lula. Planos de contingência somosobrigados a fazer, é uma situação emergencial que não se imaginava há 15 dias.” Segundo ele, asações não visam retaliação, mas sim coerência: “Nosso objetivo não é retaliar, e sim chamara atenção porque essas ações são contraproducentes”.
Haddad ressaltou que os planos de contingência de auxílio a setores não irão impactar a metafiscal de 2026. “Não prevemos revisão de meta fiscal para 2026, vamos entregar o melhor resultadofiscal do Brasil dos últimos 12 anos. Vamos perseguir as metas de emprego, renda, crescimento atéo final do mandato”, afirmou.
Por fim, hoje, os Ministérios da Fazenda e do do Planejamento devem apresentar o segundo Relatóriode Avaliação de Receitas e Despesas Primárias de 2025. O governo nãoinformou que horas divulgará as informações. Este era para ser o terceiro relatório do ano, mascom o atraso na aprovação do Orçamento e sanção da peça apenas em abril, a primeirapublicação só ocorreu em maio.
No setor corporativo, a Sabesp informou que seu Conselho de Administração aprovou arealização da 35 emissão de debêntures simples, em série única, no valor total de R$ 1bilhão. A oferta será destinada exclusivamente a investidores profissionais. O processo deestruturação da oferta e distribuição das debêntures será conduzido por instituiçãofinanceira integrante do sistema de distribuição de valores mobiliários. A Emissão é realizadano âmbito do “Programa Eco Invest Brasil”, que visa a promoção de investimentos em projetos quepromovam a transição para uma economia sustentável
A Embraer registrou uma carteira de pedidos de US$29,7 bilhões no segundo trimestre de 2025 (2T25)o maior nível já registrado pela empresa e um aumento de 40% na comparação com o mesmo períodode 2024. A fabricante entregou um total de 61 aeronaves no período, considerando todas as suasunidades de negócios. O resultado representa um aumento de 30% em relação ao 2T24, quando foramentregues 47 aviões, e mais que o dobro do número registrado no 1T25, com 30 aeronaves.
A Copel informa o desempenho da companhia no mercado de energia no segundo trimestre de 2025. Oconsumo de energia elétrica no mercado fio da Copel Distribuição caiu 0,7% em comparação com omesmo período do ano passado, principalmente, devido ao clima mais ameno observado nesse ano, quereduziu a demanda nos segmentos residencial e comercial. Por outro lado, o segmento industrial teveum desempenho melhor, ajudando a compensar parte dessa redução e mostrando a força e resiliênciada economia na área atendida pela Copel.
O consumo consolidado de energia elétrica, cativo e livre, incluindo a receita não faturada (3.330GWh) do Grupo Energisa cresceu 7,0% em relação ao mesmo mês do ano anterior, impactado,principalmente, pelas classes residencial e a industrial. Já o crescimento do consumo,desconsiderando a receita não-faturada, apresentou evolução de 1,6% e totalizou 3.355 GWh. Amaioria dos dias com temperaturas acima média, sobretudo no Mato Grosso e Rondônia contribuiu, bemcomo bom desempenho das indústrias de alimentos, minerais e óleo &gás, impulsionadas por novascargas, ampliações e aumento da produção.
O primeiro semestre de 2025 no Porto de Santos foi marcado pela manutenção do recorde demovimentação de contêineres. O aumento em relação a 2024 é de 7,8% com a passagem de 2,8milhões de TEU (twenty foot equivalent unit, medida padrão internacional), contra 2,6 milhões naprimeira metade de 2024.
O Ministério Público do Trabalho (MPT) obteve liminar na Justiça do Trabalho de Marau contra aBRF S.A., que obriga a empresa a adequar as condições de trabalho relacionadas à movimentaçãomanual de cargas em Marau (RS). A decisão do juiz Bruno Luis Bressiani Martins estabelece prazospara o cumprimento das obrigações, sob pena de multa.
A Genial prevê que a Suzano reporte um lucro contábil de R$ 4,8 bilhões no segundo trimestre de2025, queda de 23,8% em relação ao 1T25 e reversão de prejuízo contábil na comparação anual,influenciado pela redução do efeito positivo da variação cambial sobre a dívida em dólares(USD) e outros dispositivos de hedge, diante da desaceleração da taxa de câmbio USD/BRL EoP.Apesar da compressão sequencial, vale mencionar que os efeitos financeiros são não-caixa.Portanto, a redução de lucro sequencial não deve causar impressão negativa aos investidores,avalia a Genial.
O Itaú BBA divulgou um relatório com as perspectivas para o setor de vestuário, que se mostroupositivamente resiliente durante a primeira metade de 2025. Segundo o banco de investimentos, acombinação de um clima favorável (tanto para receita, quanto para margem bruta) e competiçãocross- border (com varejistas internacionais) mais suave abriu espaço para revisões de lucro aolongo do primeiro semestre, razão pela qual as estimativas de lucro para 2026 da Lojas Renner foramelevadas para 10,8 vezes o preço em relação ao lucro (P/L), C&A para 8,9 vezes e Guararapes para7,9 vezes, ajustado pela subvenção de ICMS e créditos fiscais.
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