SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Em seu primeiro pronunciamento desde a recuperação dos corpos de seis reféns em um túnel na Faixa de Gaza, o primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, pediu perdão aos cidadãos do país e às famílias dos mortos.
“Eu disse às famílias, e repito nesta noite -peço desculpas por não termos conseguido trazê-los de volta com vida”, disse ele em uma entrevista coletiva nesta segunda-feira (2), de acordo com relato do jornal local The Times of Israel. “Chegamos perto, mas não conseguimos.”
Bibi, como o premiê é conhecido, reiterou, porém, suas ameaças ao Hamas. Nas ruas, muitos israelenses protestam para que ele aceite um acordo de cessar-fogo com a facção para que os reféns que ainda restam em Gaza sejam libertados.
O líder defende, porém, que as tropas não devem deixar a faixa até que o grupo terrorista tenha sido completamente aniquilado, algo que para muitos é impossível na prática.
“Israel não permitirá que esse massacre simplesmente passe em branco”, prosseguiu. “O Hamas pagará um preço muito alto por isso.”
O primeiro-ministro acrescentou que os reféns cujos corpos foram recuperados no domingo (1º) foram assassinados. “Eles os balearam na cabeça.”
A recusa do primeiro-ministro de negociar uma trégua fez o Hamas aumentar o tom de suas advertências. O porta-voz das Brigadas Al-Qassam, braço armado do Hamas, Abu Ubaida disse que o grupo emitiu novas instruções como seus membros devem lidar com os reféns caso soldados israelenses se aproximem dos locais de detenção.
O premiê também voltou a defender a permanência das tropas de Israel no chamado corredor Filadélfia. A zona-tampão na fronteira sul da Faixa de Gaza é um dos principais temas de discordância nas negociações por uma trégua mediadas pelos Estados Unidos em conjunto com o Egito e o Qatar.
Tel Aviv afirma que a área, capturada por suas tropas em maio, está cheia de túneis que são usados para abastecer os terroristas com armamentos e outras mercadorias contrabandeadas.
Mas tanto o Egito, que faz divisa com o território, quanto o Hamas argumentam que a saída das forças israelenses de lá é um pré-requisito para qualquer acordo -Cairo, por acreditar que a ocupação da área representaria uma ameaça à sua segurança nacional; a facção, por exigir uma retirada completa dos soldados do Estado judeu de Gaza.
Netanyahu afirmou que a pressão internacional pelo cessar-fogo deveria estar concentrada no Hamas, não em Israel. A declaração era uma resposta ao presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, que, questionado mais cedo se o israelense estava fazendo o suficiente para garantir a libertação de reféns, respondeu simplesmente que “não”, sem entrar em detalhes.
“Agora, depois disso, pedem que demonstremos seriedade? Que façamos concessões? O que isso significaria para o Hamas? Que devem matar mais reféns”, declarou o premiê. “O Hamas é que precisa fazer concessões.”