Trump corta US$ 400 milhões em verba da Universidade Columbia

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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou nesta sexta-feira (7) o cancelamento de US$ 400 milhões, cerca de R$ 2,3 bilhões, em verbas para a Universidade Columbia, de Nova York, por suposta omissão da faculdade frente a antissemitismo em protestos estudantis contra a guerra na Faixa de Gaza e o apoio de Washington a Israel.

As verbas representam cerca de 10% do valor repassado à instituição pelo governo federal e dizem respeito principalmente a contratos de prestação de serviço e financiamento a pesquisa. Em nota conjunta, os departamentos da Educação, Justiça e Saúde disseram que o corte é apenas o começo e acusaram Columbia de “omissão frente a perseguição persistente contra estudantes judeus”.

O comunicado não dá exemplos desses casos de perseguição, mas a secretária da Educação de Trump, Linda McMahon, disse que “desde 7 de outubro [de 2023, data do ataque terrorista contra Israel realizado pelo grupo terrorista Hamas], estudantes judeus enfrentam violência, intimidação e perseguição antissemita de maneira implacável em seus campi —e são ignorados por aqueles que deveriam protegê-los”.

A Universidade Columbia ganhou manchetes no mundo todo em 2024 quando se tornou um dos principais palcos de manifestações estudantis contra a guerra na Faixa de Gaza, a destruição e mortes causadas por Israel contra a população palestina na região e o apoio dos EUA ao aliado no Oriente Médio.

Estudantes de Columbia chegaram a montar barracas no campus para protestar contra a guerra e foram seguidos por alunos de outras instituições dos Estados Unidos e de países como Austrália, França, Reino Unido e Canadá.

A administração da universidade nova-iorquina autorizou a polícia a entrar no campus para desmontar os acampamentos e reprimir os protestos, uma decisão que encontrou eco na forma como a instituição lidou com protestos contra a Guerra do Vietnã nos anos 1960.

“Todas as universidades precisam obedecer leis anti-discriminação se quiserem receber verbas federais”, prosseguiu McMahon. “Columbia vem abandonando sua obrigação para com estudantes judeus há tempo demais em seu campus. Hoje, demonstramos para esta universidade e outras que não toleraremos mais sua chocante omissão.”

Embora o comunicado do governo Trump não entre em detalhes, membros do Partido Republicano frequentemente representaram os protestos estudantis em Columbia e outras universidades como manifestações que defendiam o extermínio de judeus, em parte pelo seu uso da frase “do rio ao mar, a Palestina será livre”.

A palavra de ordem, que faz referência ao território entre o rio Jordão e o mar Mediterrâneo, é interpretada por apoiadores de Israel como defendendo a remoção de israelenses da região. Manifestantes pró-Palestina, entretanto, negam essa significação e afirmam que a frase é um pedido de liberdade —destacando que muitos dos estudantes que protestaram contra a guerra são judeus.

Além disso, esses manifestantes denunciam a aparente intenção de republicanos e do governo Trump de, ao classificar todo protesto contra Israel como antissemita, buscar restringir qualquer crítica a Tel Aviv e cercear a liberdade de expressão em universidades.

O corte de verbas anunciado nesta sexta é, até aqui, a medida mais drástica tomada pelo novo governo Trump contra uma instituição de ensino superior, e tem o objetivo declarado de pressionar Columbia e outras universidades a agirem contra estudantes que participam desses protestos.

Columbia disse em nota na sexta que está “analisando o anúncio do governo federal e promete trabalhar com as autoridades para reverter a decisão”. “Levamos nossas obrigações legais a sério e entendemos a seriedade desta decisão. Columbia está comprometida com o combate ao antissemitismo e com garantir a segurança dos nossos estudantes, trabalhadores e corpo docente”, prosseguiu a nota.

Nas últimas semanas, Columbia expulsou três estudantes envolvidos em ações como essa: dois por supostamente interferir em uma aula chamada “História de Israel Moderno”, dada no campus por um ex-soldado das Forças Armadas israelenses, e um terceiro por participar da invasão de um prédio em abril de 2024.

A pressão do governo Trump também veio na forma de ameaças contra os estudantes estrangeiros que estudam em universidades americanas. O secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, disse na quinta (6) que “aqueles que apoiam organizações terroristas conhecidas, como o Hamas, ameaçar nossa segurança nacional. Os EUA têm tolerância zero para visitantes estrangeiros que apoiam terroristas, e quem quebra a lei, incluindo estudantes internacionais, pode perder o visto e sofrer deportação”.

Mais tarde, a imprensa americana relatou que o Departamento de Estado estuda utilizar inteligência artificial para analisar postagens de estudantes e determinar quais delas são “pró-Hamas” para, assim, deportar alunos estrangeiros.

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