São Paulo, 3 de fevereiro de 2025 – As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros(DIs) operam em queda, seguindo os (títulos do Tesouro norte-americano). Ambos os mercados reagemàs incertezas quanto ao tarifaço de Trump, mas as taxas domésticas caem porque a expectativa deatividade econômica arrefecida gera menor pressão inflacionária.
Segundo o consultor econômico da plataforma Remessa Online, André Galhardo, as taxas DI de longoprazo sinalizam que o mercado interpreta que esse ritmo de atividade menor [que está por vir]represente menos riscos à inflação doméstica”
“A gente pode fazer algumas interpretações: na minha opinião, a mais óbvia é que esse aumentoda disputa comercial dos Estados Unidos com o resto do mundo mundo é contracionista para para aseconomias em desenvolvimento.”
Para ele, já há sinais contundentes de que a economia brasileira perdeu parte do ritmo noencerramento de 2024 “e os dados do PMI Industrial divulgados nessa manhã mostram também houve umaaceleração de dezembro para janeiro – ainda que bem comportado ali perto da linha neutra de 50pontos”.
“Se a economia brasileira já mostra sinais de desaceleração e a Selic mais alta promoverá aindamais perda de ritmo, e se essas tensões comerciais significam menor ritmo de crescimento para todomundo – inclusive para o Brasil – os riscos inflacionários adiante são ligeiramente menores poraqui. Ainda tem bastante volatilidade, porque o mercado tem medo de que sinais mais contundentes dedesaceleração, demovam esse caráter mais contracionista da política monetária – que, porexemplo, o Copom interrompa o aumento de juros já na reunião de março, depois de de elevar seuliquidez para 14,25%.”
Já os rendimentos dos títulos americanos caem porque subiram rapidamente nas primeiras horas dopregão, mas no Brasil, as taxas de longo prazo “E tem algum ajuste. Em primeiro lugar, porque tátodo mundo tentando entender quais serão de fato os impactos que essas medidas promoverão nonível de atividade econômica, tanto dos Estados Unidos como do Canadá.”
O economista contou que em relatório divulgado durante o final de semana, alguns agentes do mercadofinanceiro do Canadá prevêem uma queda do PIB de até 2% ao ano, caso as tarifas persistam aolongo de todo o ano de 2025. “Mas tem muita incerteza ainda o Trump costuma fazer isso e depois elecondiciona uma redução parcial das tarifas se o país que tá sendo “atacado” fizer algumaconcessao. Então, tem muita incerteza, por isso juros dos títulos norte-americanos estão tãovoláteis nesta manhã”, avalia.
A semana trará os principais dados sobre o mercado de trabalho no país, com a divulgação darelatório Jolts, da pesquisa da ADP, e o relatório de emprego (payroll). Na semama passada, apósconfirmar a manutenção dos juros nos EUA, o presidente do Federal Reserve (Fed, o banco centralamericano), Jerome Powell, afirmou que ainda é cedo para saber o que acontecerá com as tarifas,imigração, e política fiscal dos Estados Unidos sob a nova gestão do presidente Donald Trump.
Neste fim de semana Trump assinou ordens executivas que impõem tarifas sobre importações de 25%do México e Canadá, além dos 10% na China, com vigência a partir de 4 de fevereiro. México eCanadá ameaçaram prontamente uma retaliação. O EUA condicionou a remoção das tarifas àmelhoria das situações relacionadas à imigração e ao fentanil, mas não estabeleceu metasespecíficas.
A Ajax informou ainda que lá fora, o temor de impacto negativo na economia mundial derruba ospreços das ações. Dólar se fortalece e commodities recuam, menos petróleo que avança com osinvestidores preocupados com a oferta. Juros dos Treasury bonds sobem especialmente na parte maiscurta por conta do potencial impacto nos preços. Por aqui, ambiente externo desfavorável deveimpactar negativamente os preços dos ativos domésticos.
Mais cedo, o pesquisa Focus elevou de 5,50% para 5,51% a previsão para a inflação medida peloIndice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 2025 no Brasil. A meta para a inflação noperíodo é de 3,00%.A previsão de inflação nos preços administrados que são controlados porcontrato ou pelo poder público aumentou de 4,83% para 4,85%, enquanto a projeção para ainflação medida pelo Indice Geral de Preços Mercado (IGP-M) subiu de 5,00% para 5,03%.
A pesquisa Focus manteve em 15,00% a previsão para a taxa básica de juros (Selic) ao final de2025. Atualmente, ela está em 13,25%, o que significa que o mercado espera um incremento de 1,75ponto porcentual (pp) até o final do ano. Para 2026, a estimativa para a taxa Selic manteve-se em12,50%. Há quatro semanas, a estimativa para a Selic ao fim de 2026 estava em 12,00%.
A projeção para a taxa de câmbio em 2025 ficou estável em R$ 6,00 por dólar, enquanto aestimativa para 2026 manteve-se em R$ 6,00 por dólar. Quatro semanas atrás, a previsão para 2025era igual, mas a estimativa para 2026 era menor, de R$ 5,90.
Por volta das 13h05 (horário de Brasília), o DI para janeiro de 2026 tinha taxa de 14,900 de14,940% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2027 projetava taxa de 14,850%, de 15,035, o DIpara janeiro de 2028 ia a 14,610%, de 14,850%, e o DI para janeiro de 2029 com taxa de 14,530% de14,775 na mesma comparação. O dólar opera em queda, cotado a R$ 5,8354 para venda.
Por volta das 10h30 (horário de Brasília), o DI para janeiro de 2026 tinha taxa de 14,915 de14,940% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2027 projetava taxa de 14,970%, de 15,035, o DIpara janeiro de 2028 ia a 14,735%, de 14,850%, e o DI para janeiro de 2029 com taxa de 14,670% de14,775 na mesma comparação. O dólar opera em alta, cotado a R$ 5,8354 para venda.
Camila Brunelli / Safras News
Copyright 2024 – Grupo CMA