Quem é Pablo Marçal, candidato a prefeito de São Paulo

Uma image de notas de 20 reais
As vantagens do atual ocupante do Edifício Matarazzo são maiores entre os evangélicos, os homens e aquelas pessoas com menor renda
Crédito: Divulgação ACSP

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Empresário, influenciador e autodenominado ex-coach, Pablo Marçal (PRTB) é um dos candidatos à Prefeitura de São Paulo em 2024.

Com mais de 12 milhões de seguidores no Instagram, Marçal é um dos líderes no segmento de infoprodutos, ou seja, produtos vendidos no formato digital, com alguma informação ou conhecimento específico.

Marçal tornou-se conhecido por seus cursos e mentorias, com pitadas de autoajuda e messianismo, que vão de R$ 20 mil a R$ 250 mil, segundo o próprio. O empresário já afirmou que tem mais de 1,5 milhão de alunos.

O influenciador costuma falar sobre si mesmo nos moldes da jornada do herói: filho de mãe faxineira e pai funcionário público, foi trabalhador de call center até que começou a empreender e se envolver com eventos, criando seu próprio negócio digital e enriquecendo. À Justiça Eleitoral declarou patrimônio de mais de R$ 193 milhões.

No início do ano, antes de anunciar a pré-candidatura, o empresário virou motivo de chacota na internet com a viralização de cortes de suas palestras –como um em que ensina a dar um soco em um tubarão.

Ele já falou sobre sua estratégia: usar a polêmica para chegar ao máximo de pessoas, para depois modelar o discurso e tentar fidelizar o novo público.

O influenciador aplicou a tática de negócios em sua pré-campanha. O empresário tem apostado nos cortes, vídeos curtos que prendem a atenção e que rapidamente viralizam nas redes, nos quais ele geralmente aparece com alguma fala controversa ou inusitada.

Para isso, Marçal se vale de um exército de seguidores que produzem os cortes para ele. O empresário estimula competições e premia com valores em dinheiro os criadores dos vídeos com maior engajamento.

A estrutura, herdada do seu império digital, já entrou na mira dos adversários pela Prefeitura de São Paulo, que afirmam que a prática implica abuso de poder econômico.

Marçal tentou concorrer à Presidência pelo Pros em 2022, mas foi impedido pela Justiça Eleitoral em meio a uma disputa pelo comando do partido. Ele então foi candidato a deputado federal, mas teve o registro cassado por decisão judicial, que anulou os atos de comissão provisória da legenda.

Na primeira metade do ano, o influenciador se filiou ao PRTB. A sigla anunciou a pré-candidatura do empresário em maio, chacoalhando a disputa com um bom desempenho no Datafolha -ao fim daquele mês, Marçal marcou entre 9% e 7% em cenários testados pelo instituto.

Na última pesquisa, de agosto, ele aparece empatado com 14%, junto ao apresentador José Luiz Datena (PSDB), e atrás do prefeito Ricardo Nunes (MDB), com 23%, e do deputado Guilherme Boulos (PSOL), com 22%.

A chegada do empresário à corrida eleitoral, ameaçando conquistar os votos da direita e atrapalhar Nunes, obrigou o prefeito a mudar a estratégia da pré-campanha e ceder a vice ao indicado do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), o ex-comandante da Rota Ricardo Mello Araújo (PL).

O objetivo do prefeito foi amarrar o voto da direita, mas há dúvidas se a estratégia será suficiente para barrar o crescimento de Marçal no segmento. O último Datafolha, do início de agosto, mostrou que o influenciador conta com 29% das intenções de voto entre os que escolheram Bolsonaro em 2022, ante 22% no levantamento anterior, de julho.

Apesar do apoio do ex-presidente a Nunes, políticos e influenciadores do campo têm reverberado falas de Marçal. O empresário já flertou com deputados bolsonaristas pouco entusiasmados com Nunes -que, ainda que venha endurecendo o discurso para se alinhar mais ao ex-presidente, não tem identificação natural com as pautas do grupo.

O influenciador, porém, enfrentará algumas dificuldades na campanha. Ele confirmou sua pré-candidatura em meio a um racha no PRTB –uma ala do partido tenta destituir na Justiça o presidente Leonardo Avalanche, o que poderia anular decisões recentes, como a própria indicação de Marçal como candidato.

A Folha também revelou áudio em que Avalanche diz a um correligionário que mantém vínculos com integrantes da facção criminosa PCC.

Além disso, o empresário não conseguiu o apoio de outros partidos, o que o coloca atrás dos principais adversários em termos de tempo de propaganda na televisão e do fundo eleitoral. Marçal costuma minimizar este problema mencionando seu amplo alcance digital e afirmando que “ninguém anda com uma TV na mão”.

Para ampliar o engajamento nas redes, o influenciador segue apostando nos ataques contra os adversários e na disseminação de factoides para pautar o debate público.

Uma das táticas para capturar a atenção é a manutenção constante do suspense, envolvendo uma informação reservada que só ele tem e que pode trazer à tona ou não.

Marçal nasceu em Goiânia, tem 37 anos e é casado com Ana Carolina Marçal, com quem tem quatro filhos.

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