Retrofit do 1º arranha-céu da América Latina prevê residencial com restaurantes e mirante no Rio

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Crédito: Bruno Peres/Agência Brasil

RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – O histórico edifício A Noite, considerado o primeiro arranha-céu da América Latina, vai virar um residencial com 447 apartamentos no centro do Rio de Janeiro, segundo a incorporadora paulista Azo Inc, antes chamada de QOPP.

A empresa de Campinas (SP), que decidiu comprar o prédio em negociação com a Prefeitura do Rio no ano passado, afirma que o início das obras está previsto para novembro. A duração dos trabalhos é estimada em 30 meses -até meados de 2027.

O retrofit do A Noite também prevê a instalação de um mirante com vista para a baía de Guanabara, além de três restaurantes -dois no térreo e um próximo ao topo do prédio de 102 metros de altura.

A obra é uma das apostas da gestão do prefeito Eduardo Paes (PSD), que concorre à reeleição, para reanimar o centro do Rio. O prédio A Noite passou a última década fechado.

A Prefeitura do Rio havia comprado o edifício da União em março do ano passado, já com a ideia de revendê-lo. O negócio com a Azo Inc foi anunciado na sequência, em julho de 2023.

Inaugurado em 1929, ficou conhecido como A Noite por ter abrigado o jornal carioca de mesmo nome. O arranha-céu também foi palco dos anos de ouro do rádio brasileiro ao sediar a Rádio Nacional.

O prédio ainda recebeu servidores de diferentes órgãos públicos, mas passou a conviver com esvaziamento com o passar dos anos.

A Folha entrou no local em maio do ano passado e encontrou poucos profissionais se revezando na manutenção do imóvel, que acumulava espaços vazios, escuros e com muita poeira.

“Hoje ele está apagado, como se fosse um peso morto na paisagem urbana. Vamos trazê-lo de volta à vida”, afirma José de Albuquerque, CEO da Azo Inc.

De acordo com o executivo, a empresa apostará na construção de estúdios com área privativa de 33 a 45 metros quadrados. Casais e pessoas que buscam morar sozinhas estariam no público-alvo do projeto.

“Como os apartamentos vão ser estúdios, então provavelmente não serão grandes famílias que irão para lá. Os apartamentos, por exemplo, não têm vaga. Têm vaga de bicicleta, mas não de carro”, diz Albuquerque.

A empresa não divulgou o valor total do investimento, nem antecipa os preços dos apartamentos. “O tamanho das unidades permite que o valor final seja acessível”, afirma o CEO.

O mirante a ser instalado no alto do prédio será aberto ao público mediante cadastro dos interessados e pagamento de taxa de reserva. Seria algo já similar ao praticado em outras atrações do tipo.

“Em qualquer mirante das grandes capitais do mundo, você precisa fazer um cadastro, uma reserva prévia. É isso que a gente vai fazer. O sistema a ser usado vai depender da época, do que for mais moderno. Hoje em dia seria um aplicativo em que você faz a reserva e paga uma taxa para ter acesso ao mirante”, diz o executivo.

Segundo Albuquerque, o projeto também deve contar com uma espécie de réplica do antigo auditório da Rádio Nacional, que ficava no prédio.

Pelo local passaram artistas como Emilinha Borba, Dalva de Oliveira, Luiz Gonzaga e Cauby Peixoto. Fãs costumavam aguardar os ídolos na porta do edifício.

“É um projeto importantíssimo. A gente acredita na linha de retrofit, acha que é um mercado a ser explorado e quer estar dentro. Hoje o centro do Rio proporciona isso”, declara o CEO da Azo Inc.

O nome oficial do A Noite é Joseph Gire, arquiteto francês que assina a obra original. Gire ainda foi responsável por outros projetos icônicos da paisagem carioca, como os hotéis Copacabana Palace e Glória.

O A Noite fica de frente para a praça Mauá. Do alto da construção, além da baía de Guanabara, também é possível observar empreendimentos como a ponte Rio-Niterói e o Museu do Amanhã.

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