Tensões comerciais voltam a dominar perspectivas da semana

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São Paulo, 23 de maio de 2025 – Após uma trégua frágil, a tensão volta a escalar entreEstados Unidos e Europa, e os mercados se preparam para uma semana de elevada volatilidade. Aameaça do presidente norte-americano Donald Trump de impor tarifas de 50% sobre produtos europeus apartir de 1º de junho reacendeu os receios de uma guerra comercial transatlântica, ofuscandoquaisquer expectativas de estabilidade após o recente alívio nas tarifas sobre a China.

Segundo estimativas preliminares, se as tarifas forem integralmente implementadas, o impactosobre o crescimento europeu pode ser severo: uma redução de até 0,6 ponto percentual no ProdutoInterno Bruto (PIB) da zona do euro, empurrando a economia para a beira da recessão. Nos EUA, omovimento também pode aprofundar pressões estagflacionárias, ao elevar preços sem contrapartidaem crescimento.

A semana, que se anunciava tranquila, termina com um alerta: as apostas protecionistas voltaramà mesa, e o mercado precisa se reposicionar. As empresas dos setores de tecnologia e farmacêuticoaparecem no centro das críticas da Casa Branca, elevando a cautela entre investidores.

Nos Estados Unidos, os índices de confiança do consumidor são esperados com algumarecuperação, reflexo do acordo provisório com a China que reduziu tarifas de 145% para 30%. Noentanto, os ganhos recentes nos mercados acionários podem ser rapidamente anulados pela retóricaagressiva de Trump nas redes sociais, que voltou a semear dúvidas sobre o futuro dos acordoscomerciais. A reação aos dados, portanto, tende a ser contida.

Na Europa, os destaques econômicos se concentram na divulgação da confiança do consumidor nazona do euro em maio, além de uma bateria de dados na Alemanha: taxa de desemprego e vendas novarejo de abril, além da prévia da inflação de maio. A depender dos números, a narrativarecessiva pode se fortalecer.

Do lado europeu, uma proposta revisada de resposta às tarifas estadunidenses ainda está sendodiscutida em Bruxelas. Um pacote de retaliação de 95 bilhões de euros está na mesa, emboradiplomatas não descartem uma nova tentativa de acordo de última hora – repetindo o padrão jáobservado nas negociações com a China.

Na Ásia, o foco estará na decisão de política monetária do Banco da Coreia, em um contextode desaceleração global, e na divulgação dos dados de inflação de Tóquio. Além disso, osmercados acompanham atentamente os lucros industriais da China, buscando sinais da resiliência dasegunda maior economia do mundo frente ao novo cenário de incertezas.

A próxima semana promete ser decisiva: se não houver sinal de distensão nas relaçõescomerciais entre EUA e UE, os investidores devem adotar uma postura ainda mais defensiva, comimpacto direto sobre bolsas, moedas e commodities. O risco agora está no radar e não há garantiasde que o mercado escapará ileso.

Larissa Bernardes- larissa.bernardes@cma.com.br (Safras news)

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