Tarcísio estreia na campanha de Nunes e exalta parceria na tentativa de estancar Marçal

Uma image de notas de 20 reais
Do total de candidaturas registradas nas capitais, apenas 40 serão lideradas por mulheres, o que equivale a 20,8% dos candidatos às prefeituras
Crédito: Alejandro Zambrana/Secom/TSE

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) estreou na campanha do prefeito Ricardo Nunes (MDB) em uma visita ao Mercado Central, onde comeram sanduíche de mortadela juntos na tarde desta terça-feira (27).

“Meu papel vai ser mostrar o quanto a cooperação do governo do estado com a prefeitura está produzindo frutos. É muito legal esse alinhamento”, disse Tarcísio, mencionando projetos em conjunto, inclusive no centro. “Não vai haver revitalização do centro se não houver parceria da prefeitura e do governo”, completou.

Depois do crescimento de Pablo Marçal (PRTB) nas pesquisas na última semana, o que representa um risco para Nunes, Tarcísio tem reforçado os gestos ao prefeito. Em visita ao interior na semana passada, chegou a criticar o autodenominado ex-coach e tem atuado nos bastidores para estancar o boom do empresário no eleitorado de direita.

Na quarta-feira (28), os dois devem estar juntos novamente para visitar obras do metrô e de contenção de enchentes no Capão Redondo (zona sul). Essa agenda estava prevista originalmente para segunda-feira (26), mas foi reagendada. Para compensar, o governador sugeriu, então, acompanhar o prefeito em sua ida ao Mercado, para já marcar de vez sua entrada na campanha.

Tarcísio tem sido o principal cabo eleitoral de Nunes e o responsável por trazer o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) para a campanha. Nos últimos dias, como mostrou a Folha de S.Paulo, o governador foi peça-chave na virada de comportamento da família Bolsonaro, que, após elogios a Marçal e críticas ao prefeito, passou a centrar fogo contra o empresário nas redes.

Auxiliares de Nunes e de Tarcísio, no entanto, rechaçam a hipótese de que o governador tenha embarcado publicamente na campanha como uma resposta a Marçal e apontam que o governador esteve envolvido desde o início, inclusive tentando alinhar sua agenda com a do emedebista e acompanhando a estratégia de comunicação.

Quem convive com o governador diz que ele tem buscado alertar membros da direita, inclusive a família Bolsonaro, sobre o risco que Marçal representa -alguém que, para Tarcísio, se utiliza de um discurso fácil antissistema e de um esquema de distribuição de cortes de vídeo que antes estava voltado para sua carreira empresarial e agora é adotado na campanha política.

A pessoas do seu entorno Tarcísio fez a avaliação de que é o correto apoiar Nunes, ainda que sua reeleição seja incerta neste momento. A leitura desse grupo é a de que tanto Marçal quanto Guilherme Boulos (PSOL) representariam um mal para a cidade e prejudicariam as entregas conjuntas entre prefeitura e estado. Além disso, para a eleição de 2026, seria ruim ter um opositor no comando da capital.

Segundo esses aliados, o governador afirma que a direita está mal orientada e deslumbrada com Marçal, que na verdade não seria um bom representante desse campo e tampouco tem propostas concretas para São Paulo. Tarcísio lembra ainda que, instado a escolher entre Bolsonaro e Lula (PT), Marçal se classificou como “governalista”.

Nos bastidores, o governador afirmou não considerar censura o bloqueio de redes de Marçal, já que a mensagem do autodenominado ex-coach não foi impedida de circular -houve apenas a proibição do meio ilegal que ele utilizava, o de pagar apoiadores para disseminar seus cortes.

Ao lado do governador, Nunes fez críticas direcionadas a Marçal, afirmando que ele vende ilusão, e a Boulos, dizendo que o candidato do PSOL é contra concessões e ligado à invasão. O prefeito disse ainda ter a intenção de comparecer ao debate da Gazeta, no domingo (1º), desde que as regras permitam que seja um espaço de propostas e não de ataques.