Taxas operam em queda refletindo expectativas futuras positivas

Uma image de notas de 20 reais

Crédito: Bruno Peres/Agência Brasil

São Paulo, 28 de janeiro de 2025 -As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DIs) operam em queda, na contramãodos Treasuries (Títulos do Tesouro norte-americano) que sobem nesta terça-feira.

O consultor econômico da plataforma Remessa Online, André Galhardo, entende que o comportamento domercado está parecido com o de ontem, mas ressaltou os dados de arrecadação da Receita Federal,que saíram há pouco.

“O resultado primário de dezembro, deve ser consideravelmente importante – e isso pode trazeralgum alívio ao longo do dia, engatando em mais um dia de valorização da moeda brasileira emrelação ao dólar – já que a gente tem a garantia praticamente do cumprimento do arcabouçofiscal em 2024, e esse resultado positivo também deve associado à questão da pesquisa deaprovação da presidência. Isso pode dar ímpeto para o governo anunciar mais medidas decontenção de despesas para o começo de 2025, porque dessa forma o governo diminuiria o ruídodentro do mercado financeiro e poderia dar um pouco de tranquilidade para governar no último anoantes da eleição”, explica.

Para ele, a arrecadação surpreendente e acima das medianas garante o cumprimento do do arcabouçofiscal em 2024.

“A gente falou desde o começo do ano que o arcabouço fiscal era inegociável – o governo sabe quenão poderia não cumprir o arcabouço fiscal – então isso estava dentro do nosso radar. De um modogeral foi bem recebido pelo mercado, que tem empurrado para baixo”, diz

“Algumas moedas de mercados de desenvolvimento estão avançando sobre o dólar agora e essecomportamento dessa taxa de câmbio abre caminho também. Talvez exija um esforço menor do BancoCentral lá na frente, depois a reunião de março. Então a gente tem um aumento de 1% amanhã, temoutro aumento de março…Se o Banco Central não fizer isso, vai gerar um desconforto gigantesco.”

Como uma parte da explicação do Banco Central para o aumento de juros veio também da taxa decâmbio, já que o aumento do dólar representa riscos inflacionários. E como o Real tem se saídomelhor do que o esperado – dado o comportamento do Trump, a conjuntura econômica internacional -talvez exista uma exigência de uma política monetária um pouco menos conservadora do queimaginado no mês de dezembro: o recorde de intervenções do Banco Central num único mês, aqueleprocesso agudo de desvalorização do real…Então, esse comportamento mais amigável do câmbiotambém talvez exija uma taxa de juros ligeiramente menor do que o mercado projetava um mês antes”,explica.

A arrecadação total das Receitas Federais atingiu, em dezembro de 2024, o valor de R$ 261,27bilhões, registrando acréscimo real (IPCA) de 7,78% em relação a dezembro de 2023. Os dadosforam divulgados hoje pela Receita Federal. No acumulado de 2024, a arrecadação alcançou o valorde R$ 2,653 trilhões, representando um acréscimo pelo IPCA de 9,62%.

Quanto às Receitas Administradas pela RFB, o valor arrecadado, em dezembro de 2024, foi de R$254.05 bilhões, representando um acréscimo real (IPCA) de 12,84%, enquanto no período acumuladode janeiro a dezembro de 2024, a arrecadação alcançou R$ 2,524 trilhões, registrando acréscimoreal (IPCA) de 9,69%.

A Ativa Research lembrou que ontem o Boletim Focus trouxe “um verdadeiro pesadelo para oseconomistas, apresentando uma forte piora nas expectativas de inflação, elevação na projeçãoda taxa de juros e revisão para baixo no crescimento do PIB.”

Para o IPCA, houve um avanço nas estimativas para todos os anos analisados, com exceção de 2027.”Destaca-se, em particular, o expressivo aumento das projeções para 2025, que passaram de 5,08%para 5,50%.”

Segundo Étore Sanchez, conomista-chefe da Ativa, esse movimento foi impulsionado pelo resultadoelevado do IPCA-15 de janeiro e pela composição qualitativa desfavorável dos dados, especialmentedevido ao desempenho do segmento de serviços. “Isso reforça a tendência de deterioração nadinâmica inflacionária. Ressalte-se que o processo de piora nas expectativas é contínuo, comesta sendo a 15 semana consecutiva de deterioração para o ano.”

Para 2026, as estimativas de inflação subiram de 4,10% para 4,22%, enquanto as projeções para2028 aumentaram de 3,58% para 3,73%. “Esse movimento, que ocorre em um horizonte além do alcanceimediato da política monetária, reflete uma deterioração fiscal e uma crise de confiança nopaís.”

Nos jornais de hoje, algumas reportagens abordam a defasagem nos preços dos combustíveis daPetrobras, cujo eventual ajuste poderia pressionar ainda mais a inflação.

“Embora nos últimos anos tenhamos alertado sobre o financiamento do Estado por meio do impostoinflacionário, avaliamos que os fatores que hoje impulsionam a elevação das expectativas deinflação são, em sua maioria, choques temporários. O maior exemplo é o aumento nos preços dealimentos in natura, que devem avançar no primeiro trimestre, mas tendem a se normalizar com arecomposição da oferta ao longo do ano.

Além disso, não apostamos que a Petrobras fará ajustes significativos nos preços doscombustíveis, como ocorreu no governo Dilma.

“Nossa principal preocupação é a crise de confiança, que alimenta a deterioração dasexpectativas de inflação, tornando-se uma profecia autorrealizável. Em outras palavras, osagentes econômicos pioram suas expectativas sobre a inflação futura, e os formadores de preçosantecipam esse cenário, elevando a inflação corrente.”

Por volta das 15h20 (horário de Brasília), o DI para janeiro de 2026 tinha taxa de 15,130 de15,135% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2027 projetava taxa de 15,270%, de 15,335%, o DIpara janeiro de 2028 ia a 15,130%, de 15,175%, e o DI para janeiro de 2029 com taxa de 15,030% de15,050% na mesma comparação. O dólar opera em queda, cotado a R$ 5,8632 para venda.

Camila Brunelli / Safras News

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