A Track&Field (TFCO4), marca de roupas fitness, teve recomendação de compra de ações pelo BTG Pactual após os bons resultados que vem apresentando ao mercado desde o ano passado. Ao final de 2023, anunciou receita líquida de R$ 683,7 milhões. No primeiro trimestre deste ano, divulgou faturamento de R$ 162 milhões, 14,4% a mais que o mesmo período no ano passado. No segundo trimestre também aumentou o faturamento, chegando aos R$ R$ 192 milhões, valor 23,3% maior que o mesmo período de 2023.
O mercado fitness brasileiro é um bom negócio. Segundo relatório divulgado em dezembro do ano passado pelo Itaú, o ano de 2023 foi o de maior consumo atrelado ao universo fitness, o que ajuda a explicar o desempenho da Track&Field. No período, houve uma alta de 35% no valor transacionado com academias (seja diretamente ou por plataformas de assinatura), moda esportiva e suplementação em comparação
com 2022. Os dados contemplam as compras realizadas via cartões de crédito e Pix entre janeiro e novembro, na comparação com o mesmo período de 2022. No total de transações, a alta foi de 32% e o
ticket médio foi de R$ 146,97.
PREÇO ALVO – E a Track&Field, que está no mercado há 35 anos, com 359 lojas espalhadas por 159 cidades brasileiras, em 25 estados, mostra que está surfando nesta onda. Com a ação valendo R$ 12,36 (cotação do dia de hoje, 20 de agosto), o preço alvo recomendado pelo BTG é de R$ 16, ou seja, 24,4% a mais. A maior alta da TFCO4 nos últimos 12 meses foi de R$ 14,8. O IPO foi em outubro de 2020. Segundo o relatório do BTG, a visão positiva do banco perante a ação é baseada em quatro pilares.
O primeiro é o modelo de negócios de alta margem, alto ROIC – o quanto uma empresa ganha com o dinheiro que ela usou para crescer – e os ativos leves (em pouca quantidade); o segundo é o forte alinhamento com franqueados e proximidade com a cadeia de suprimentos; em terceiro a presença nacional, com um formato de loja que garante flexibilidade; e, por último, um ecossistema de vendas sociais com os eventos esportivos anuais da sua marca TFSports (divisão de eventos e propaganda, com calendário mensal de corridas promovidas pela marca em várias regiões do Brasil).
Além disso, a recomendação de compra também acontece devido aos bons resultados da empresa, que vão além dos bons números da receita líquida da companhia. O EBITDA da companhia cresceu 16%, mesmo tendo margens pressionadas devido a expansão da TFSports. O lucro bruto foi de R$ 107 milhões, alta de 20%.
A TFSports é a plataforma que promove e integra todo o ecossistema de eventos e experiências de bem-estar da Track&Field. São mais de 2 mil eventos realizados ao ano em todo o país, com 520 mil usuários, 5 mil treinadores e 45 modalidades diferentes. Faturou R$ 36 milhões, o que representa 5,7% da receita de R$ 683 milhões. O relatório do BTG ainda apontou que os números do segundo trimestre da companhia (como um todo) são bons, embora os resultados estejam um pouco abaixo do esperado das margens operacionais. “A baixa liquidez das ações continua a prejudicar as ações da Track&Field, em meio à maior aversão ao risco do mercado”, disse o BTG.
ESTRATÉGIA – Para o especialista em varejo Eduardo Tomiya, CEO da TM20 Branding, a estratégia da empresa de assumir o nicho de esporte e saudabilidade no Brasil tem sido muito bem sucedida. “Nesse nicho, o trunfo da marca é a qualidade dos produtos”, afirmou. A Track&Field acelerou o pace e abriu a primeira loja em Portugal em abril deste ano, na cidade de Cascais, internacionalizando o business. A marca pretende seguir expandindo no Brasil, com uma média de 30 a 40 lojas novas este ano. Outra investida da marca do ano passado foi um espaço com café e mini mercado focados na saudabilidade, oferecendo cardápio e curadoria de produtos ligados à vida saudável. A loja fica na capital paulista, no bairro Vila Nova Conceição.