Simone Camargo, diretora da Midea: "Já somos o 3º player no Brasil. E aumentaremos nossa participação"

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Simone Camargo: "Monitoramento constante do cenário macroeconômico permite ajustar estratégias e mitigar riscos"
(Divulgação/Midea Carrier)
  • "Como maior fabricante de eletrodomésticos do mundo, temos tecnologia e portfólio para competir em praticamente todos os segmentos de mercado"
  • "Tirando a China, o Brasil é o maior país com comercialização de produtos da marca. A Midea reconhece o potencial estratégico do país"
Por Vitor Nuzzi

[AGÊNCIA DC NEWS]. A chinesa Midea chegou ao Brasil em 2007. Quatro anos depois, firmou joint venture com a estadunidense Carrier, para atuar, além daqui, nos mercados argentino e chileno de eletrodomésticos. E vem crescendo sua participação no país, com fatias que variam de 20% a 44%, conforme o segmento. No final do ano passado, a empresa inaugurou sua terceira fábrica local, desta vez em Pouso Alegre, no sul de Minas Gerais, com investimento de cerca de R$ 600 milhões. A capacidade é de 1,3 milhão de produtos/ano, sendo 700 mil refrigeradores e 600 mil lavadoras. As outras unidades estão em Manaus (AM), com capacidade de 2 milhões de unidades (ar-condicionado e micro-ondas), e em Canoas (RS), dedicada a climatizadores comerciais. Tem ainda três centros de distribuição, 11 lojas e aproximadamente 2,9 mil funcionários. Pretende crescer 30% em três anos, segundo entrevista de 2023 do CEO da Midea Carrier, Felipe Costa – a empresa não confirma o número.

“Temos certeza de que aumentaremos a participação [no mercado brasileiro] com a nova produção local”, disse a diretora de Marketing da Midea Carrier, Simone Camargo, em entrevista à DC NEWS. “A Midea já é a terceira empresa de linha branca do mercado brasileiro, e com a inauguração da nova fábrica em Pouso Alegre queremos fortalecer ainda mais nossa posição.”

Mundialmente, o grupo Midea teve receita de 373,7 bilhões de yuans em 2023 (aproximadamente US$ 51,4 bilhões, pelo câmbio atual), com lucro líquido de 33,7 bilhões (US$ 4,6 bilhões). Até o terceiro trimestre de 2024, a receita somou 320,3 bilhões (US$ 44,1 bilhões). No Brasil, o faturamento cresceu 50% em 2024, de R$ 4 bilhões para R$ 6 bilhões, com destaque para ar-condicionado (participação de 20% na área residencial e 33% na comercial) e linha branca (33%, com expectativa de superar 50% em três anos).

Escolhas do Editor

AGÊNCIA DC NEWS – Em dezembro, a Midea Carrier inaugurou sua terceira fábrica no Brasil, voltada à produção de linha branca. Como será a disputa de mercado com algumas gigantes do setor?
Simone Camargo – A Midea já é a terceira empresa de linha branca do mercado brasileiro, e com a inauguração da fábrica em Pouso Alegre queremos fortalecer ainda mais nossa posição, oferecendo produtos inovadores e eficientes que, combinados com um design pensado para o dia a dia do consumidor, nos consolidam como uma das principais marcas de eletrodomésticos do Brasil.

AGÊNCIA DC NEWS – Quais são os planos da empresa no mercado brasileiro?
Simone Camargo – A Midea é a maior fabricante de eletrodomésticos do mundo, portanto temos tecnologia e portfólio para competir em praticamente todos os segmentos de mercado. Como exemplo disso, anunciamos em março a expansão da nossa atuação no segmento de eletroportáteis. Aumentamos a nossa atuação de oito categorias para, agora em 2025, chegar em 13 categorias de eletroportáteis, contemplando produtos de tratamento de ar, cozinha e limpeza da casa. Este movimento reflete a nossa vontade de estar cada vez mais presente nos lares brasileiros, desenvolvendo e investindo em soluções que estejam alinhadas às principais necessidades dos nossos clientes locais.

AGÊNCIA DC NEWS – E os próximos passos?
Simone Camargo – A Midea Carrier faz investimentos contínuos no segmento de ar-condicionado, trazendo automação, Inteligência Artificial e eficiência energética para o produto. Assim como na planta de Manaus, onde foram feitos investimentos de dezenas de milhões de reais em 2024 e planejamos repetir a cifra para este ano.

AGÊNCIA DC NEWS – A empresa pretende investir nos segmentos de fogões e componentes para ar-condicionado?
Simone Camargo – Além das categorias de refrigeradores e lavadoras, onde já estamos presentes com a fábrica de Pouso Alegre, a categoria de fogões é de grande volume e necessita de produção nacional para ser competitivo. A Midea está estudando qual a melhor estratégia para a marca neste segmento.

AGÊNCIA DC NEWS – E em relação aos componentes…
Simone Camargo – Quanto a questão de componentes, a Midea tem uma divisão bastante grande na China e fornece para muitos fabricantes. E estamos continuamente avaliando a viabilidade de investimentos locais.

AGÊNCIA DC NEWS – Qual a expectativa da empresa ao patrocinar a Conmebol Sul-Americana e a Copa Libertadores feminina? A empresa já tem o know-how da parceria com o Manchester. O investimento em esporte já é uma marca da empresa?
Simone Camargo – Por meio do esporte, temos a oportunidade de nos conectarmos de uma forma única com o público. Então, incorporamos esta prática ao nosso DNA. A parceria com o Manchester City nos trouxe mais proximidade com os nossos consumidores e queremos replicar isso na América do Sul, fortalecendo a conexão com a nossa marca por meio de um esporte que é tão presente na cultura sul-americana.

AGÊNCIA DC NEWS – Em 2011, a Midea fez a joint venture com a Carrier. Acaba de abrir sua terceira fábrica no país. Tirando a China, qual a importância estratégica do mercado brasileiro para a companhia?
Simone Camargo – Tirando a China, o Brasil hoje é o maior país com comercialização de produtos da marca. A Midea reconhece o potencial estratégico de um país que une dimensão continental, diversidade climática e uma demanda crescente por soluções tecnológicas no dia a dia. A abertura de fábricas locais reflete o nosso desejo de atender às necessidades do consumidor brasileiro, garantindo uma maior customização de produtos, facilidade de uso, alta qualidade e preços mais competitivos. E nos últimos anos duplicamos o investimento na marca Midea, dando sustentabilidade para o crescimento da marca.

AGÊNCIA DC NEWS – Percentualmente, o Brasil representa quanto da receita global?
Simone Camargo – Não costumamos abrir essa informação, mas a operação brasileira da empresa é a segunda maior do mundo fora da China, atrás apenas dos Estados Unidos em faturamento.

AGÊNCIA DC NEWS – A sra. acredita que a marca já está consolidada em relação a outras que estão há mais tempo no Brasil?
Simone Camargo – Somos reconhecidos por qualidade e inovação, mesmo competindo com marcas mais tradicionais. Hoje, a Midea é o terceiro maior player de eletrodomésticos no mercado brasileiro. Somos líderes em vendas no segmento de ar-condicionado no Brasil, com aproximadamente 20% de participação de mercado na divisão residencial e com fatia acima de 33% na divisão comercial durante o ano de 2024. Em eletrodomésticos, a Midea destaca-se em frigobar, com 44% de share; lavadoras e lava e seca front load com 20%; freezer horizontal, com 23%; refrigerador TMF (duas portas), com 10%. E temos certeza que aumentaremos esta participação com a nova produção local.

AGÊNCIA DC NEWS – A instabilidade econômica (e às vezes política) do Brasil não assusta? Alguma mudança à vista nos planos de investimentos para o país?
Simone Camargo – Como qualquer economia emergente, o país passa por ciclos e variações políticas que podem, sim, afetar o ambiente de negócios. Mas a nossa visão a longo prazo e monitoramento constante do cenário macroeconômico permitem ajustar estratégias e mitigar riscos.

AGÊNCIA DC NEWS – O faturamento da companhia passou de R$ 4 bilhões (2023) para R$ 6 bilhões (2024). O que explica esse resultado, e qual a expectativa para este ano?
Simone Camargo – Os resultados refletem a nossa estratégia de crescimento no Brasil, com expansão das linhas de produtos, investimentos em fábricas com grande capacidade, bem como pesquisa e desenvolvimento no Brasil integrada com nossa matriz na China. Neste cenário, a experiência do consumidor é fundamental para que avancemos. [A empresa não divulgou sua expectativa para 2025.]

AGÊNCIA DC NEWS – Em 2024, o grupo fez um IPO que superou as expectativas em Hong Kong. Existe a possibilidade de isso acontecer também no Brasil?
Simone Camargo – A Midea Carrier ABC responde apenas pelos movimentos da empresa na Argentina, Brasil e Chile. Não comentamos sobre ações da empresa fora desses territórios. [No Brasil, a empresa é representada pela Midea Carrier, joint venture entre a Midea (51%) e a Carrier (49%).]

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