SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Yahya Sinwar foi anunciado como o novo chefe político do Hamas nesta terça-feira (6), uma semana após o assassinato de Ismail Haniyeh, então líder da facção, no Teerã, a capital do Irã.
Líder sênior do Hamas e um dos fundadores da ala militar da facção terrorista, Sinwar, 61, chegou a ser preso por Israel em 1989 e condenado a várias penas de prisão perpétua por seu envolvimento em ataques terroristas. Anos depois, em 2011, ele foi libertado como parte de uma troca de prisioneiros.
Depois de solto, Sinwar assumiu papel de liderança no grupo terrorista. Em 2017, ele foi eleito líder do Hamas na Faixa de Gaza, substituindo Haniyeh. É conhecido por sua postura rígida e rejeição a compromissos com Israel.
Em dezembro de 2022, ele disse em um comício em Gaza que o grupo palestino Hamas lançaria uma “inundação de combatentes e foguetes” contra Israel.
“Chegaremos até vocês, se Deus quiser, em uma inundação estrondosa. Chegaremos até vocês com foguetes intermináveis, chegaremos até vocês em uma inundação ilimitada de soldados, chegaremos até vocês com milhões de nosso povo, como a maré que se repete”, disse no discurso.
Menos de um ano depois, Israel foi surpreendido pelo mega-ataque de 7 de outubro de 2023, quando terroristas do Hamas romperam barreiras, assassinaram cerca de 1.200 pessoas e fizeram mais de 150 reféns.
Autoridades dos Estados Unidos acreditam que Sinwar também está ditando as regras para o Hamas nas negociações sobre um acordo de cessar-fogo e a libertação de reféns na guerra em curso em Gaza.
Israel, porém, quer vê-lo morto. Após o ataque de outubro, líderes israelenses descreveram o oficial mais graduado do grupo no território palestino como um “morto ambulante”.
Tel Aviv chegou a dizer que o assassinato de Sinwar, tido como o arquiteto dos atentados contra Israel, era o grande objetivo do contra-ataque do país na Faixa de Gaza.
Sinwar começou sua carreira como um carrasco, que punia e matava pessoas acusadas de colaborar com Israel, antes de ascender a um cargo de liderança após sua libertação da prisão, em 2011, e retorno a Gaza.
Integrantes do Hamas insistem que ele não tem a palavra final em todas as decisões do grupo. Mas, ainda que ele tecnicamente não tenha tido autoridade máxima sobre a facção, seu papel de liderança em Gaza e sua personalidade enérgica deram a ele reputação entre os integrantes da facção.
“Sinwar não é um líder comum. É alguém poderoso, um arquiteto dos acontecimentos”, diz Salah al-Din al-Awawdeh, membro do Hamas e analista político que se tornou amigo de Sinwar na época em que ambos estavam presos, em Israel, durante os anos 1990 e 2000.
Nascido no campo de refugiados de Khan Yunis, o novo chefe do Hamas deu poucas declarações desde o início da guerra. Embora fosse nominalmente subordinado a Haniyeh, Sinwar tinha sido central na decisão do grupo terrorista de se manter firme na exigência de um cessar-fogo permanente, dizem oficiais dos EUA e de Israel.
Esperar a aprovação de Sinwar retardou muitas vezes as negociações. Os ataques israelenses destruíram grande parte da infraestrutura de comunicação de Gaza, e em algumas ocasiões foi necessário um dia inteiro para enviar uma mensagem a Sinwar e outro para receber uma resposta.
Durante seu tempo em cativeiro, Sinwar aprendeu hebraico e desenvolveu uma compreensão da cultura e da sociedade israelenses, dizem ex-colegas de cela e agentes israelenses que o vigiaram na prisão.
Ele agora parece estar usando esse conhecimento para semear divisões na sociedade israelense e aumentar a pressão sobre o primeiro-ministro Binyamin Netanyahu.