Trump corta US$ 400 milhões em verba da Universidade Columbia

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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou nesta sexta-feira (7) o cancelamento de US$ 400 milhões, cerca de R$ 2,3 bilhões, em verbas para a Universidade Columbia, de Nova York, por suposta omissão da instituição frente ao antissemitismo em protestos estudantis contra a guerra na Faixa de Gaza e o apoio de Washington a Israel.

As verbas representam 8% do valor de US$ 5 bilhões que deve ser repassado à instituição pelo governo federal nos próximos anos e dizem respeito principalmente a contratos de prestação de serviço e financiamento a pesquisa.

Em 2024, Columbia teve receita de US$ 6,6 bilhões, a maior parte arrecadada com mensalidades e cobranças médicas de seus hospitais universitários. Já os gastos foram de US$ 6,3 bilhões —além disso, a instituição possui US$ 14,8 bilhões no seu fundo mantenedor, entre bens e valores investidos.

Em nota conjunta, os departamentos de Educação, Justiça e Saúde disseram nesta sexta que o corte é apenas o começo e acusaram Columbia de “omissão frente a perseguição persistente contra estudantes judeus”.

O comunicado não dá exemplos desses casos de perseguição, mas a secretária de Educação de Trump, Linda McMahon, disse que “desde 7 de outubro [de 2023, data do ataque terrorista contra Israel realizado pelo grupo terrorista Hamas], estudantes judeus enfrentam violência, intimidação e perseguição antissemita de maneira implacável em seus campi —e são ignorados por aqueles que deveriam protegê-los”.

A Universidade Columbia ganhou manchetes no mundo todo em 2024 quando se tornou um dos principais palcos de manifestações estudantis contra a guerra na Faixa de Gaza, a destruição e mortes causadas por Israel contra a população palestina na região e o apoio dos EUA ao aliado histórico no Oriente Médio.

Estudantes de Columbia chegaram a montar barracas no campus para protestar contra a guerra e foram seguidos por alunos de outras instituições americanas e de países como Austrália, França, Reino Unido, Canadá e Brasil.

A administração da universidade nova-iorquina autorizou a polícia a entrar no campus para desmontar os acampamentos e reprimir os protestos, uma decisão que encontrou eco na forma como a instituição lidou com protestos contra a Guerra do Vietnã nos anos 1960.

“Todas as universidades precisam obedecer leis antidiscriminação se quiserem receber verbas federais”, prosseguiu McMahon. “Columbia vem abandonando sua obrigação com estudantes judeus há tempo demais em seu campus. Hoje, demonstramos para esta universidade e outras que não toleraremos mais sua chocante omissão.”

Embora o comunicado do governo Trump não entre em detalhes, membros do Partido Republicano frequentemente representaram os protestos estudantis em Columbia e outras universidades como manifestações que defendiam o extermínio de judeus, em parte pelo seu uso da frase “do rio ao mar, a Palestina será livre”.

A palavra de ordem, que faz referência ao território entre o rio Jordão e o mar Mediterrâneo, é interpretada por apoiadores de Israel como defendendo a remoção de israelenses da região. Manifestantes pró-Palestina, entretanto, negam essa significação e afirmam que a frase é um pedido de liberdade —destacando que muitos dos estudantes que protestaram contra a guerra são judeus.

Além disso, esses manifestantes denunciam a aparente intenção de republicanos e do governo Trump de, ao classificar todo protesto contra Israel de antissemita, buscar restringir qualquer crítica a Tel Aviv e cercear a liberdade de expressão em universidades.

O corte de verbas anunciado nesta sexta é, até aqui, a medida mais drástica tomada pelo novo governo Trump contra uma instituição de ensino superior e tem o objetivo declarado de pressionar Columbia e outras universidades a agirem contra estudantes que participam desses protestos.

Columbia disse em nota na sexta que está “analisando o anúncio do governo federal e promete trabalhar com as autoridades para reverter a decisão”. “Levamos nossas obrigações legais a sério e entendemos a seriedade desta decisão. Columbia está comprometida com o combate ao antissemitismo e com garantir a segurança dos nossos estudantes, trabalhadores e corpo docente”, prosseguiu a nota.

Nas últimas semanas, Columbia expulsou três estudantes envolvidos em ações como essa: dois por supostamente interferir em uma aula chamada “História de Israel Moderno”, dada no campus por um ex-soldado das Forças Armadas israelenses, e um terceiro por participar da invasão de um prédio em abril de 2024.

A pressão do governo Trump também veio na forma de ameaças contra os estudantes estrangeiros que estudam em universidades americanas. “Aqueles que apoiam organizações terroristas conhecidas, como o Hamas, ameaçam nossa segurança nacional”, disse o secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio. “Os EUA têm tolerância zero para visitantes estrangeiros que apoiam terroristas, e quem quebra a lei, incluindo estudantes internacionais, pode perder o visto e sofrer deportação.”

Mais tarde, a imprensa americana relatou que o Departamento de Estado estuda utilizar inteligência artificial para analisar postagens de estudantes e determinar quais delas são “pró-Hamas” para, assim, deportar alunos estrangeiros.

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