Quais processos e polêmicas pesam contra Pablo Marçal

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Crédito: Divulgação ACSP

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O empresário e influenciador Pablo Marçal (PRTB), candidato à Prefeitura de São Paulo, está envolvido em uma série de polêmicas, investigações e ações judiciais.

Elas giram em torno de tentativa de homicídio por uma expedição na Serra da Mantiqueira (SP); descumprimento de decisão judicial; furto qualificado sob acusação de participação em quadrilha de golpes financeiros; morte de prestador de serviço; e supostos crimes eleitorais.

INQUÉRITO POR TENTATIVA DE HOMICÍDIO

Marçal é investigado pela Polícia Civil por tentativa de homicídio por ter colocado a vida de seus seguidores em perigo em uma expedição por uma área montanhosa em São Paulo, a 2.420 metros acima do mar.

O Ministério Público afirma que, como parte de seu programa de coaching motivacional, ele liderou um grupo de pessoas inexperientes em montanhismo no Pico dos Marins, na serra da Mantiqueira, ignorando regras de segurança e advertências de guias especializados, que alertaram não haver condições climáticas para subir a montanha.

Depois de enfrentarem chuvas e ventos fortes, sob risco de morte por hipotermia, elas tiveram que ser resgatadas pelo Corpo de Bombeiros. Do grupo original, 32 pessoas foram salvas pelos bombeiros, e 28 conseguiram desistir da empreitada a tempo.

A pedido da Promotoria, a Justiça paulista proibiu Marçal de realizar qualquer atividade externa na natureza sem prévia e expressa autorização da Polícia Militar, prefeitura e Defesa Civil da localidade.

“O contexto dos autos denota que Pablo Marçal bem sabia que não era ‘temporada de montanha’ e época apropriada para a escalada, tanto que desprezou a contraindicação dos guias e promoveu a subida mesmo assim, vangloriando-se de dizer ao bando que os daria ‘o pior ano da vida’, talvez, pela morte dos integrantes que se avizinhava”, escreveu o Ministério Público paulista ao requerer a cautelar.

Em julho, o inquérito foi prorrogado por mais 90 dias para aprofundamento das investigações.

“Eu não promovi isso, eu subi por último”, afirmou Marçal em junho. “Pedi ajuda dos bombeiros porque eu perdi a comunicação com o grupo que estava abaixo. Tomei essa decisão para ninguém correr perigo. Não teve um resgate. A gente desceu com os pés [com] que a gente subiu [acompanhados dos bombeiros].”

POSSÍVEL DESCUMPRIMENTO DE MEDIDA JUDICIAL

A Polícia Civil e o Ministério Público investigam se Marçal descumpriu a medida judicial que o proibiu de realizar atividades na natureza. Em uma manifestação anexada ao processo, a promotora de Justiça Renata Galhardo escreveu que chegou ao conhecimento da Promotoria que o empresário teria promovido um reality show denominado “La Casa Digital”, citando reportagem do portal Migalhas na qual um ex-participante afirmou ter enfrentado desrespeito e maus tratos, tendo sido submetido a “treinamentos físicos intensos”.

A defesa de Marçal argumentou que ele atuou exclusivamente como apresentador do reality e que não participou de atividades externas.

A delegacia de Itu (SP) também abriu um inquérito para investigar o influenciador neste caso.

CONDENAÇÃO POR FURTO QUALIFICADO

O empresário foi condenado a 4 anos e 5 meses de reclusão em 2010 pela Justiça Federal por furto qualificado, sob acusação de participação, quando tinha 18 anos, em uma quadrilha especializada em golpes digitais.

Segundo entendimento da Justiça, Marçal cuidava da manutenção dos equipamentos de informática do grupo criminoso, além de captar listas de e-mail para a quadrilha. O motivo da infração teria sido o “ganho fácil de dinheiro”.

Os condenados apresentaram recursos e, quando o caso transitou em julgado, em 2018, já havia prescrito. Por isso, a sentença nunca foi aplicada.

Marçal costuma usar a prescrição para desqualificar o caso e diz que só consertava computadores para o grupo.

MORTE DE PRESTADOR DE SERVIÇOS

Em 5 de junho, um prestador de serviços de uma das empresas ligadas a Marçal, Bruno da Silva Teixeira, 26, morreu durante uma corrida de rua realizada em Alphaville, em Barueri (SP).

Bruno corria com um grupo de funcionários da XGrow, empresa criada pelo influenciador, quando teve um mal súbito e caiu. Sofreu uma parada cardíaca e foi levado de carro até o hospital, onde os médicos tentaram reanimá-lo, mas foi declarado morto.

A corrida, segundo familiares, foi organizada por funcionários de Marçal.

Proibido de voltar ao Pico dos Marins desde o episódio do resgate, o influenciador tinha mudado o foco dos desafios e havia passado a estimular funcionários e seguidores a romper seus limites em corridas de longas distâncias.

INVESTIGAÇÃO DE CRIMES ELEITORAIS

Em julho do ano passado, Marçal foi alvo de uma operação da Polícia Federal sob suspeita de falsidade ideológica, lavagem de dinheiro e apropriação indébita nas eleições de 2022.

Marçal foi pré-candidato à Presidência da República pelo Pros, mas teve seu nome barrado pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral) em meio a disputas pelo comando do partido. Após a decisão, ele se lançou a deputado federal, mas também teve o registro indeferido.

Segundo as apurações feitas pela PF, Marçal e um sócio dele fizeram doações à campanha do influenciador à Presidência e à Câmara, e parte desses valores foram remetidos às próprias empresas das quais são sócios.

Em nota encaminhada por sua assessoria à época, a defesa de Marçal afirmou que “nenhum ilícito foi praticado e nenhum centavo de dinheiro público foi utilizado nas campanhas eleitorais”, que tiveram despesas pagas com recursos próprios ou de doações.

“O cerne da investigação gira sobre o fato de Pablo ter sido o maior doador de sua campanha e ter locado veículos e aeronaves de empresas da qual faz parte do quadro societário, movimento esse que não infringe qualquer norma legal, uma vez que foram utilizados os instrumentos jurídicos aceitáveis pela Justiça Eleitoral.”

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