Setor empresarial entrega para Lula propostas para serem incorporadas ao G20

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BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – Empresários do grupo chamado B20 entregaram para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), nesta quarta-feira (28), um conjunto de propostas e sugestões para serem incorporadas nas discussões do G20 –fórum atualmente presidido pelo Brasil.

A lista entregue para Lula contém 24 recomendações, em áreas como finanças e infraestrutura, transição energética e clima, sistemas alimentares sustentáveis e agricultura, comércio e investimento, e mulheres e inclusão. Segundo representantes do grupo do setor privado, as propostas foram bem recebidas por Lula e sua equipe.

Nesta quarta, empresários também assinaram um manifesto pedindo união para enfrentar as mudanças climáticas. A declaração, que tem a assinatura de mais de 50 lideranças das maiores companhias do país, afirma o Brasil precisa acelerar e aprofundar a construção de diretrizes e metas de um plano nacional de descarbonização para ser levado à COP30 (Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas), que será realizada em Belém, em 2025.

“Hoje nosso objetivo foi entregar as recomendações que esses grupos [temáticos] consensuaram. As propostas foram muito bem recebidas. Existia, desde o início, esse nosso objetivo de que o B20 estivesse bem alinhado aos trabalhos do G20, então os objetivos de combate à fome e à pobreza, agenda de transição energética, estavam no coração dos trabalhos do B20”, afirma Constanza Negri, sherpa (principal negociadora) do B20 Brasil.

Ela acrescenta que o grupo se preocupou em reduzir o número de recomendações, de forma a apresentar um foco maior em alguns temas.

“Agora fica o nosso foco de implementar parte dessas recomendações. São recomendações que, na verdade, já eram conhecidas, algumas, porque vinham sendo trabalhadas por diferentes grupos do G20. Então, acho que o trabalho ainda não terminou. As recomendações foram bem recebidas”, afirma.

O B20 é um grupo que reúne mais de 1.200 representantes empresariais do setor privado, de 39 países e de 20 setores econômicos.

O fórum empresarial que dialoga com o G20 é liderado por Dan Ioschpe e conta com a participação de empresários como Ricardo Mussa (Raízen), Francisco Gomes Neto (Embraer), Gilberto Tomazoni (JBS), Paula Bellizia (AWS), Luciana Ribeiro (eB Capital), Walter Schalka (Suzano), Fernando de Rizzo (Tupy) e Claudia Sender.

Sob a presidência brasileira, foram elaboradas 24 recomendações ao longo dos últimos meses por forças-tarefas temáticas e pelo conselho de ação do B20 Brasil.

Algumas das prioridades do B20 foram apresentadas aos ministros de Finanças do G20, em julho, no Rio de Janeiro. Segundo Negri, um eixo levado pelo grupo de engajamento dos empresários foi o da mobilização de capital privado para alavancar financiamento público na área de transição verde.

Para destravar investimentos em prol do financiamento climático, o B20 propõe que, a cada US$ 1 investido pelo setor público, US$ 5 dólares sejam aplicados pelo setor privado.

Na ocasião, o grupo também defendeu a necessidade de facilitar o processo regulatório para incentivar a execução de projetos de infraestrutura no âmbito da transição verde e apresentou ainda um terceiro eixo ligado à agenda de inclusão financeira.

No documento consolidado, entre as medidas prioritárias da área de transição energética, o B20 defende elaborar políticas, regulações e incentivos para triplicar a capacidade energética renovável até 2030, expandir a infraestrutura das redes e acelerar a eletrificação.

Fala também em estabelecer mecanismos e iniciativas para explorar o potencial sustentável e a prontidão de bioenergia e biocombustíveis para descarbonização, além de expandir outras soluções de transição para uma economia sustentável de baixo carbono, como captura, uso e armazenamento de carbono, hidrogênio limpo e energia nuclear.

No setor de comércio e investimentos, o grupo defende a revisão de políticas comerciais restritivas unilaterais dos países do G20 nos últimos três anos.

Sugere também promover metodologias aceitas internacionalmente para cálculo e prestação de contas sobre a pegada de carbono de produtos. Essa tem sido uma discussão central, por exemplo, na introdução do mecanismo de ajuste de carbono na fronteira (CBAM, na sigla em inglês) pela União Europeia.

Tal instrumento aplica um preço ao carbono emitido na produção de bens importados pelo bloco europeu, mas há divergências entre a forma de mensurar essas emissões e de como precificá-las. O Brasil, por exemplo, defende uma medição da cadeia produtiva de forma mais ampla, enquanto os europeus, um foco localizado e mais restrito.

As recomendações do B20 também abordam questões ligadas a sistemas alimentares sustentáveis e agricultura; a mulheres, diversidade e inclusão; a emprego e educação; a transformação digital; e a integridade e conformidade.

O Brasil preside desde novembro do ano passado o G20, fórum que reúne as maiores economias do globo. Foram realizadas reuniões técnicas e ministeriais neste ano, em diversas capitais brasileiras.

O último evento será a cúpula de chefes de Estado, em novembro, no Rio de Janeiro.